Chegou o carnaval! Momo, grande imperador
da folia, abre as portas mais um vez para celebrar a mais autêntica
manifestação popular e cultural existente que é o desfile das Escolas de
Samba. Então ele convoca todos os seus súditos - nós sambistas para
presenciar e festejar, junto, o maior espetáculo da Terra. Em
retribuição, nós do Brinco da Marquesa, pisaremos forte na avenida
contemplando mais uma vitória de estarmos juntos e unidos nessa
confraternização cultural, relembrando o passado e os anos que, de tão
marcantes, nos enchem de saudade.
Entre 1930 e 1945 o Brasil esteve sob o
governo de Getúlio Vargas. Neste período, o país muda bastante e, embora
sob forte controle desse governo em exercer a censura sobre o cinema, o
teatro, a imprensa, a literatura e demais manifestações culturais,
pode-se notar claramente uma larga produção artística em quantidade e
qualidade nos diversos setores.
O rádio e o cinema eram a diversão de
todos. No rádio os programas de auditório, os musicais e depois as
novelas eram os preferidos. A música popular brasileira tomou grande
impulso através da popularização dos cantores pelo rádio.
Carmem Miranda e o Bando da Lua, Mário
Reis, Orlando Silva, Emilinha Borba, Francisco Alves, Vicente Celestino
e tantos outros, pelas rádios Mayrink Veiga e Nacional (RJ) e Record e
Tupi (SP), levaram suas vozes a todos os lares. Neles também chegaram as
notícias do Brasil e do mundo pela voz do Repórter Esso. A indústria
fonográfica crescia. Compositores como Ismael Silva, Ary Barroso, Noel
Rosa, Ataulfo Alves, passaram a ser reconhecidos. O samba descia os
morros e começava a ser valorizado. Os corsos, os ranchos e os primeiros
desfiles oficializados de escolas de samba marcavam a animação do
carnaval. Marchinhas carnavalescas, ainda hoje cantadas, foram compostas
para os bailes de então. Na música, ainda Villa Lobos era o compositor
Oficial do Regime.
O cinema celebrizava aqui os grandes mitos
de Hollywood, como Greta Garbo, Robert Taylor, Clark Gable, Marlene
Dietrich, entre outros. Incrementava-se a produção nacional de cinema
com as companhias Atlântica e Cinédia.
Durante o governo de Getúlio Vargas
criou-se o Instituto Nacional do Cinema (INC), destinado a promover o
cinema nacional, e promulgaram-se leis para protegê-lo, como a que
obrigava as salas de exibição a apresentar no mínimo um filme nacional
por ano.
O teatro de revista com suas vedetes
marcava-se como outra forma de diversão. E os cassinos, ou as grandes
festas promovidas pelo Estado Novo, acorria à elite milionária.
O futebol se popularizava, levando grande
torcida para os estádios, como o recém construído Pacaembu aqui em São
Paulo. Os migrantes começavam a chegar maciçamente em nossas cidade,
cujo o processo de urbanização se intensificava, assim como em outras
capitais. Viadutos, a verticalização das construções passavam a marcar a
paisagem urbana, produzia-se um arquitetura de nível internacional.
Um Brasil mais moderno, urbano e
industrializado, se anunciava.
Nós do Brinco da Marquesa ao relembrarmos
das décadas que foram realmente de ouro, estamos sim, prestando uma
homenagem a todos os brasileiro que, nos anos de 30 e 40, encheram e
enfeitaram densamente o país de cultura, mesmo sob censura, e com isso,
fizeram elevar ainda mais o orgulho de cada um de nós de fazermos parte
dessa nação.
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