::.. CARNAVAL 2000 - S. ROSAS DE OURO................................
FICHA TÉCNICA
Data:  04/03/2000
Ordem de entrada:  5
Enredo:  Yes, Nós Temos Mais que Banana
Carnavalesco:  Raul Diniz
Grupo:  Especial
Classificação:  3º
Pontuação Total:  198,5
Nº de Componentes:  4000
Nº de Alegorias :  ,
Nº de Alas :  25
Presidente:  Eduardo Basílio
Diretor de Carnaval:  não consta
Diretoria de Harmonia:  não consta
Mestre de Bateria:  Mestre Zuca
Intérprete:  Quinho
Coreógrafo da Comissão de Frente:  não consta
Rainha de Bateria:  não consta
Mestre-Sala:  não consta
Porta-bandeira:  Maria Gilsa
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO

ROSAS DE OURO

COMPOSITORES: SERGINHO/ RUDNEY/ RENATINHO/ FOFÃO/ PAULINHO CHICLETE/ TONINHO 44

 

ANUNCIOU

UM NOVO TEMPO DESPERTOU

DESARMANDO A MÃO DA GUERRA

A NOVA ERA CLAREOU!

CLAREOU!, MINHA SÃO PAULO, ILUMINOU!

INDÚSTRIAS E COMÉRCIO

O SONHO DO PROGRESSO, AQUI CHEGOU!

A ARTE ENTRA EM CENA, O RISO E O CINEMA

ESTRADAS QUE UNIRAM ESSE PAÍS

“CHATEAU” TEVE A CORAGEM E TROUXE A IMAGEM

FAZENDO ESSE MEU POVO MAIS FELIZ

O SHOW VAI COMEÇAR

“VELHO GUERREIRO”, ALEGRIA ESTÁ NO AR

 

NA BOLA SOU O REI, O REI DA BOLA!

MINHA SELEÇÃO... DEITA E ROLA!

BOLA NA REDE, É GOL!

O ANHEMBI VAI GRITAR

EU QUERO VER ESSA ROSEIRA BALANÇAR

 

ALÔ! ALÔ! NÔNÔ!

NOSSO PRESIDENTE VOADOR

DEU ASAS E BRASÍLIA ENTÃO SURGIU

MUDAVA A CARA DO NOSSO BRASIL

E QUEM SERÁ, ESSE JOÃO?

SEU VIOLÃO, É BOSSA NOVA!

O ROCK-N’ ROLL É LIBERDADE

NO ESPORTE AMADOR, FELICIDADE

NO PEITO UM SENTIMENTO VERDADEIRO

E O ORGULHO DE SER BRASILEIRO

 

EU SOU A ROSAS!

SOU MUITO MAIS!

EU QUERO PAZ E AMOR...

 

SINOPSE DO ENREDO
O Grêmio Recreativo
Autor: Raul Diniz

 

Vamos viver juntos mais um carnaval, este com sabor especial, onde a Sociedade Rosas de Ouro mostrará um período da história do nosso país, entre 1945 e 1964, que é um dos mais decisivos para que possamos entender um pouco do que é hoje o Brasil.

O Brasil de antes não tinha imagem definida no exterior, mas tinha uma estrela que brilhava: “Carmem Miranda”. Era preciso mostrar o Brasil apaixonante da batida suave de um violão como a Bossa Nova, fixada como um gênero musical reconhecido internacionalmente, a arte pura do nosso futebol, a alegria do Carnaval e o calor do sol: o Brasil acordou com as novas indústrias, a internacionalização de sua economia, a mudança da Capital Federal para Brasília e a consagração dos nossos esportistas: Ademar Ferreira da Silva, a tenista Maria Ester Bueno, a Seleção Brasileira Campeã do Mundo em 1958 / 1962 e os punhos de Eder Jofre.

Decididamente o Brasil fazia sucesso no exterior, pois lutou para mostrar cara nova lá fora e conseguiu. O Brasil já tinha muito mais que a “Pequena Notável” para mostrar.

"Yes, já temos mais que bananas"

SEGUNDA REPÚBLICA 1945/1964

"Atenção, Atenção, Brasil!

Acabou a guerra! Acabou a guerra!"

Quando o locutor Heron Domingues, do Repórter Esso, anunciou em edição extraordinária na manhã de 8 de maio de 1945, os brasileiros ouviam as primeiras notícias do dia em um rádio importado, a Segunda Guerra trouxe dinheiro e muitos créditos comerciais para o país. O brasileiro comia, bebia, vestia, andava com marcas importadas.

