O enredo "Da pré-história aos transgênicos.
Mato Grosso, uma Mancha Verde no coração do Brasil’, tem o objetivo de
retratar a evolução do Estado do Mato Grosso, desde os primórdios,
quando da formatação física do território, à época da evolução das
diversas formas de vida e civilizações, aos dias atuais, abordando a
nova ordem sócio-econômica do Estado.
O enredo foi dividido em 4 setores que
descrevem esta evolução em ordem cronológica:
Setor 01
A Formação das Terras e a Pré-História
Setor 02
Os Eco-sistemas
Setor 03
Índios, Vila Bela e a Febre do Ouro e a
Guerra do Paraguai
Setor 04
Cultura e Economia Matogrossense
A Formação das Terras e a Pré-história
O tempo foi o grande artista de Mato
Grosso. Há 500 milhões de anos, a região era coberta de gelo. Depois,
com o aquecimento do planeta e devido à baixa altitude, mesmo estando
num ponto equidistante entre os oceanos Pacífico e AtlÂntico, esteve no
fundo do mar. Mais tarde transformou-se em um deserto e há 70 milhões de
anos transformou-se em uma grande floresta. Essa metamorfose radical
pode ser percebida no chão, repleto de pequenas conchas ou nas rochas,
onde estas conchas até hoje estão grudadas, em alguns sítios
arqueológicos.
Os dinossauros, mito do imaginário
infantil, fato real para os cientistas; animais vorazes, semelhantes a
grandes monstros, são figuras que parecem distantes da nossa realidade.
Cronologicamente são, de fato. Sob o ponto de vista geográfico nem
tanto. Relatórios de cientistas divulgados durante o simpósio brasileiro
de paleontologia de vertebrados, que aconteceu no Rio de Janeiro em
agosto de 2000, revelam que o maior dinossauro brasileiro que se tem
notícias até hoje, viveu em terras de Mato Grosso, na região da chapada
dos Guimarães há cerca de 60 - 80 milhões de anos. O gigante brasileiro,
como foi apelidado, era carnívoro e tinha tamanho semelhante a um prédio
de três andares. Pelo menos sete metros de comprimento e possuia uma
estrutura óssea extremamente reforçada. Viveu na era mesosóica, período
cretáceo. Outra espécie de animal que também viveu no Mato Grosso, foi a
preguiça gigante, extinta há cerca de dez mil anos. Possuía dois metros
de altura por dois de comprimento.
Ainda mais contemporânea aos nossos dias,
a região, segundo arqueólogos, teria abrigado civilizações primitivas,
talvez ainda mais antigas que as já comprovadas civilizações existentes
na Serra da Capivara, no Piauí, hoje oficialmente reconhecidas como as
mais antigas do Brasil.
Inscrições rupestres indicam que o Mato
Grosso, no seu passado pré-histórico, foi berço de civilizações
evoluídas que teriam sido dizimadas ou então sido ancestrais dos atuais
Índios que dominaram a região até a chegada do homem branco há cerca de
500 anos.
A linha do tempo da Pré-História do MATO
GROSSO.
Os Eco-Sistemas
Na maior planície fluvial da terra, a água
da chuva escoa preguiçosamente e transforma o coração do Brasil em um
imenso lago, muito conhecido como ‘o mar de xarayés’. A cheia é um
“show” único e encantador, uma celebração da natureza que inunda o
pantanal de fertilidade e vida.
Formado há 15 milhões de anos após o
desdobramento geológico que resultou na Cordilheira doas Andes,a Chapada
dos Guimarães é uma espécie de borda deste desdobramento. Quando as
águas cobrem dois terços de sua gigantesca planície, o Pantanal
revela-se em plenitude. Sua abundante vida explode em sons, cores e
movimentos. Nuvens e pássaros cortam o infinito do céu e quebram o
silêncio com sua algazarra. À beira de enormes lagoas coloridas, aves e
répteis disputam pequenos peixes. Regiões mais elevadas, com altitudes
superiores a 200 metros dão abrigo aos animais. Quando a água escoa para
outras paragens, um conjunto exuberante de vegetação brota da terra
fertilizada. Ervas, arbustos e flores recobrem toda a planície. O
Pantanal concentra as maiores e mais espetaculares populações da fauna
silvestre tropical.
A vegetação contém aspectos do cerrado
brasileiro e ao norte sofre influência da região amazônica, possuindo
características únicas de ambos ecossistemas. Exatamente por isso,
guarda uma das faunas mais variadas do planeta. No pantanal existem 260
espécies de peixes, 80 de mamíferos, 650 espécies de aves, mais de 80 de
répteis e anfíbios, e 1500 espécies de plantas. A diversidade salta à
vista.
Sua flora apresenta de cáctus típicos da
caatinga nordestina a vitórias-régias (a lendária planta da Amazônia).
Sua fauna abriga cervos, jacarés, botos cor de rosa, onças pintadas
pretas e pardas. Enormes porcos queixados, macacos, quatis, preguiças,
cotias, graxauns, pacas e uma infinidade de borboletas multicoloridas.
