PROPOSTA DE ENREDO:
Desejamos trazer uma mensagem para a comunidade Perucheana, que pudesse ter sentido prático,
que os motivasse a dar a volta por cima, a fazer uma grande transformação, a sair da estagnação, do derrotismo,
e do conformismo que as vezes nos toma nos fazendo acreditar que nada vai mudar.
Para se fazer uma profunda transformação é preciso ter coragem de viajar para dentro de si e olhar,
os vilões, os amigos, os inimigos que vivem dentro e fora de nós.
Para saltar na vida , para alcançar a sabedoria precisamos nos disponibilizar para ouvir tanto o velho, quanto o novo,
porque o ciclo da vida ora é repetição ora é transformação.
Chegou a hora da transformação Nação Perucheana!
Esperamos que este enredo possa inspira-los, para que como Kirikou o herói desta lenda, o “pequeno que se fez grande”,
vocês possam também se agigantar e voltar a trilhar o caminho da vitória.
Karabá e o Menino do Coração de Ouro, é inspirado numa antiga lenda Africana chamada Kirikou e a Feiticeira,
lenda que virou filme de animação ( franco-suiça ) direção de Michel Ocelot, que viveu a infândia em Guiné, onde conheceu a lenda.
Também há uma versão para teatro musical em cartaz na França.
Conhecer um pouco mais da cultura dos povos africanos através de suas lendas é também conhecer um pouco mais de nossos ancestrais.
Com uma linguagem simples, esta lenda nos apresenta Kirikou que pode ser visto como um mito, como uma metáfora.
Desse modo, o mito não é uma mentira, mas uma maneira de chegarmos a uma verdade profunda,
que nos ajudará a fazer a transformação de um modo de ser a outro.
MONTAGEM |
ENREDO |
Comissão de Frente
Savana Africana |
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ALA 1
Mãe África |
A Mãe África, com seus mitos e lendas, ensina seus filhos a arte de viver |
ALA 2
A Povo da Tribo |
Nossa história começa numa tribo onde um dia a felicidade imperou e seu povo vivia feliz. |
ABRE ALAS
NASCIMENTO DE KIRIKOU |
No meio da África Ocidental, sentado à sombra de um grande baobá, o ancião conta para as crianças de sua tribo a história do pequeno grande Kirikou. que ainda na barriga da mãe disse para ela:
- Mãe quero nascer!
- Uma criança que já fala na barrida da mãe...pode nascer sozinha
E foi assim, que somente com seu esforço, sem contar com ajuda dela, que kirikou escorregou, saiu do ventre de sua mãe enquanto os animais festejavam o nascimento de uma lenda. Ele próprio cortou o cordão umbilical e falou:
Kirikou era muito pequenino, mas já falava andava e corria mais rápido que os animais. Ele era extremamente curioso e logo perguntou:
- Mãe cadê meu pai?- perguntou o menino
- Ele foi lutar contra Karabá a feiticeira - disse a mãe – e ela o comeu. Fez o mesmo com todos os jovens guerreiros de nossa tribo, só restou um, meu irmão, seu tio.
- E onde está ele agora? Perguntou o curioso menino
Está na estrada dos Flaboyans indo combater Karabá a feiticeira
- Então eu devo ajuda-lo! – disse o pequeno, já saindo correndo para se juntar ao guerreiro.
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ALA 3
O Truque do Chapéu Encantado/ Arbustos |
- Então eu devo ajuda-lo! – disse o pequeno, já saindo correndo para se juntar ao guerreiro.
Kirikou logo alcançou seu tio. O guerreiro achou estranho o pequeno menino querer ajuda-lo a combater a poderosa feiticeira, e por isso mandou –lhe embora.
O menino, então correu de volta para a aldeia, encontrou o ancião rodeado de criança e ouviu quando ele dizia:
- Crianças vocês não devem enfrentar a feiticeira, ela engoliu todos os guerreiros de nossa aldeia que tentaram combate-la.
