A NOSSA
GARRA NOVAMENTE NA AVENIDA
Meu povo
emocionado abre os braços para receber novamente a garra corintiana na
avenida do samba. Alô nação alvinegra! Os primeiros acordes de um cavaco
chegam aos, nossos ouvidos, e a voz do "puxador" convida a todos para
sorrir, brincar e esquecer os infortúnios da vida. O povo se agita. Os
diretores de harmonia mobilizam-se, e a bateria prepara-se para um show
de ritmo e cadência. Nossos olhos percorrem todo o colorido das
alegorias e das fantasias, e nos comovemos diante do resultado de quase
um ano de trabalho de toda uma comunidade, tudo em troca de alguns
minutos de desfile. Realmente uma grande festa. De repente, eis a minha
gente cantando, sorrindo e sambando... explode coração!
É nessa
explosão de alegria que o Bloco Pavilhão Nove, bicampeão do carnaval,
vem para a passarela homenagear o maior piloto de todos os tempos: o
brasileiro e também corintiano Ayrton Senna da Silva, enfocando sua
história e suas glórias com muito humor, alegria e vibração.
Que a nossa
principal mensagem seja a de mostrar que o grande herói das pistas não
morreu: está, isto sim, para sempre presente no coração de cada
brasileiro, como nosso eterno campeão.
Acelera
Ayrton!
NOSSO
ETERNO CAMPEÃO
Sensibilidade, arrojo, dignidade e coragem foram os ingredientes que
sedimentaram a trajetória deste piloto, maior ídolo do automobilismo
brasileiro. Polêmico, de personalidade obsessiva e perfeccionista,
possuía uma enorme capacidade de superar limites. Tanto que o argentino
Juan Manuel Fangio, único a vencer o Mundial de F-1 por cinco vezes numa
época mais romântica, jamais falou em herdeiro, até a sua chegada.
Seu nome?
Ayrton Senna da Silva, nascido à 21/03/1960 em São Paulo.
Senna
começou no Kart através do pai, o pequeno industrial Milton Senna da
Silva, que em 1964 construiu um Kart sob medida para o filho, então com
4 anos. Mas foi só aos 13 que ele entrou oficialmente numa pista, para
um ano depois, ganhar seu primeiro título: campeão paulista juvenil. Foi
também campeão sul-americano e vice-campeão mundial, dentre outros
títulos.
A partir de
1981, Senna cumpriu uma carreira meteórica, quando deixou o Kart para
ingressar na Fórmula Ford 2000, e, em seguida, na Fórmula 3 inglesa. Nas
pistas de Silverstone, na Inglaterra, acumulou tantos êxitos que a
revista britânica Autosport chegou a batizar o autódromo de "Silvastone".
Outra revista, a italiana Autosprint, passou a chamar a Fórmula 3 de
"Fórmula de Senna".
TODA UMA
VIDA NO AUTOMOBILISMO
Ayrton Senna
dedicou dois terços de sua vida aos esportes motorizados. Primeiro no
Kart, depois no automobilismo. E nos últimos dez anos, especificamente
na Fórmula 1. Em todas as modalidades conquistou títulos e quebrou
recordes (seus e dos outros).
Foi já na
principal categoria do automobilismo internacional que o público
brasileiro o viu pilotar um carro, em 1984, ano de sua estréia (parou na
oitava volta). Com o decorrer do tempo, transformou-se num dos maiores
ídolos brasileiros de todos os tempos.
A
ADMIRAÇÃO DE AMIGOS E INIMIGOS
Desde 1984,
na F-1, Senna correu por quatro equipes, disputou 181 GPs, dos quais
ganhou 41, 65 vezes largou na "pole position", obteve 19 recordes de
volta de corrida e por três vezes conquistou o título mundial. Na mesma
proporção em que obtinha sucesso, colecionava inimigos. Obsessivo,
ousado e considerado uma pessoa de gênio difícil, Senna notabilizou-se
também pelos duelos verbais (e nas pistas), que travou não só com Alain
Prost, mas também com Keke Rosberg, Nelson Piquet e Nigel Mansell.
Mais
recentemente seus alvos foram Michel Schumacker e o novato Eddie Irvine.