Isso não era sinal de riqueza, mas de pobreza. O Brasil, depois de seis décadas e meia de industrialização, ainda dependia essencialmente de importações.

As fábricas que funcionavam nessa época, com criatividade e senso de oportunidade, aproveitavam que as indústrias dos países envolvidos na guerra só produziam material bélico. Existia aqui, uma indústria do quebra-galho, cujos produtos substituíam as importações.

Essa indústria do quebra-galho não morreu quando a guerra acabou, continuou até o fim do governo Dutra. E o Brasil, com a inflação crescente, e um parque industrial sem a estrutura que já se fazia necessária, deixou escapar a chance de uma grande expansão econômica.

Apesar desse início espalhafatoso, o período foi a base do segundo surto de industrialização do Brasil e principalmente de São Paulo, na década de 50. As fábricas puderam importar equipamento novo, a frota de veículos foi renovada, foi criado o setor estatal da siderurgia, foi incentivada a indústria de transformação, firmou-se o setor de peças para veículos, foram construídas as primeiras refinarias, o cinema voou alto, nasceu a televisão, desenvolveu-se o setor de eletrodomésticos, a publicidade procurava convencer as donas de casa sobre a utilidade dos liquidificadores, enceradeiras, aspiradores de pó. A marca "Indústria Brasileira" passou a ser gravada em centenas de novos produtos.

O pós-guerra fez de São Paulo uma cidade luminosa, não só porque se empreendeu a iluminação mais moderna das ruas e vitrinas, mas no sentido mesmo dos pensamentos e das artes. Foi um renascimento.

Imigrantes da Europa inteira procuraram em São Paulo a paz e o trabalho que não tinham mais por lá, durante a guerra e depois dela. Agora não vinham só camponeses, mas intelectuais, professores, cientistas, artistas, industriais, comerciantes, técnicos, classe média.

Entre os iluminados desse período destaca-se o industrial mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho, que juntamente com o engenheiro Franco Zampari fundou o Museu de Arte Moderna (MAM), o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), a Companhia Cinematográfica Vera Cruz e a Bienal de São Paulo.

O grande balé de Serge Lifar dançava no Municipa, o Poeta Pablo Neruda declamava no Estádio do Pacaembu, pintores europeus tomavam chá na Rua Barão de Itapetininga a mais elegante da cidade; Monteiro Lobato, Sérgio Millet, Cacilda Becker, Sérgio Cardoso, Clóvis Graciano, Flávio de Carvalho, Oswaldo de Andrade cruzavam-se nos vernissages. O impulso cultural da cidade estimulou até os desligados cientistas que criaram a Sociedade Brasileiro para o Progresso da Ciência (SBPC), fundamental para o desenvolvimento científico do país.

Claro, nada disso se fazia sem dinheiro, que a indústria e o comércio multiplicavam e giravam. Ruas novas, bairros novos, prédios verticalizavam a cidade, surgiu a Via Anchieta, a Anhanguera, o Aeroporto de Congonhas era transformado em aeroporto internacional, a Via Dutra foi concluída em 51 levando os paulistanos à "corte" que ainda era no Rio de Janeiro. Não deu mais para segurar o paulista, que queria espaço.

No último ano do governo Dutra começou em São Paulo uma revolução que fez o Brasil transitar da cultura oral (rádio e teatro de revista) para a cultura audiovisual: nasceu o cinema e a televisão. O mesmo pessoal que fez o TBC em 1948 criou a Vera Cruz. E fez tudo em grande escala, uma Hollywood tropical.

Do telão, em alguns pontos estratégicos de São Paulo e em apenas cinco residências, um pequeno público pôde ver as primeiras imagens da televisão brasileira. Às 10 horas da noite de 18 de setembro de 1950, começava a grande aventura da TV. O autor do milagre: Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo, proprietário dos Diários Associados, cadeia de jornais e emissoras de rádio.

Na metade exata do século, a vanguarda política e empresarial brasileira já sabia que a dependência devoraria qualquer riqueza gerada no país. Era preciso nacionalizar o que fosse possível, e rápido. Infelizmente faltava o básico: energia, combustíveis, transportes, planejamento. O Plano Salte (sigla para saúde, alimentação, transporte e energia) arrastava-se no Congresso e precisaria de grandes investimentos externos para ser aplicado. Mas aí o Governo Dutra já estava no fim.