O ancião tinha um chapéu de palha na cabeça, e kirukou teve uma ideia. Tirou-lhe o chapéu numa rapidez tamanha que o ancião imaginou que fosse o espírito do vento que o carregara.
Kirikou era tão pequeno que se escondeu dentro da parte interna do chapéu e o colocou na estrada, bem a frente de onde o guerreiro iria passar. Quando o guerreiro encontrou aquele chapéu abandonado na estrada o colocou na cabeça e seguiu para o templo da feiticeira.
Quando avistou ao longe o templo o guerreiro falou em voz alta:
- Será que eu estou indo para a morte como meus irmãos?
- Não tenha medo tio, eu estou aqui – falou Kirikou
- Você não devia estar aqui! – disse bravo o guerreiro
- Tarde demais, os guardiões já o avistaram.
Os guardiões eram seres estranhos, pareciam seres robotizados, meio máquinas, meio homens. Karabá a feiticeira foi para a porta do templo e falou:
- O que você quer?
- Qual o seu preço para poupar nossa aldeia, parar de tirar nossa água, nos explorar e nos matar? – disse o guerreiro
- Como você ousa se queixar?
Neste instante Kirikou escondido dentro do chapéu o avisou sobre a presença dos guardiões que tentavam feri-lo
Karabá, curiosa com o chapéu falante fez sinal para eles pararem e disse:
- Você tem um chapéu mágico., que fala?
- Sim eu tenho – respondeu o guerreiro
- Eu quero este chapéu! Deixarei sua aldeia em paz se me der este chapéu.
- De jeito maneira! Responde o guerreiro
- Veja bem, ao me entregar seu chapéu, você será o considerado o grande guerreiro de sua aldeia, o homem que trouxe a paz e a felicidade de volta! - Disse ela
- Aceite tio,! - disse Kirikou
O guerreiro aceitou, colocou o chapéu no chão e se retirou. Quando o guardião foi pegar o chapéu, Kirikou saiu correndo carregando o chapéu seguido pelo guardião. O menino se escondeu num arbusto e com as folhas do arbusto fez um chapéu para enganar o guardião, que pegou o falso chapéu e o levou para a feiticeira. Ela ficou furiosa ao ver o truque, e os mandou até a aldeia para buscar o verdadeiro.
Kirikou já na aldeia perguntou ao ancião:
- Por que Karabá é malvada?
Porque ela é uma é uma feiticeira, e toda feiticeira é má. |
ALA 4
Os Guardiões de Karabá |
Os guardiões seguindo as ordens de Karabá retornaram à aldeia e disseram:
- O chapéu não é mágico, vocês nos enganaram! – Como castigo Karabá ordena que as mulheres levem todo o seu ouro para ela – E ai de vocês se esconderem uma pedra se quer! |
BATERIA
Lembrança dos Guerreiros |
As mulheres mesmo contrariadas, foram juntas levar para a feiticeira o pouco ouro que guardavam. No caminho se lembraram dos guerreiros da aldeia, de como eles eram alegres, de como gostavam de tocar seus tambores e lamentaram a falta que eles faziam.
Kirikou foi junto com sua mãe. Ao chegarem lá ele perguntou à feiticeira:
Mas, você é a voz do chapéu! Respondeu a feiticeira
- Eu sou Kirikou, que sabe o que quer! - e perguntou novamente:
- Porque você é malvada?
- Pequeno insolente! - gritou a feiticeira- Eu deveria come-lo imediatamente, mas, você é muito pequeno, vou esperar que cresça mais, então terei algo melhor para comer.
Desapareçam daqui! E ai de vocês se não esconderam de mim uma pepita de ouro em suas cabanas – disse Karabá.
- Seu filho nos envergonha – disse uma das mulheres - Kirikou vai trazer desgraça para nossa aldeia!
- A desgraça paira sobre nossa aldeia faz muito tempo e Kirikou salvou a vida do tio - disse a mãe.
