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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. MANCHA VERDE - CARNAVAL 2005
Enredo: Da pré-história aos transgênicos: Mato Grosso. Uma Mancha Verde no coração do Brasil

O Grêmio Recreativo
Autor: Eduardo Caetano

 

O enredo "Da pré-história aos transgênicos. Mato Grosso, uma Mancha Verde no coração do Brasil’, tem o objetivo de retratar a evolução do Estado do Mato Grosso, desde os primórdios, quando da formatação física do território, à época da evolução das diversas formas de vida e civilizações, aos dias atuais, abordando a nova ordem sócio-econômica do Estado.

O enredo foi dividido em 4 setores que descrevem esta evolução em ordem cronológica:

Setor 01

A Formação das Terras e a Pré-História

Setor 02

Os Eco-sistemas

Setor 03

Índios, Vila Bela e a Febre do Ouro e a Guerra do Paraguai

Setor 04

Cultura e Economia Matogrossense

 

A Formação das Terras e a Pré-história

O tempo foi o grande artista de Mato Grosso. Há 500 milhões de anos, a região era coberta de gelo. Depois, com o aquecimento do planeta e devido à baixa altitude, mesmo estando num ponto equidistante entre os oceanos Pacífico e AtlÂntico, esteve no fundo do mar. Mais tarde transformou-se em um deserto e há 70 milhões de anos transformou-se em uma grande floresta. Essa metamorfose radical pode ser percebida no chão, repleto de pequenas conchas ou nas rochas, onde estas conchas até hoje estão grudadas, em alguns sítios arqueológicos.

Os dinossauros, mito do imaginário infantil, fato real para os cientistas; animais vorazes, semelhantes a grandes monstros, são figuras que parecem distantes da nossa realidade. Cronologicamente são, de fato. Sob o ponto de vista geográfico nem tanto. Relatórios de cientistas divulgados durante o simpósio brasileiro de paleontologia de vertebrados, que aconteceu no Rio de Janeiro em agosto de 2000, revelam que o maior dinossauro brasileiro que se tem notícias até hoje, viveu em terras de Mato Grosso, na região da chapada dos Guimarães há cerca de 60 - 80 milhões de anos. O gigante brasileiro, como foi apelidado, era carnívoro e tinha tamanho semelhante a um prédio de três andares. Pelo menos sete metros de comprimento e possuia uma estrutura óssea extremamente reforçada. Viveu na era mesosóica, período cretáceo. Outra espécie de animal que também viveu no Mato Grosso, foi a preguiça gigante, extinta há cerca de dez mil anos. Possuía dois metros de altura por dois de comprimento.

Ainda mais contemporânea aos nossos dias, a região, segundo arqueólogos, teria abrigado civilizações primitivas, talvez ainda mais antigas que as já comprovadas civilizações existentes na Serra da Capivara, no Piauí, hoje oficialmente reconhecidas como as mais antigas do Brasil.

Inscrições rupestres indicam que o Mato Grosso, no seu passado pré-histórico, foi berço de civilizações evoluídas que teriam sido dizimadas ou então sido ancestrais dos atuais Índios que dominaram a região até a chegada do homem branco há cerca de 500 anos.

A linha do tempo da Pré-História do MATO GROSSO.

Os Eco-Sistemas

Na maior planície fluvial da terra, a água da chuva escoa preguiçosamente e transforma o coração do Brasil em um imenso lago, muito conhecido como ‘o mar de xarayés’. A cheia é um “show” único e encantador, uma celebração da natureza que inunda o pantanal de fertilidade e vida.

Formado há 15 milhões de anos após o desdobramento geológico que resultou na Cordilheira doas Andes,a Chapada dos Guimarães é uma espécie de borda deste desdobramento. Quando as águas cobrem dois terços de sua gigantesca planície, o Pantanal revela-se em plenitude. Sua abundante vida explode em sons, cores e movimentos. Nuvens e pássaros cortam o infinito do céu e quebram o silêncio com sua algazarra. À beira de enormes lagoas coloridas, aves e répteis disputam pequenos peixes. Regiões mais elevadas, com altitudes superiores a 200 metros dão abrigo aos animais. Quando a água escoa para outras paragens, um conjunto exuberante de vegetação brota da terra fertilizada. Ervas, arbustos e flores recobrem toda a planície. O Pantanal concentra as maiores e mais espetaculares populações da fauna silvestre tropical.

A vegetação contém aspectos do cerrado brasileiro e ao norte sofre influência da região amazônica, possuindo características únicas de ambos ecossistemas. Exatamente por isso, guarda uma das faunas mais variadas do planeta. No pantanal existem 260 espécies de peixes, 80 de mamíferos, 650 espécies de aves, mais de 80 de répteis e anfíbios, e 1500 espécies de plantas. A diversidade salta à vista.