E então uma marchinha carnavalesca começou a mexer com o povo: Era Getúlio ameaçando voltar para animar as pessoas. Animação era o que o país mais precisava, traumatizado pela derrota na Copa do Mundo jogando em casa.

Getúlio ganhou a eleição. Tomou posse em 1951 e começou a pôr em prática o seu "Programa de Reaparelhamento Econômico". No primeiro ano, criou a Comissão de Desenvolvimento Industrial e passou a incentivar e acelerar todas as iniciativas industriais.

Em 52 criou a Subcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis e passou a acompanhar de perto a evolução e a trocar figurinhas com os fabricantes de autopeças. Em 53, inaugurou a primeira mostra da indústria nacional de autopeças, para conhecer a dimensão do que estava incentivando e dar prestígio ao setor diante das fábricas estrangeiras. Criou a Petrobrás depois de verdadeira batalha nacional e internacional de interesses, apoiado nas ruas pelas esquerdas e nacionalistas aos gritos de “o petróleo é nosso”. Em 54, instalou a Petrobrás. Enviou ao congresso o projeto de criação da Eletrobrás. Aumentou o salário mínimo em 100%. Entrou em conflito de poder com os militares ligados a Lacerda. Suicidou-se.

Heron Domingues, de plantão na Rádio Nacional, foi o primeiro a noticiar emocionadíssimo a morte de Getúlio em edição extraordinária do Repórter Esso, pouco depois das 8h30 da manhã, e primeiro a ler a carta-testamento no rádio: "... saio da vida para entrar na história".

1955. O início da modernização industrial idealizada por Juscelino Kubitschek. A eleição de Juscelino transforma o Brasil no canteiro de obras de seu plano de metas; "destituído de qualquer aparência carismática, antes com simplicidade e naturalidade, JK foi pregoeiro do desenvolvimento econômico. Os anos de seu governo são marcados sobretudo pelo otimismo, que procurou incutir no povo brasileiro. Sempre sorrindo, o homem de Diamantina utilizava a televisão para prestar contas do que estava fazendo e convencer de que dias melhores virão. São os tempos de fazer Brasília, modernizar o parque industrial, construir um novo país.

Prático, moderno, eram as características que faziam do sofá-cama um móvel imprescindível nos lares brasileiros. As linhas retas, nas cores da moda encantavam as donas de casa, ansiosas em trocar as quinquilharias herdadas por novidades domésticas que, finalmente, se tornavam acessíveis no Brasil.

Eram esses os argumentos com os quais a garota-propaganda da TV Tupi deveria seduzir os espectadores, mesmo causando alguns acidentes de percurso registrados pelos camera-man, eles não tinham outra saída. Tudo, na TV, era ao vivo, mostrando que estávamos pouco familiarizados com as novidades que começavam a desembarcar no Brasil.

É nessa época, por exemplo, entre 1955 e 1961, que aparecem máquinas de escrever nas redações dos grandes jornais brasileiros. Pois até então a maioria dos repórteres e redatores dispunha apenas da caneta-tinteiro para encher laudas incontáveis. Os novos equipamentos correspondiam ao surgimento de um novo conceito de notícia, além de um novo design para os jornais. O modelo dos velhos diários, pesado e feio, de linguagem rebuscada, já está arquivado. Busca-se, agora, um noticiário mais dinâmico. Afinal, esta no ar a ameaça da televisão: o Repórter Esso e o Mappin Movietone disputavam público com os jornais.

- A agilidade e leveza das informações contrastava com o advento da indústria pesada, mas, por outro lado, exprimia com exatidão o espírito da época. Tem algo a ver com a batida suave, por isso mesmo revolucionária, que um desconhecido João Gilberto extrai de seu violão: a bossa nova, marcada pelo despojamento. O dó-de-peito, até então imprescindível, dá lugar a um canto falado, a uma voz confidencial. Mas o contraste entre a leveza musical e a temática da bossa-nova e a industrialização em curso no País é apenas aparente. Ao contrário, uma e outra estão unidas num pacto de absoluta fidelidade com a modernização brasileira.

A história brasileira ficou dividida em antes e depois de 1955. Basta ver o que se passou no setor de utilidades domésticas, até o início dos anos 60. O número de aparelhos como: rádio, televisão, máquinas de costura e de refrigerantes se multiplicavam em grande número, muito acima dos 100%. São cifras pequenas se comparadas com a da indústria pesada, nessa época em que o desenvolvimento ficou sendo a palavra de ordem.

