Sem trocar os pés pelas mãos, a nossa
escola vem novamente fazer bonito no carnaval. E nesse compasso, passo a
passo na avenida vem mostrar que de pé em pé caminha a humanidade.
Desde os tempos mais remotos, quando o
homem transcendeu em sua cadeia evolutiva e passou a se locomover
efetivamente sobre um par de membros, ganhamos características que nos
difere dos outros seres. E o homem que vivia em cavernas, passou a ser
nômade buscando novos horizontes e indo além das fronteiras numa marcha
progressiva.
De lá pra cá fizemos nosso pé-de-meia e
hoje, para abrilhantarmos ainda mais esse espetáculo, mostraremos
através do ritmo criado pelo maravilhoso bailado dos nossos pés, o
pezinho (o motivo) desta homenagem.
O samba é o ritmo, e quem não gosta, ou é
ruim da cabeça ou doente dos pés. É como futebol, nasce nos pés dos
artistas, artistas da fita, da ginga, da malemolência, da criatividade
única e brasileira que, ao pé da letra, o mundo reconhece. Pelé, o rei
do futebol, que também tem pe no nome, foi pé-quente e trouxe,
juntamente com os nossos heróis, o título de campeão.
Para ressaltar a importância dos pés na
nossa vida, tentaremos imprimir a felicidade de uma criança nos seus
primeiros passos e essa mesma felicidade aos atletas de uma maratona,
condutores da chama olímpica. Mas isso não é tudo, pois os pés são os
alicerces sustentadores que descalços, estão em contato com a terra, a
nossa mãe; que nas pontas dos dedos tornam a bailarina num ser flutuante
que na falta de um, reduz o perneta a um excluído da sociedade.
Existem superstições em torno dos pés: o
pé-frio é indivíduo azarento, há quem diga, que pé-de-coelho é amuleto e
para espantar o azar, bom mesmo é pezinho de arruda atrás da orelha.
Na literatura infantil contada muitas
vezes no pé-da-cana pela vovó, não poderia faltar histórias de pé. Tem a
história de João e o Pé de Feijão, onde o menino pobre sobe na imensa
árvore e encontra a galinha dos ovos de ouro.
Em outro conto de fada, aparece a figura
de um príncipe procurando desesperadamente por todo o reino a moça cujo
o pé se encaixe perfeitamente no sapato encontrado por ele, ao pé da
escada do palácio na noite do grande baile, Era o sapato de Cinderela,
que saiu correndo da festa, logo que voltou a ser a gata borralheira.
No Brasil há crendices sobre um negrinho
perneta que cruza a floresta pulando num pé só, é o famoso Saci Pererê.
Foram criados vários tipos de pé: o
pé-de-valsa é aquele que não pára de dançar, o pé-de-boi é rapaz
trabalhador, o pé de moleque é doce disputado na hora do lanche pela
garotada. Pés-de-galinha são marcas da idade e ao pé do ouvido são
contadas fofocas ou sussurradas palavras de amor. Pé d'água é chuva
forte, problemas na cidade. Pé-de-pato no popular significa diabo, fazer
pé-de-alferes é cortejar. Enfim existem pés para todos os gostos e
pedicuros: pés grandes, pés juntos, pernetas, centopéias e até pés
sujos, esses que exalam um odor inconfundível, o chulé; tamanho e
formatos variados; do tipo lento ou apressado, finos ou esportivos; pés
que certamente não ficarão parados ao som da bateria e mostrarão assim
que pisamos com o pé-direito no Anhembi que "De pé em pé caminha a
humanidade".
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