Temos peixe barbado, piratinga, fidalgo e o exclusivo matrinchã. Nos
ares: as harpias, uirapurus, curiós e minúsculos beija-flores rasgam os
céus perante sucuris, jibóias e surucucus. Tudo isto proporciona um
espetáculo de tirar o fôlego.
Há ainda a região do Araguaia,
influenciada pela força amazônica e pela vegetação do Cerrado, habitat
de diversas tribos indígenas, muitas delas dentro do Parque Nacional do
Xingu. O rio Araguaia espalha de sul a norte, no leste do Mato Grosso,
toda sua força através da fauna na água e no ar. Suas águas oferecem às
terras por onde passa os nutrientes que a alimentam, e de onde o nativo
tira o seu sustento.
Guerra do Paraguai, Vila Bela e Febre do
Ouro
A história contemporânea do Mato Grosso
iniciou-se no século XVI, em 1524 (há quem diga que foi em 1525).
Exploradores já haviam andado antes pelo Mato Grosso, mas a descoberta
ou colonização só foi constatada quando Aleixo Garcia com mais quatro
homens brancos e algumas centenas de índios pisaram em solo
mato-grossense. Muitas civilizações indígenas já ocupavam as terras, no
vale do Guaporé, na região do Araguaia, no norte , hoje região do Xingu.
Anos depois às margens do rio Coxipó e
Cuiabá, Cabral Leme descobriu abundantes jazidas de ouro. A caça ao
índio cedeu vez então às atividades mineradoras. Em 8 de abril de 1719
foi lavrado o termo de fundação do Arraial de Cuiabá. A notícia da
descoberta do ouro não tardou em transpor os sertões, dando motivo a uma
correria sem precedentes para o oeste. Eram as monções dos bandeirantes,
que vinham, principalmente de São Paulo, em busca do mineral. Em 1726 a
localidade recebeu o título de Vila Real do senhor Bom Jesus de Cuiabá.
Em 1751, ao assumir o cargo de capitão
geral de Mato Grosso, o capitão Rolim fundou novos centros de
colonização, entre eles Vila Bela de Santíssima Trindade, que já foi
capital do estado e uma das localidades mais ricas e promissoras do
país.
A corrida desenfreada do ouro fez com que
centenas de negros fossem trazidos da África pelos portugueses para
trabalhar como escravos nos garimpos, que depois de esquecidos no vale
do Guaporé, viveram em isolamento durante 252 anos, em uma região
inóspita. Os negros, escravos no passado, e seus descendentes,
principalmente os que vivem na região de Vila Bela até hoje, preservam
apesar de tudo, suas culturas e tradições onde merecem respeito e
admiração. Difícil é compreender e entender, como os escravos tiveram
força e coragem, para enfrentar as doenças tropicais, o isolamento, o
confronto com os índios, ocupando uma vasta faixa na fronteira ameaçada
de invasão pelos espanhóis que queriam tomar o território brasileiro.
O maior conflito armado ocorrido na
América do sul, a guerra do Paraguai (1864-1870) foi o desfecho
inevitável das lutas travadas durante quase dois séculos entre Portugal
e Espanha e, depois entre Brasil e as Repúblicas hispano-americanas na
região do prata.
O Índio e o Parque do Xingu
Com uma das mais baixas densidades
demográficas do país, o Mato Grosso é um estado predominantemente rural.
No norte, totalmente recoberto pela floresta amazônica, o povoamento é
escasso, enquanto em torno de Cuiabá há uma maior concentração
populacional. O Estado apresenta uma proporção elevada de caboclos e a
maior concentração indígena do país, com representantes dos Xavantes,
Nambiquanas, Caiabis e Parecis.
A fundação de uma reserva indígena no
norte do estado - Parque Nacional do Xingu - às margens do rio Xingu,
teve como objetivo preservar a cultura dos índios e solucionar disputas
de terras entre tribos e grande pecuaristas da região. O parque
constitui uma reserva federal, criada pelo governo em 1961 e aumentada
em sua dimensão em 1968. Foi fundado pelos irmãos Orlando e Cláudio
Villas Boas. Sua área atual é de aproximadamente 30 mil quilômetros
quadrados, onde 16 tribos sobrevivem dentro de sua própria cultura, pois
o que dá origem à coesão tribal é a preservação do seu comportamento
original dentro da aldeia.
No momento em que o índio passa a
descrer de seu mundo místico, ele deixa de ter a motivação principal
para sua sobrevivência, esfacela-se como povo e desaparece. Qual será o
futuro deste índio dentro da estrutura social do branco nos dias de
hoje? Esta pergunta fica no ar, uma vez que este mesmo índio que cuidou
e preservou, em suas primitivas civilizações das terras do Mato Grosso,
hoje não sabe qual será o seu futuro, e se terá direito a esta mesma
terra.