Sua flora apresenta de cáctus típicos da caatinga nordestina a vitórias-régias (a lendária planta da Amazônia). Sua fauna abriga cervos, jacarés, botos cor de rosa, onças pintadas pretas e pardas. Enormes porcos queixados, macacos, quatis, preguiças, cotias, graxauns, pacas e uma infinidade de borboletas multicoloridas. Temos peixe barbado, piratinga, fidalgo e o exclusivo matrinchã. Nos ares: as harpias, uirapurus, curiós e minúsculos beija-flores rasgam os céus perante sucuris, jibóias e surucucus. Tudo isto proporciona um espetáculo de tirar o fôlego.

Há ainda a região do Araguaia, influenciada pela força amazônica e pela vegetação do Cerrado, habitat de diversas tribos indígenas, muitas delas dentro do Parque Nacional do Xingu. O rio Araguaia espalha de sul a norte, no leste do Mato Grosso, toda sua força através da fauna na água e no ar. Suas águas oferecem às terras por onde passa os nutrientes que a alimentam, e de onde o nativo tira o seu sustento.

Guerra do Paraguai, Vila Bela e Febre do Ouro

A história contemporânea do Mato Grosso iniciou-se no século XVI, em 1524 (há quem diga que foi em 1525). Exploradores já haviam andado antes pelo Mato Grosso, mas a descoberta ou colonização só foi constatada quando Aleixo Garcia com mais quatro homens brancos e algumas centenas de índios pisaram em solo mato-grossense. Muitas civilizações indígenas já ocupavam as terras, no vale do Guaporé, na região do Araguaia, no norte , hoje região do Xingu.

Anos depois às margens do rio Coxipó e Cuiabá, Cabral Leme descobriu abundantes jazidas de ouro. A caça ao índio cedeu vez então às atividades mineradoras. Em 8 de abril de 1719 foi lavrado o termo de fundação do Arraial de Cuiabá. A notícia da descoberta do ouro não tardou em transpor os sertões, dando motivo a uma correria sem precedentes para o oeste. Eram as monções dos bandeirantes, que vinham, principalmente de São Paulo, em busca do mineral. Em 1726 a localidade recebeu o título de Vila Real do senhor Bom Jesus de Cuiabá.

Em 1751, ao assumir o cargo de capitão geral de Mato Grosso, o capitão Rolim fundou novos centros de colonização, entre eles Vila Bela de Santíssima Trindade, que já foi capital do estado e uma das localidades mais ricas e promissoras do país.

A corrida desenfreada do ouro fez com que centenas de negros fossem trazidos da África pelos portugueses para trabalhar como escravos nos garimpos, que depois de esquecidos no vale do Guaporé, viveram em isolamento durante 252 anos, em uma região inóspita. Os negros, escravos no passado, e seus descendentes, principalmente os que vivem na região de Vila Bela até hoje, preservam apesar de tudo, suas culturas e tradições onde merecem respeito e admiração. Difícil é compreender e entender, como os escravos tiveram força e coragem, para enfrentar as doenças tropicais, o isolamento, o confronto com os índios, ocupando uma vasta faixa na fronteira ameaçada de invasão pelos espanhóis que queriam tomar o território brasileiro.

O maior conflito armado ocorrido na América do sul, a guerra do Paraguai (1864-1870) foi o desfecho inevitável das lutas travadas durante quase dois séculos entre Portugal e Espanha e, depois entre Brasil e as Repúblicas hispano-americanas na região do prata.

O Índio e o Parque do Xingu

   Com uma das mais baixas densidades demográficas do país, o Mato Grosso é um estado predominantemente rural. No norte, totalmente recoberto pela floresta amazônica, o povoamento é escasso, enquanto em torno de Cuiabá há uma maior concentração populacional. O Estado apresenta uma proporção elevada de caboclos e a maior concentração indígena do país, com representantes dos Xavantes, Nambiquanas, Caiabis e Parecis.

   A fundação de uma reserva indígena no norte do estado - Parque Nacional do Xingu - às margens do rio Xingu, teve como objetivo preservar a cultura dos índios e solucionar disputas de terras entre tribos e grande pecuaristas da região. O parque constitui uma reserva federal, criada pelo governo em 1961 e aumentada em sua dimensão em 1968. Foi fundado pelos irmãos Orlando e Cláudio Villas Boas. Sua área atual é de aproximadamente 30 mil quilômetros quadrados, onde 16 tribos sobrevivem dentro de sua própria cultura, pois o que dá origem à coesão tribal é a preservação do seu comportamento original dentro da aldeia.

   No momento em que o índio passa a descrer de seu mundo místico, ele deixa de ter a motivação principal para sua sobrevivência, esfacela-se como povo e desaparece. Qual será o futuro deste índio dentro da estrutura social do branco nos dias de hoje? Esta pergunta fica no ar, uma vez que este mesmo índio que cuidou e preservou, em suas primitivas civilizações das terras do Mato Grosso, hoje não sabe qual será o seu futuro, e se terá direito a esta mesma terra.