Mas também fora das pistas ganhou desafetos, caso do francês Jean-Marie
Ballestre, que ameaçou cassar sua licença, no tempo em que era
Presidente da FISA.
Nas pistas,
o que para outros poderia ser classificado como agressividade, para
Senna era "intensidade". Dizia que a intensidade era uma de suas forças,
como piloto e ser humano. Realmente intenso, principalmente no que dizia
respeito ao amor ao seu país e ao seu povo.
Ídolo, foi
sempre centro de polêmicas. Dono de um comportamento controvertido,
chegou a ser acusado de provocar acidentes. Mas, incontestavelmente, os
próprios inimigos sempre foram os primeiros a reconhecer sua
genialidade. Um desses foi Nelson Piquet, disse pouco antes de sua
morte: "Senna é o único que pode bater o recorde de Fangio".
"No fundo,
Ayrton e eu fomos como irmãos, filhos do mesmo entusiasmo,
compartilhando sonhos parecidos, presos ao mesmo cordão umbilicar forte,
magnético e absorvente do automibilismo. Corremos muitas vezes juntos,
disputamos freadas e largadas, dividimos pódios, pontos e campeonatos do
mundo."
(Nelson
Piquet, ex-piloto tricampeão mundial de F-1)
"Ayrton
Senna foi um fora-de-série, um piloto excepcional, um verdadeiro
monstro, capaz de se meter em situações impossíveis e sair vitorioso.
Ele era incomparável correndo".
(Carlos
Reutman, ex-piloto)
"Ele era o
melhor de todos".
(Chico
Serra, piloto)
Era o melhor
piloto que jamais existiu. Sabia tudo. Quando um homem assim, que foi o
maior, termina dessa forma, é preciso questionar se esse esporte tem
sentido".
(Niki Lauda,
ex-piloto tricampeão mundial de F-1)
SEUS
ÍDOLOS
Senna teve
como primeiros ídolos no automobilismo Jackie Stewart (o escocês
voador", tricampeão mundial) e o brasileiro Emerson Fittipaldi
(bicampeão mundial de 1972 e 1974).
Depois, ao
começar na F-1 em 1984, dizia admirar o austríaco Niki Lauda e o
canadense Giles Villeneuve. Coincidentement, Lauda e Villeneuve sofreram
sérios acidentes, e o segundo também perdeu a vida no esporte.
Depois de
conquistar seu terceiro título mundial em 1991, Senna foi claro: não
pensava em parar de competir enquanto houvesse recordes para bater. E
pensava nos dois mais importantes: número de títulos mundiais (5, de
Fangio) e de vitórias em GPs (51, de Prost).
UM GURU
DAS PISTAS
Além de
ousado, uma das principais qualidades do brasileiro era a de encontrar
os pontos do carro que precisavam de acerto. Analisando um circuito,
chegava também a antecipar para a equipe os pontos do circuito em que
conseguiria melhor rendimento. "Tudo acontecia conforme a previsão",
confirmavam seus companheiros da Williams. Coisa de gênio.
Outra
característica Senna admitiu logo nos primeiros anos F-1: "minhas
vitórias sempre ocorreram em condições anormais", reconheceu em 1988.
Ele se referia as vitórias quase sempre em pistas molhadas. E nos dois
últimos anos, ainda na McLaren, era comum ouvir-se locutores brasileiros
dizerem que só uma boa chuva cair o favoritismo dos carros da Williams.
SENNINHA
E SUA TURMA
Com o
crescente sucesso nas pistas, Senna também desenvolveu seu lado de
empresário, aproveitando a popularidade que as vitórias lhe traziam. A
mais recente empreitada de Senna para trabalhar a sua imagem fora o
lançamento da revista de história em quadrinhos "Senninha e Sua Turma",
após entrar para o mercado de confecções, barcos, carros importados e
concessionária de veículos, entre outros.
"Quando vi o
esboço do que seria o Senninha, meu coração ficou tocado. Apelei para o
lado humano, acreditando no estímulo de nossa equipe. O Senninha não é
super-herói, ele tenta resolver os problemas do dia-a-dia com a ajuda da
turma", ressaltava Senna, pouco antes do lançamento da revista.
A
CARREIRA
Eis os
títulos conquistados por Senna antes de sua estréia na Fórmula 1:
1973:
Iniciou no Kartismo no final do ano, quando foi campeão do Torneio de
Férias de Interlagos na extinta Quarta Categoria Menor.