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ALA 5
O Fogo da Ira |
Alguns dias depois os guardiões retornaram com um farejador, para verificar se ainda havia ouro na aldeia. Ele vasculhou tudo e encontrou debaixo de alguns potes, enterrado no chão de uma cabana, alguns colares de ouro. Como castigo puseram fogo na cabana, enquanto todos na aldeia choravam. |
ALA 6
O Rio e a Barca Enfeitiçada |
Kirikou e sua mãe foram buscar água no rio e encontraram as crianças lá brincando. Sua mãe temia que a feiticeira fizesse mal a elas e por isso kirikou ficou de guarda, mas quis juntar-se a eles na água para também brincar. As criança o rechaçaram dizendo que não brincavam com os pequenos, e o empurraram para que se afastasse deles.
Decepcionado Kirikou se sentou triste na margem do regato, foi quando uma linda canoa que estava à deriva surgiu.
As crianças ficaram seduzidas pela belíssima canoa e resolveram subir nela. Kirikou desesperado gritava:
- Não, não subam! É a feiticeira!
- Deixe de ser bobo- responderam as crianças- É só uma canoa.
As crianças subiram e brincavam no interior da canoa, quando a canôa fez um retorno, e acelerando começou a subir rio acima, na direção do templo de Karabá.
Kirikou correndo pela margem, acompanhava a canoa, enquanto as criança gritavam assustadas. Na margem o menino encontrou uma faca no chão, pegou-a, e quando o rio se estreitou ele saltou para dentro na canoa, fez furos no assoalho. A água invadiu a canoa, fazendo a velocidade diminuir, as crianças puderam saltar e nadando foram até a margem. |
ALA 7
Árvores do Mal |
As crianças ainda festejando voltavam para a aldeia quando viram uma árvore diferente e resolveram nela subir.
Kirikou pediu para que eles não fizessem isso, pois aquela curiosa árvore era suspeita, mas eles não obedeceram. Quando estavam no alto a árvore fechou os galhos aprisionando todas as crianças. A árvore então começou a se mover em direção à estrada que levava ao templo da feiticeira. Kirikou, correu, pegou um grande facão e começou a cortar o tronco da árvore, e com a ajuda das crianças que balançavam para que o tronco conseguiu partir o tronco. |
SEGUNDA ALEGORIA
NO TEMPLO DE KARABÁ |
O menino conseguiu salvar novamente as crianças. A feiticeira Karabá em seu templo que ficou sabendo do ocorrido, pelos relatos de seu guardião sentinela, ficou ainda mais furiosa com Kirikou ao saber que ele fora o responsável por dar um fim na árvore do mal também. |
ALA 8
O acidente da fonte maldita |
Dias depois Kirikou intrigado com a fonte de água seca resolveu investigar.
O guardião sentinela que vigiava todos os passos de Kirikou informou à feiticeira que o menino estava indo para a fonte.
- Eu garanto que ninguém nunca saberá o segredo da fonte, mas se por acaso isto acontecer, pagará com a vida- disse Karabá.
Kirikou chegou até a fonte maldita, e curioso acabou entrando pela pequena saída da água, para dentro do fonte. Já lá dentro uma grande gruta se abriu, e, ele pode ver que uma coisa estranha, uma gigantesca criatura engolia toda a água que saia do seio na montanha. Percebendo que ninguém conseguiria entrar naquela gruta para ajuda-lo, tomou coragem, e com um espeto pontudo, furou o anima’, liberando assim toda a água na montanha.
Ao ver a água o povo se aproximou e gritava feliz : “Água”.
Enquanto dançavam e cantavam, celebrando ao redor da fonte, a mãe de Kirukou, procurava pelo menino. Foi então que por instantes a fonte parou de jorrar até que algo pequeno, que parecia estar impedindo a água de correr foi expulso para fora. Era o corpo do pequeno Kirikou.
Sua mãe o tirou da água o apertou sobre seu peito e chorou, enquanto todos silenciaram. A tribo começou a entoar um cântico em louvor ao pequeno menino.
Mas a água começou a sair de sua boca, e tossindo, ele voltou a respirar.
E a aldeia toda se pôs novamente a cantar e dançar feliz.
