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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. MOCIDADE ALEGRE - CARNAVAL 1996
Enredo: Uma História de Luxúria e Vaidade

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

A luxúria e a vaidade acompanham o homem desde o início da Humanidade. São duas características humanas que surgiram nas cavernas, com o homem primitivo. Naquele tempo, havia mais mulheres do que homens em cada tribo, porque os grupos eram pequenos e muitos homens morriam nas caças e na guerra.

Para garantir a procriação e a preservação de cada tribo, os homens podiam ter mais de uma mulher. Mas como é da índole humana querer ser melhor do que os outros, homens e mulheres começaram a cultivar os primeiros sentimentos de vaidade e luxúria.

Entre as várias esposas de um guerreiro, havia a disputa para ser a preferida. E as mulheres começaram a desenvolver técnicas de sedução. Ser a mais bonita, a mais sensual, a mais atraente. Nascia a vaidade.

Ao mesmo tempo, os caçadores mais fortes e inteligentes usavam seu prestígio para atrair as mulheres mais formosas e interessantes. Sempre de olho nas esposas dos outros. A luxúria, que é o apego ao desejo carnaval, começava a se espalhar entre a espécie humana.

Até no paraíso bíblico luxúria e vaidade têm papel fundamental. Deus criou Adão e Eva sem o pecado nem o desejo. Mas a semente da sedução atingiu Eva, que conquistou seu companheiro. Depois de terem descoberto o prazer, sentiram vergonha e se cobriram com folhas de árvores. Foi a primeira roupa. Nascia a moda, símbolo de vaidade.

O Antigo Testamento tem várias histórias de luxúria, mas nenhuma como a da cidades de Sodoma e Gomorra, onde as orgias aconteciam por toda a parte. Deus mandou então dois anjos destruírem as duas cidades. Suas ruínas passaram a servir como uma espécie de exemplo de como deve ser o inferno.

Nas civilizações antigas a luxúria e a vaidade rapidamente se espalharam. Os perfumes e cosméticos eram obrigatórios no Egito Antigo (4.000 anos atrás). Por causa do sol forte, os egípcios inventaram até o bronzeador.

Outro símbolo marcante da luxúria foi o grande Rei Salomão. Vaidoso, era o homem mais poderoso do seu tempo. Tinha o exército mais poderoso do mundo e era famoso por sua sabedoria. Foi um símbolo da luxúria, pois chegou a ter 400 mulheres em seu harém.

Muitos estudiosos atribuem à luxúria e à vaidade a queda do Império Romano. No início do século I (quase 2.000 anos atrás), Roma começou a ter dificuldades para pagar as importações de produtos de beleza e moda. Eram perfumes, cosméticos e tecidos vindos de toda a parte do mundo para manter a vaidade e os prazeres das romanas. Foi em Roma que foram criados o penteado permanente e o tingimento.

A Grécia e Roma, aliás, trataram da vaidade com grande sabedoria. O personagem que personifica a vaidade nasceu na cultura grega: Narciso. Era um jovem muito belo que um dia, ao abaixar-se para beber água, viu sua própria imagem na fonte. Apaixonou-se por si próprio de tal forma que não consegui desviar o olhar do reflexo de seu rosto na água. Ali, definhou até a morte. Por isto Narciso e o narcisismo são símbolos da vaidade.

Na mitologia greco-romana existe a deusa dos prazeres, que simboliza a luxúria. Era Vênus, muito bela e sedutora, que encarnava a sensualidade e o anseio pelos prazeres. Teve milhares de amantes e seu filho mais famoso foi Cupido.

Os cultos africanos também têm seus deuses vaidosos e luxurientos. Oxum, representada por uma linda mulher que está sempre admirando a própria beleza num espelho, vive cercada de admiradores. Oxossi, guerreiro destemido e aventureiro, senhor das matas e dos seres da floresta, conquista o coração de quantas mulheres quiser mas, como é vaidoso, só aceita que a iniciativa seja sua.

Nas nações islâmicas, os preceitos do Profeta Maomé separam vaidade de luxúria. De um lado as mulheres têm que cobrir o rosto com um véu (contra a vaidade), mas cada homem pode ter até quatro esposas (um incentivo à luxúria). Ainda é comum entre reis e sultões aqueles que possuem dezenas de mulheres e concubinas, no melhor estilo das 1001 noites.

Mais recentemente, as cortes francesas ficaram famosas por seus excessos em termos de vaidade e luxúria. Durante os tempos dos reis Luis XIV e XV, o palácio era na verdade um grande templo de orgias e prazer.

No contexto da vaidade e da luxúria nasceu o carnaval, festa que na Roma Antiga se caracterizava pelo relaxamento das regras de controle da sexualidade. Naqueles três dias, tudo era permitido. O carnaval é filho da luxúria e da vaidade e isto vale até os dias de hoje.

Ao longo do tempo, o homem foi criando símbolos para representar a vaidade. Entre os animais, elegeu o pavão, por sua beleza. O espelho passou a ser o objeto principal para o vaidoso, mas também as jóias, os perfumes e os produtos de beleza e maquiagem.

E se existem vários tipos de vaidade, como a da beleza, a da sabedoria, a do poder, existe uma muito especial, que é a vaidade de ser Mocidade Alegre. A Mocidade é uma escola vaidosa por excelência, que tem orgulho de sua tradição e até sua quadra tem um nome vaidoso, a Morada do Samba. Por isto, num desfile que exalte a vaidade, a nossa Mocidade não poderia ser esquecida.

Por fim, nos dias de hoje, luxúria e vaidade ganharam novos conceitos. Em tempos de culto ao corpo, ser vaidoso é cuidar não apenas da aparência, mas também da saúde. É preciso malhar para ter um corpo perfeito, é fundamental conhecer as últimas novidades em vitaminas, tônicos, tratamentos de rejuvenescimento e de beleza disponíveis nas academias de ginástica, nos produtos diet e nos tratamentos médicos.

A luxúria, por sua vez, está estampada em toda a parte. Pela televisão, invade as casas. O sexo é despejado na vida das pessoas pelo cinema, pelas revistas e pela publicidade. E apesar de toda a liberação, estamos na era da Aids. Todo cuidado é pouco. Por isto, a mensagem da Mocidade é a do sexo seguro.

 


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