Cultura Matogrossense
Ao abordar aspectos da cultura
matogrossense, de tão rica e extensa quantidade de manifestações
culturais existentes, conclui-se que haveria conteúdo para todo um
enredo de carnaval apenas para este tema. Foram, então, escolhidos
aspectos mais marcantes de sua cultura, e que ilustram principalmente o
que há de mais presente e tradicional na vida de sua população, seja ela
de brancos, urbanos ou rurais, seja ela de índios, os primeiros
habitantes contemporâneos desta terra.
O Quarup
Ritual místico baseado na lenda Kamayurá,
ocorre nas tribos do alto Xingu, região do Araguaia. Expressão da crença
indígena na possível ressurreição dos mortos e em última instância na
homenagem e entrega da ‘alma’ dos mortos à natureza. Muito divulgado
pelos irmãos indigenistas Claúdio e Orlando Villa-boas, o Quarup, ganhou
projeção nacional e faz sem dúvida parte da expressão cultural do estado
do Mato Grosso e do Brasil.
Viola de Coxo
Um dos símbolos da cultura genuinamente
mato-grossense, a viola de coxo tem sido cada vez mais lembrada como a
verdadeira e autêntica forma de expressão da música e dança do estado, é
um instrumento próximo da viola tradicional, talhada artesanalmente em
madeira pelos mãos dos artesãos do interior do estado.
Presente em danças típicas como o Siriri,
embaladas pelo rasqueado, música da região do Mato Grosso, que surgiu
após o término da Guerra do Paraguai, influenciada pelas músicas
paraguaia e boliviana.
O Marco Geodésico da América do Sul
Está localizado no estado de Mato Grosso o
ponto eqüidistante entre os Oceanos Atlântico e Pacífico. No local
existe um marco, que recentemente foi eleito pela população cuiabana
como um dos símbolos do estado do Mato Grosso. De tão importante para a
sociedade local, estuda-se a construção de um novo marco, mais moderno e
vistoso a fim de reforçar seu apelo turístico.
A Expressão “De Chapa e Cruz”
O estado do Mato Grosso recebeu no último
século, diversos ciclos migratórios. Ora de pessoas vindas do Sul (
Paraná e Rio Grande do Sul) em busca de novas fronteiras agrícolas, ora
vindas do Centro-Oeste e Norte, em busca de trabalho nas áreas
agricultáveis do estado. Isto posto, verifica-se que a população
genuinamente original do estado, fica resumida a uma pequena parcela do
total de moradores. E são estes moradores que usam orgulhosamente para
si a expressão: “ Sou cuiabano de chapa e cruz”, que equivale-se ao
‘carioca da gema’.
A Economia
O Estado do Mato Grosso ocupa hoje uma
posição de vanguarda no cenário agrícola e pecuário nacional. É da terra
e da natureza que brotam o desenvolvimento do Estado. O setor ainda tem
um crescimento potencial muito grande, pois há muita terra agricultável
no estado que ainda não está sendo utilizada. Mato Grosso é a “bola da
vez” noa economia exportadora de grãos do Brasil. Empresários e
investidores nacionais e estrangeiros começam a descobrir o potencial
econômico do Estado.
Seu parque industrial está
fundamentalmente ligado ao beneficiamento, do algodão (primeiro produtor
nacional), do milho, do arroz, da madeira e de outros produtos
agrícolas. Há ainda indústrias frigoríficas espalhadas pelas cidades que
possuem rebanhos de gado e outros animais de corte. Tudo isto deixa
claro que seu futuro industrial estará, com certeza, ligado ao setor
primário. A cana-de-açúcar, foi no passado um dos grandes
impulsionadores do desenvolvimento agrícola dos estado, em meados do
século passado. Mas a grande estrela do Mato Grosso é a soja, normal ou
transgênica (hoje possui o primeiro produtor privado individual do
mundo), levando o Brasil a segunda colocação entre países produtores,
contribuindo para superávits de exportação a nível nacional.
A cultura de produtos transgênicos gera
polêmica e expectativa. Se de um lado ecologistas e naturalistas
contestam e alertam para os eventuais perigos que vegetais geneticamente
modificados possam trazer para a saúde do ser humano que as consome e
também para o meio ambiente, os produtores os defendem alegando maior
produtividade por hectare plantado e facilidade de combate as pragas. A
Mancha Verde pretende evidenciar a existência dos transgênicos, ainda
que a sociedade se divida em uma grande dúvida sobre este tema que
engatinha e promete para o futuro muita evolução a serviço da vida.
Turismo
Seu potencial turístico é inegável. Tendo
o Pantanal, a Chapada do Guimarães, no Cerrado, a Floresta Amazônica, e
o Araguaia como destinos cada vez mais atraentes para o turismo de pesca
ou ecológico. Diversas belezas naturais estão espalhadas por todas as
cidades do Mato Grosso que possui a terceira maior extensão territorial
do País.
Realmente Mato Grosso é um lugar sagrado,
onde a terra repõe suas energias para continuar a sua jornada.
Engana-se quem acha que o maior espetáculo
para o homem, é o próprio homem. A Mancha Verde tem certeza que o maior
espetáculo para o homem ainda é a natureza, onde ela é a autora e
compositora de sua própria melodia.
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