Mais tarde, descansando em sua cabana, o menino pergunta para a mãe:
- Mãe! Por que Karabá é tão má?
- Eu não sei – respondeu a mãe, Mas, é assim na vida também.
- Eu salvei as crianças e alguns deles não me tratam bem – disse ele
- É assim na vida também, há pessoas que nos tratam mal, apesar de nunca termos feito mal e elas.
- Mas Karabá é muito mais malvada que todos!
A mãe vendo que o menino é um poço de perguntas e questionamentos disse:
- Somente o sábio que mora na montanha poderá responder todas as suas perguntas , ele é seu avô, mora pra lá da feiticeira, do outro lado da montanha proibida
- Posso vê-lo? - Perguntou ele ansioso
- Não! A feiticeira não deixa ninguém passar.
- Porque?
- O Sábio explica todas as coisas, porque vê as coisas como elas são, e a feiticeira quer que acreditemos em ilusões.
- Eu quero conhece-lo , e se eu fosse a noite? assim ninguém me veria passar!
- O sentinela tudo vê. Ele tem olhos especiais que enxergam até uma formiga, mesmo de noite.
- E se eu tiver uma ideia? Você me ajuda? Perguntou ele
- Sim, ajudo – respondeu ela
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ALA 9
O Quatí e os Esquilos |
A mãe, trazendo o pequeno escondido em sua saia, caminhou até próximo do templo da feiticeira, enquanto disfarçava que estava colhendo ervas para um chá. Enquanto se aproximavam eles conversavam baixinho.
- A entrada do caminho para o caminho que te levará está próxima. Ele fica depois das montanhas rochosas, aos pés de um gigantesco cupinzeiro.
- E como eu entrarei no cupinzeiro?
- Ele se abrirá se você for digno
- E você acha que sou digno?
- Sim, acho!
Eles chegaram próximo a uma toca, onde Kirikou poderia se esconder, sua mãe lhe deu a adaga de seu pai, para ele se proteger, e ele rápido avançou pela rede de trilhas subterrâneas criada pelos animais.
Nesta jornada ele enfrentou um gambá africano, que o deixou encurralado, mas Kirikou se fez forte e o espantou. Depois fez amizade com uma esquilo africana e seus filhotes, salvando seus filhotes do carnívoro gambá.
Os esquilos o ajudaram a encontrar a saída no meio daquele emaranhado de trilhas e quando finalmente saíram para a superfície, haviam passado pelo templo da feiticeira estavam bem ao pé de uma enorme palmeira, que os escondia da vista do guardião sentinela. |
ALA 10
O Pássaro |
Mas, ele logo percebeu que teria que sair de lá, tinha que atravessar a montanha rochosa, sem ser visto pelo sentinela.
Foi então que ele teve a brilhante ideia de sair dali, disfarçado de pássaro, assim caso o sentinela o avistasse, não o reconheceria.
Ele se disfarçou com a ajuda dos esquilos usando folhas, flores e restos de penas. Colocou o cabo do punhal na boca para faze-lo de bico e saiu dando pulinhos pelo jardim.
Neste instante apareceu u outra ave, que curiosa veio ver quem ele era. A ave se irritou com a presença dele e começou a gritar alto e a brigar com ele, chamando a atenção do sentinela.
Os esquilos então correram para ajuda-lo, e num momento de distração da ave, Kirikou subiu nas costas da ave que assustada levantou voo levando o menino para além da montanha rochosa, sem que o sentinela percebesse. |
ALA 11
O Javali |
Já no chão o menino amarrou o punhal nas costas e começou e explorar o lugar. Surgiu um enorme Javali que perseguiu Hirikou que se escondia em pequenas frestas de rochas e plantas, mas o javali com seu poderoso faro sempre o encontrava.
Cansado de tanto correr, o menino saltou sobre o lombo do animal se agarrou nos seus pelos e ficou pulando em seu lombo como um peão no lombo de um touro.