1974:
Campeão Paulista de Kart Classe Júnior.
1975:
Campeão do Torneio Nacional Racolomy de Kart Classe Júnior.
1976:
Campeão Paulista da Segunda Categoria 100cc; Campeão das Três Horas de
Kart de Interlagos na Primeira Categoria 100cc.
1977:
Campeão Sul-americano (San José-Uruguai) da Primeira Categoria 100cc;
Campeão das Três Horas de Interlagos na Primeira Categoria 100cc.
1978:
Campeão Brasileiro da Primeira Categoria 100cc; Campeão das Três Horas
de Interlagos na Primeira Categoria 100cc.
1979:
Campeão do Grand Prix Republique de San Marino na Primeira Categoria
100cc.
1980:
Campeão Brasileiro da Primeira Categoria 100cc; Vice-campeão Mundial da
Primeira Categoria 100cc em Nivelles, França; Campeão Sul-americano da
Primeira Categoria 100cc de Interlagos.
1981:
Campeão do Towsend Thoresen Fórmula Ford 1600 Championship da
Inglaterra; Campeão do Royal Automobile Club de Fórmula Ford 1600 na
Inglaterra.
1982:
Campeão Pan-americano de Kart Primeira Categoria 100cc, no Kartódromo de
Tarumã no Rio Grande do Sul; Campeão Inglês de Fórmula Ford; Campeão
Europeu de Fórmula Ford 2000.
1983:
Campeão Inglês de Fórmula 3; Campeão do Grande Prêmio de Macau de
Fórmula 3.
Já na F-1,
em sua primeira temporada (1984), Senna foi o nono colocado no mundial.
Três vezes subiu ao pódio em terceiro lugar, e no GP de Mônaco foi o
segundo, correndo pela equipe Toleman-Hart. Depois, ficou três
temporadas na Lotus (1985/86/87). Em 1988 foi para a McLaren, onde ficou
seis anos (1988/89/90/91/92/93) e ganhou três títulos. Finalmente, em
1994, assinou contrato com a Williams, depois de um namoro de dez anos,
segundo o próprio diretor da equipe, Frank Williams. Veja a seguir o
resumo de suas conquistas na F-1:
1984:
Iniciou na F-1 no GP do Brasil (13 pontos, 9º colocado).
1985:
Campeão dos GPs de Portugal e Bélgica (38 pontos, 4º colocado).
1986:
Campeão dos GPs da Espanha e EUA (55 pontos, 4º colocado).
1987:
Campeão dos GPs de Mônaco e dos EUA (57 pontos, 3º colocado).
1988:
Campeão dos GPs de San Marino, Canadá, EUA, Inglaterra, Alemanha,
Hungria, Bélgica e Japão (96 pontos, Campeão Mundial).
1989:
Campeão dos GPs de San Marino, Mônaco, México, Alemanha, Bélgica,
Espanha (60 pontos, Vice-Campeão Mundial).
1990:
Campeão dos GPs dos EUA, Mônaco, Canadá, Alemanha, Bélgica e Itália (78
pontos, Bicampeão Mundial).
1991:
Campeão dos GPs dos EUA, Brasil, San Marino, Mônaco, Hungria, Bélgica e
Austrália (96 pontos; Tricampeão Mundial).
1992:
Campeão dos GPs de Mônaco, Hungria e Itália (56 pontos, 4º colocado).
1993:
Campeão dos GPs do Brasil, Inglaterra, Mônaco, Japão e Austrália (73
pontos, Vice-Campeão Mundial).
"Não haverá
mais poles, nem vitórias. O show acabou. Ayrton Senna, talvez o mais
completo e perfeito piloto da Fórmula 1, não passou ontem por sua última
prova. A toda-poderosa Williams que tanto sonhou, aquela que era
considerada o caminho certo para o tetracampeonato mundial, não
conseguiu fazer a trágica curva Tamburello e, qual num desenho anumado,
esborrachou-se num muro de cimento a quase 300 km/h. A vida do maior
ídolo do esporte brasileiro desde Pelé espirou-se imediatamente. Deixou
o mundo atônito e a F-1 vazia".
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