Cultura Matogrossense

Ao abordar aspectos da cultura matogrossense, de tão rica e extensa quantidade de manifestações culturais existentes, conclui-se que haveria conteúdo para todo um enredo de carnaval apenas para este tema. Foram, então, escolhidos aspectos mais marcantes de sua cultura, e que ilustram principalmente o que há de mais presente e tradicional na vida de sua população, seja ela de brancos, urbanos ou rurais, seja ela de índios, os primeiros habitantes contemporâneos desta terra.

O Quarup

Ritual místico baseado na lenda Kamayurá, ocorre nas tribos do alto Xingu, região do Araguaia. Expressão da crença indígena na possível ressurreição dos mortos e em última instância na homenagem e entrega da ‘alma’ dos mortos à natureza. Muito divulgado pelos irmãos indigenistas Claúdio e Orlando Villa-boas, o Quarup, ganhou projeção nacional e faz sem dúvida parte da expressão cultural do estado do Mato Grosso e do Brasil.

Viola de Coxo

Um dos símbolos da cultura genuinamente mato-grossense, a viola de coxo tem sido cada vez mais lembrada como a verdadeira e autêntica forma de expressão da música e dança do estado, é um instrumento próximo da viola tradicional, talhada artesanalmente em madeira pelos mãos dos artesãos do interior do estado.

Presente em danças típicas como o Siriri, embaladas pelo rasqueado, música da região do Mato Grosso, que surgiu após o término da Guerra do Paraguai, influenciada pelas músicas paraguaia e boliviana.

O Marco Geodésico da América do Sul

Está localizado no estado de Mato Grosso o ponto eqüidistante entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. No local existe um marco, que recentemente foi eleito pela população cuiabana como um dos símbolos do estado do Mato Grosso. De tão importante para a sociedade local, estuda-se a construção de um novo marco, mais moderno e vistoso a fim de reforçar seu apelo turístico.

A Expressão “De Chapa e Cruz”

O estado do Mato Grosso recebeu no último século, diversos ciclos migratórios. Ora de pessoas vindas do Sul ( Paraná e Rio Grande do Sul) em busca de novas fronteiras agrícolas, ora vindas do Centro-Oeste e Norte, em busca de trabalho nas áreas agricultáveis do estado. Isto posto, verifica-se que a população genuinamente original do estado, fica resumida a uma pequena parcela do total de moradores. E são estes moradores que usam orgulhosamente para si a expressão: “ Sou cuiabano de chapa e cruz”, que equivale-se ao ‘carioca da gema’.

A Economia

O Estado do Mato Grosso ocupa hoje uma posição de vanguarda no cenário agrícola e pecuário nacional. É da terra e da natureza que brotam o desenvolvimento do Estado. O setor ainda tem um crescimento potencial muito grande, pois há muita terra agricultável no estado que ainda não está sendo utilizada. Mato Grosso é a “bola da vez” noa economia exportadora de grãos do Brasil. Empresários e investidores nacionais e estrangeiros começam a descobrir o potencial econômico do Estado.

Seu parque industrial está fundamentalmente ligado ao beneficiamento, do algodão (primeiro produtor nacional), do milho, do arroz, da madeira e de outros produtos agrícolas. Há ainda indústrias frigoríficas espalhadas pelas cidades que possuem rebanhos de gado e outros animais de corte. Tudo isto deixa claro que seu futuro industrial estará, com certeza, ligado ao setor primário. A cana-de-açúcar, foi no passado um dos grandes impulsionadores do desenvolvimento agrícola dos estado, em meados do século passado. Mas a grande estrela do Mato Grosso é a soja, normal ou transgênica (hoje possui o primeiro produtor privado individual do mundo), levando o Brasil a segunda colocação entre países produtores, contribuindo para superávits de exportação a nível nacional.

A cultura de produtos transgênicos gera polêmica e expectativa. Se de um lado ecologistas e naturalistas contestam e alertam para os eventuais perigos que vegetais geneticamente modificados possam trazer para a saúde do ser humano que as consome e também para o meio ambiente, os produtores os defendem alegando maior produtividade por hectare plantado e facilidade de combate as pragas. A Mancha Verde pretende evidenciar a existência dos transgênicos, ainda que a sociedade se divida em uma grande dúvida sobre este tema que engatinha e promete para o futuro muita evolução a serviço da vida.

Turismo

Seu potencial turístico é inegável. Tendo o Pantanal, a Chapada do Guimarães, no Cerrado, a Floresta Amazônica, e o Araguaia como destinos cada vez mais atraentes para o turismo de pesca ou ecológico. Diversas belezas naturais estão espalhadas por todas as cidades do Mato Grosso que possui a terceira maior extensão territorial do País.

Realmente Mato Grosso é um lugar sagrado, onde a terra repõe suas energias para continuar a sua jornada.

Engana-se quem acha que o maior espetáculo para o homem, é o próprio homem. A Mancha Verde tem certeza que o maior espetáculo para o homem ainda é a natureza, onde ela é a autora e compositora de sua própria melodia.

 


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