Foi então que ele percebeu que o ponto frágil do animal eram as orelhas, e assim segurando em nas orelhas o menino controlou o animal fazendo-o levar até o cupinzeiro. |
TERCEIRA ALEGORIA
O GRANDE SÁBIO |
O cupinzeiro se abriu, mostrando a ele que realmente ele estava no caminho certo, ele era digno.
Logo na câmara de entrada foi recebido por uma legião de pássaros africanos que cantando anunciaram seu nome: Kirikú!
Uma nova porta se abriu e ele então pode avistar o grande sábio sentado no alto de uma escadaria.
-Bom dia meu avô- disse o menino
- Bom dia Kirikú- disse o avô
- Meu avô eu queria ser grande, foi muito difícil chegar até aqui!
- Mas sendo pequeno foi capaz de entrar onde ninguém conseguiria. Fique feliz sendo pequeno, e fique feliz quando for grande – disse o sábio
- Vovô – continuou o menino- Como que Karabá a feiticeira conseguiu colocar aquele monstro tão grande dentro da fonte?
- Ela não o colocou lá! – disse o homem- Ele era pequeno quando entro lá, aos poucos foi crescendo e cada vez sentia mais sede.
- E porque ela devorou os homens?
- Ela não os devorou, isso é o que as pessoas da aldeia acreditam, e Karabá não as desmentiu, porque quanto mais medo as pessoas tem dela , mais poderosa ela se torna.
- Ela não tirou a água da fonte, ela nunca engoliu nenhum homem... você vai acabar me dizendo que ela nunca foi má e que gosta de todo mundo – disse o menino
- Não!, ela não gosta das crianças, despreza as mulheres e detesta os homens- respondeu o sábio
- Porque?
- Por que ela sofre, sofre dia e noite sem parar!
-Porque?
- Ela tem bem no meio de sua coluna vertebral um espinho, que foi profundamente cravado por homens maus e que só sairá de suas costas se for arrancado pelos dentes.
- E porque ela não pede para uma amiga tirar?
- Ela não tem amigas, e ao tirar o espinho ela sentirá a mesma intensa dor que sentiu quando os homens a imobilizaram para que outro cravasse o espinho em suas costas. Ela não quer reviver isto por nada neste mundo! Além disto, existe uma outra razão, o espinho é que lhe dá poderes, e se ele fosse retirado ela perderia os poderes ao mesmo tempo.
- Eu vou retirar o espinho das costas de Karabá, mas antes, será que eu podia sentar um pouco em seu colo?
Seu avô consentiu e o abraçou carinhosamente, depois de alguns minutos o menino falou:
- Vovô, eu me sinto um pouco pequeno, as vezes tenho um pouco de medo, as vezes fico cansado de lutar sozinho, será que poderia me dar um talismã?
- Não respondeu o sábio. A sua força vem da ausência de talismãs, a feiticeira conhece bem o mundo dos feitiços e engana melhor as pessoas que acreditam na força dos talismãs, em compensação ela fica desarmada diante da inocência pura e de uma inteligência sempre atenta. Kirikú estou ao seu lado!
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ALA12
Os guardiões de Karabá |
O menino se despediu do avô e saiu do cupinzeiro e fez o caminho de volta. Fez questão que o sentinela o visse porque assim a feiticeira mandaria os guardiões pega-lo.
Os guardiões não conseguiram encontra-lo porque ele entrou nos túneis subterrâneos e enquanto escavava novos túneis para chegar na parte interna do templo de Karabá ele pensava:
- Preciso arrumar um jeito de atraí-la para fora.
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ALA 13
O Tesouros em Ouro |
Ele finalmente conseguiu chegar no interior do templo sem que ninguém o visse. Logo avistou um cesto com tampa onde eram guardadas as joias e o ouro. Foi então que teve a ideia de rouba-los para atraí-la para fora.
Kirikou abriu uma fenda bem no fundo do baú, fazendo as joias caírem no túnel. |
ALA 14
A Serpente |
O barulho das peças caindo chamaram a atenção da feiticeira que ao descobrir que as joias foram roubadas, ficou possessa.