São transformações de desencadeiam num momento de grande tensão no Brasil. O período entre 1955 e 1961, a virada fundamental para o destino do país, começa e termina com intensas crises políticas. A ronda de rumores golpistas que se sucedem ao suicídio de Getúlio Vargas, em agosto de 1954, confere ao governo Café Filho um clima de instabilidade, agravada pela crise na exportação do café e do algodão e, ainda, pelos inúmeros problemas sociais e econômicos resultantes do processo inflacionário que se iniciara no pós-guerra. Não é de espantar que o Brasil tenha tido nada menos de três presidentes da República em 1955 – Café Filho, Carlos Luz e Nereu Ramos -, ano tumultuado por uma tentativa de impedir a posse de Juscelino Kubitschek de Oliveira, eleito um mês antes.

Na contramão da crise, JK, recém-saído do governo de Minas, vendia uma imagem de otimismo e de confiança no futuro. Com um sorriso permanente, ele prometia condensar 50 anos em 5.

Assim, quando em 31 de janeiro de 1956, JK assume o governo da República, nova era se inicia no país. Buscando a conciliação dos interesses dos empresários, dos políticos, dos militares e dos assalariados urbanos, o presidente manteve permanentemente no ar o apelo do desenvolvimentismo, emanado de seu Programa de Metas, cuja finalidade, insistia, era modernizar o Brasil, dotando-o de indústrias de base e de bens de consumo duráveis.

O programa de JK se desdobrava em 30 metas, além da construção de Brasília, que, embora não incluída no programa original, acabou por se tornar a meta-síntese da administração federal. Plano ousado para um país de 62 milhões de habitantes cheios de problemas sociais e uma tecnologia atrasada. O presidente exigia dos brasileiros uma nova mentalidade. Industrializar um país não é obra de mágica, que possa ser feita sem preparo ou com sopros de inspiração. É necessário que exista uma mentalidade industrial, um estado de espírito propício ao desenvolvimento.

Chega de saudade, parece resumir o novo presidente. Os tempos, de fato, estão impregnados de um sentimento de esperança. Além da convicção de estar vivendo um momento particular da história brasileira, que descortina oportunidades até então desconhecidas. O adjetivo “novo”, usado a cada passo, rotula com exatidão o espírito da época, no cinema novo, na poesia e no teatro. Os intelectuais formulam um programa de modernização nacional a partir de uma análise do Brasil calçada na oposição entre a velha e a nova sociedade. Vive-se em todos os terrenos, a consciência dessa passagem desencadeadora não só de esperanças como também de generalizada euforia. Houve quem dissesse que naqueles anos dourados não havia quem, conversando com amigos pelo telefone, não escutasse, também, o tlintlim do gelo no copo de uísque.

Em 1955, o Programa César de Alencar, núcleo da galáxia de astros e estrelas do rádio, comemora seu décimo aniversário. A era do rádio tem nesse evento seu ponto mais alto, que assinala também o começo de seu declínio. A partir daí a televisão toma a cena, iluminam novas constelações de artistas a ofuscar os astros do rádio.

Bossa-nova mesmo é ser presidente. A popularidade de JK, carinhosamente chamado de Nonô, promete aos brasileiros transferir a capital federal para o coração do país, criando novo centro para as deliberações do executivo. Com máquinas e materiais viajando de avião, no tempo recorde de mil dias se concretiza Brasília, a cidade do futuro. Tal título, contudo, é reivindicado também pelos paulistanos. E não sem razão. A capital paulista já conta com 12.000 fábricas e dinamiza-se ainda mais a partir de então, para vir a tornar-se um dos grandes centros industriais do mundo.

A febre do crescimento do País se consolidou no seu ponto mais alto com as indústrias automobilísticas sediadas em São Paulo. O Brasil produziu mais de 90% do previsto na meta original do governo, além do crescimento da indústria de autopeças servida por uma mão-de-obra empregada que se multiplica por dez.

Do histórico lançamento da pequena Romi-Isetta em 1955, primeiro veículo automotor de fabricação nacional, ao sofisticado modelo Presidente da Sinca-Chambord, e em 1960, muito chão é literalmente percorrido. Marco decisivo nessa história é a fundição do primeiro motor a diesel para caminhões Mercedes-Benz produzido em escala industrial pela Sofunge.

