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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. UIRAPURU DA MOOCA - CARNAVAL 2004
Enredo: Tietê, A Flor de Nossa Navegação

O Grêmio Recreativo
Autor: Eduardo Caetano

 

Pense em São Paulo há quatrocentos e cinqüenta anos atrás. Sim, isso mesmo: imagine a cidade logo depois de sua fundação, em 1554. Pouca coisa, não é? Apenas uma “casinha de torrão e palha” com “quatorze passos de comprimento e doze de largura” o colégio de Piratininga, fundado pelo padre jesuíta José de Anchieta, “para servir de escola, enfermaria, dormitório, refeitório, cozinha e despensa”.

O local era estratégico. No dorso da colina, onde fica hoje a região da Praça da Sé, protegia-se à oeste dos mistérios da floresta sombria e à leste contra ataques indígenas e de corsários, com as encostas da cordilheira marítima servindo de barricada. Dali, divisava-se o maior dos cursos d’água, o sinuoso Anhembi (Tietê), que corria de costas para o mar. Região farta, ali se pescava em abundância, tanto nas águas do Piratininga (mais tarde Tamanduatei), como no leito caudaloso do Tietê, e é deste rio que o Uirapuru da Mooca, contará e cantará este pequeno fato histórico da região metropolitana de São Paulo.

O Tietê é também um rio diferente. Nasce na serra do Mar, no município de Salesópolis, pertinho (22 km) das praias do Atlântico. No seu trajeto, vai recebendo afluentes e se torna volumoso.

Ao contrário de outros cursos d’água, ele se volta para o interior de São Paulo, num percurso de 1.150 km da nascente até chegar ao Rio Paraná

O avanço do café pelo oeste paulista traz riquezas para a então província de São Paulo e, em 1866, o seu presidente João Alfredo Correia de Oliveira defende a drenagem da várzea do Tietê, à medida que se aproxima da capital, vai recebendo grande carga de detritos domésticos e industriais e se torna um dos rios mais poluídos do mundo.

O Tietê é um quase desconhecido para os que convivem com ele. Mas um desconhecido muito especial: é quase uma negação. Ele nunca propôs uma navegação fácil aos aventureiros que nele se lançaram, sempre atormentou as cidades com inundações e impesteou suas várzeas com mosquitos e focos infecciosos. Com o tempo assumiu um prestígio às avessas: adquiriu um nível de poluição alarmante e sua imagem ficou vinculada a algo de ruim e destrutivo. Mas o perigo ronda a cidade: uma epidemia de febre amarela.

O clamor público pelo saneamento de São Paulo será impulsionador de inúmeras obras no Tietê.

Seu nível de poluição atinge o ponto máximo quando atravessa o município de São Paulo. No trecho da Região Metropolitana de São Paulo, o Tietê tem uma vazão média anual de água insuficiente para atender as necessidades de uma metrópole desse porte. Penetra no município da capital paulista, fazendo divisa com o município de Guarulhos, e sofre um profundo processo de retificação de seu curso, visando minimizar as enchentes na área urbana da capital. É nesse trecho que o Tietê mais sofre com a poluição urbana e industrial da região metropolitana de São Paulo.

À medida que se afasta para o interior, o processo poluidor diminui de intensidade e , quando recebe as águas de seu principal afluente, o Piracicaba, seu leito retorna à normalidade. Como um típico rio da industrializada região Sudeste do Brasil, o Tietê, assim como o Rio Grande, recebeu uma grande quantidade de barragens, visando ao aproveitamento hidrelétrico. O Parque Ecológico do Tietê foi criado em 1976, com a finalidade de preservar as várzeas do Rio Tietê e combater, juntamente com outras obras (barragens, retificação do rio, desassoreamento), as enchentes na Região Metropolitana da Grande São Paulo.

Como subproduto desta grande função e ciente da carência de áreas verdes destinadas ao lazer da comunidade, foram criados dois Centros de Lazer: Eng. Goulart e Ilha do Tamboré / Ilha do Bacuri, localizados respectivamente na Zona Leste e Oeste da Capital. Com uma área total de 14 milhões de metros quadrados, o Parque Ecológico do Tietê é administrado pelo DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica.

Além de suas funções prioritárias, o PET proporciona aos seus usuários uma série de atividades educacionais, recreativas, esportivas e de lazer, recebendo mensalmente cerca de 40 (quarenta) mil visitantes.

O Parque Ecológico do Tietê pode hoje ser considerado um grande laboratório de Educação e Cultura com vistas ao estudo do meio ambiente, configurando-se como catalisador de experiências viáveis e de possibilidades de melhoria da qualidade de vida da comunidade.

Tendo hoje grandes projetos de despoluição, voltados para uma saúde que no século passado o Rio Tietê se encontrava. Pois enquanto houver água corrente, sempre haverá a semente de um futuro de águas límpidas, cristalinas, revivendo a nossos descendentes a glória do passado.

 


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