Para perseguir o ladrão ela ordenou que sua serpente entrasse nos túneis, o encontrasse e o matasse. Kirikou consegui enganar a serpente, deixando a feiticeira fora de si, ela prometeu que ela serpente e a feiticeira ficou tão enlouquecida que prometeu que ela mesmo o mataria assim que ele saísse para fora. |
BAIANA
A transformação do amor |
O sentinela então gritou:
- Nobre feiticeira! Kirikou está com os colares de ouro, ele está correndo pra floresta. Espere ele parou numa árvore, está fazendo um buraco no chão e está indo embora.
- Deixe-o ir, primeiro eu mesma pegarei as joias, depois eu acabo com este Kirikou! -Respondeu a feiticeira
Ela caminhou até a floresta e conforme ela avançava as flores e as plantas ao redor murchavam. Quando encontrou o lugar, se agachou e começou a cavar com as mãos a terra. Kirikou que havia se escondido no meio dos galhos da árvore esperou o momento certo, pulou em suas costas e com seus dentes arrancou o espinho dela.
Karabá deu um longo grito assustador que foi ouvido a milhas de lá. Depois sem forças ela ficou curvada enquanto Kirikou observava que as flores e as plantas ganhavam vida novamente.
Karabá ergueu o tronco, olhou para as milhares de flores que se abriam à sua volta e disse
Ela olhou ternamente para o menino e disse:
- Não dói mais! Como é estranho não sentir mais nenhuma dor, como é bom! Estou livre! A feiticeira com seus poderes desapareceu! Voltei a ser eu mesma!
E olhando novamente para o menino falou”
- Kirikou você me libertou! Obrigada! Como posso demonstrar a minha gratidão?
- Case-se comigo, disse o menino
Karabá achou engraçado o pedido e respondeu:
- Uma mulher não pode casar-se com um menino. Um dia você crescerá e falará isso para uma boa moça. Ela terá muita sorte.
Ele abaixou a cabeça tristonho, mas fez um último pedido:
- Você pode encostar seus lábios nos meus?
- Claro que sim!
Karabá se abaixou e deu-lhe um beijo nos lábios. Foi então que magicamente o menino foi crescendo e virou um belo homem bem na frente dos olhos surpresos de Karabá
- Viu só? Você não perdeu todos os seus poderes – disse Kirikou
Os dois se abraçaram e deram um longo beijo de paixão. |
QUARTA ALEGORIA |
Kirikou queria voltar para a aldeia, então Karabá fez-lhe um traje de flores e folhas, afinal um homem não deveria andar nú.
Na aldeia o povo já lamentava a ausência de Kirikou, o ancião chegou até a dizer que nunca mais eles veriam o menino. Alguns lamentavam nunca terem dito obrigado à ele.
Qyuando Kirikou e Karabá se aproximavam da aldeia ele falou:
- Que saudade de minha aldeia! Ela agora me parece tão pequena! Você vai ver como sabemos nos divertir aqui!
Quando o povo da aldeia viu a feiticeira, saíram gritando assustados.
- Voltem! – disse Kirikou - Karabá não é mais uma feiticeira e eu sou Kirikou!
- Não caçoe da criança que se sacrificou tentando nos salvar- disse o ancião
O povo da aldeia gritava para eles irem embora, foi então que a mãe de Kirikou surgiu, se aproximou, olhou seu olhos, acariciou seu rosto e disse:
- Como você ficou bonito, meu filho!
Alguns pessoas da aldeia começaram a dizer:
- Até que se parece mesmo!
- Mas agora ele está com a feiticeira!
- Ele sempre teve um jeitinho de feiticeiro- disse outro
- Isso não me surpreende em nada,-disse o ancião- Você nós aceitamos, mas a feiticeira não!
- Eu falei a verdade quando disse que era Kirikou, e digo à vocês que Karabá não é mais uma feiticeira
- E daí? O mal que ela nos fez já está feito! E se ela não tem mais poderes, melhor assim , porque nós é que a mataremos – e foram avançando para pega-la.