"O Brasil acordou", comemora Kubitschek nas solenidades de inauguração da fábrica Mercedes, O otimismo do presidente é compartilhado pelos americanos que afirma: "São Paulo, a capital industrial do Brasil, está se convertendo, rapidamente, na Detroit da América Latina. Grandes empresas como a Ford, FNM, Vemag, Volkswagen e a Fiat que chegou bem depois já investiram ali milhões de dólares".

Na verdade, as grandes multinacionais, norte-americanas inclusive, não tardaram a se convencer de que a política do Presidente JK era extremamente atraente para os investidores estrangeiros. Além do tilintar do dinheiro que entrava, a presença de investidores estrangeiros cumpria papel inestimável na mudança da mentalidade empresarial do país.

A internacionalização da economia desempenha um importante papel na mudança, também, dos hábitos e costumes do brasileiro. Uma cultura mais internacional começa a se formar no país. A bossa nova, por exemplo, nascida em apartamentos da Zona Sul carioca, imprime à musica nacional uma sofisticação de base jazzística e disputa a audiência da classe média urbana com rock’n’roll americano, emblema da "juventude transviada" e da rebeldia beatnik. Entre os admiradores desse ritmo, por sinal, não figurava o então governador paulista Jânio Quadros, que em 1957 proíbe à execução de rock em bailes, alegando afronta à moral e à decência.

A proibição Janista contrasta com a receptividade que a música brasileira virá a ter no exterior nos anos 60. A partir do legendário show no Canegie Hall, nos Estados Unidos, em 1962, a bossa nova se fixa como um gênero internacional.

Yes, nós já temos mais que bananas. O Brasil, decididamente, faz sucesso no Exterior. Mas a década consagra sobretudo os esportistas: Adhemar Ferreira da Silva, a tenista Maria Esther Bueno, a seleção brasileira de futebol, os punhos de Eder Jofre.

Na gestão JK a política nuclear alcança nova definição. O presidente designa uma comissão especial para estabelecer uma nova política para o setor, defendendo a vocação nuclear do Brasil e rechaçando o status de parente pobre no campo atômico internacional.

O Brasil tem energia para tudo no início da década de 60: centrais elétricas, petróleo que é, por excelência, a matéria-prima dos produtos modernos que o brasileiro começava a consumir.

Os novos materiais da vida inauguraram uma nova sensibilidade, e, com ela, também a língua se modifica. Um vocabulário americanizado adere à fala do dia-a-dia. contribuíram para isso, os seriados americanos que fazem sucesso na televisão. A programação das TVs brasileiras também muda de cara, com as primeiras transmissões diretas e, sobretudo, com a chegada do videoteipe, em 1960. A TV Paulista, futura Globo leva ao ar com 2 horas de duração, pela primeira vez, o programa Sílvio Santos na esteira do apresentador Abelardo Barbosa, que faz sucesso na TV Rio com a Buzina do Chacrinha. Começa a era dos programas de auditório. O Show está apenas começando.

É em clima de showbiz, que em 25 de novembro de 1960 se ianaugura o 1º Salão do Automóvel, no parque do Ibirapuera. Um dos principais objetivos da exposição é tentar reverter a imagem negativa que acompanha os veículos nacionais.

Conquistar espaço não significa apenas abrir estradas. O símbolo de modernidade chega ao Brasil, o país já fabrica o Bandeirante, primeiro avião comercial produzido no Brasil. Não fosse pelo Plano Piloto que foi concebido para Brasília, em forma de avião, seria pela música de Juca Chaves – “voar, voar, voar prá bem distante”- ilustração sonora da perplexidade nacional diante de um presidente que acompanhava o ritmo dos modernos estadistas mundiais. Voando pelo território nacional, ou em turnês pelos Estados Unidos e Europa, JK conseguiu modernizar o país a ponto de familiarizar os brasileiros tanto com os singelos sofás-cama como com a complexidade dos aviões.

Quando, em 31 de janeiro de 1961, o ex-governador de São Paulo Jânio Quadros é empossado na Presidência da República, o país é outro. Outras serão também, daí para a frente, as perplexidades que tomarão de assalto a população brasileira. Depois do presidente “voador”, o “homem da vassoura” já dava sinal de que as bruxas estavam soltas.

O efêmero governo Jânio termina como começara o Juscelino Kubtschek – afundado numa expressa crise em cujo horizonte já se formavam as nuvens do tumultuado período Jõao Goulart e da reação militar de 1964. A estabilidade e a alegria dos anos JK, aquele barulhinho do gelo nos copos de uísque, ficaram em longínquas lembranças.

 

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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