- Ela não comeu os homens! – gritou Kirikou
- Mentiroso- gritaram as mulheres
Neste instante ouviram-se o rufar dos tambores, que anunciavam a chagada do velho sábio que vinha carregado por muitos homens batendo seus tambores.
O velho sábio então se pronunciou dizendo:
- Kirikou não mentiu, Karabá não devorou os homens, ela os transformou em objetos obedientes, mas Kirikou libertou Karabá do mal, e assim, libertou os homens do encanto.
Os tambores soaram novamente de felicidade, aqueles eram os pais, os filhos, irmãos, noivos, amigos que haviam desaparecido e graças a Kirikou , estavam novamente em seu lar, na aldeia.
A emoção tomou conta de todos com tantos reencontros, e foi assim que a felicidade voltou a imperar na aldeia. |
Mensagens do Enredo:
A criança quer nascer e sabe que tem uma missão. Cada criança é um novo Messias, promessa de felicidade. Kirikou nasce sozinho e sabe que seguirá sozinho a sua jornada.
Ele veio para desvendar um enigma. A vida na sua aldeia estacionou no sofrimento, na submissão, na falta de coragem, na apatia, na resignação. No seu povoado, o destino está traçado e trancado antes mesmo dos homens agirem.
A terrível feiticeira Karabá não admite qualquer outra história que não seja aquela contada por ela. Os personagens devem obedecer ao rumo que é dado às suas vidas, sem questionamentos. Quanto mais o medo toma conta das pessoas, mais a feiticeira impõe a sua história como única versão para a vida do seu povo
Kirikou não se conforma, pergunta, indaga, quer ouvir outras histórias, quer mudar o rumo da história que se repete de boca em boca no seu povoado.
Por queKarabá, a feiticeira, é malvada? Esta é a questão que deve ser desvendada. Kirikou sabe que veio ao mundo para responder essa pergunta e libertar o seu povo. Na sua sábia generosidade, e inocência o menino sabe que todo mal tem uma origem e se empenha em descobrir porque Karabá é malvada para assim através do amor, torná-la boa novamente.
Sua rebeldia o impele à busca de uma outra possível explicação para a maldade da feiticeira Karabá e o sofrimento do seu povo. Percebe que não apenas a feiticeira é malvada, mas que as crianças e os adultos da aldeia também são hostis, mas não enxergam a sua própria maldade.
É preciso entender de onde vem a maldade. Mas, para alcançar esse objetivo, é necessário que o herói se separe da mãe e da sua tribo.
A jornada do herói é a história dessa separação na busca de sua identidade, e da verdade. Essa longa e penosa caminhada é também vivida por cada um de nós, pois a busca da identidade exige o confronto com nossos monstros internos. vilões, amigos, inimigos podem ser encontrados dentro de nós.
Kirikou chega ao mundo para desviar o curso da história do seu povo, da eterna repetição, mas terá de lutar. As resistências são muitas e, por isso, é necessário astúcia, espírito indagador e perseverar sempre. Terá ao seu lado o Sábio das Montanhas, seu avô, que, segundo sua mãe, tem a chave do enigma, porque explica as coisas como elas são. É necessário encontrar o avô para ter acesso ao tesouro maior: a sabedoria.
O encontro com o Sábio acontece dentro de um grande cupinzeiro que só se abre para dar passagem aos homens dignos. Sabedoria exige dignidade.
Para atingir a sabedoria, deve enfrentar as forças do mundo deve experimentar o limiar entre a vida e a morte, parecendo até mesmo estar morto em diferentes episódios, e, então, a ele será dada a oportunidade de viver a ressurreição, renascendo cada vez mais forte, como um outro membro do grupo.
A feiticeira Karabá sofre infinitamente mais do que todos, e é desse sofrimento profundo que ela alimenta seus poderes hostis. É necessário aplacar seu sofrimento para que o mal seja neutralizado. Ela também precisa conquistar o direito de contar para si uma outra história, criar um novo personagem para a feiticeira Karabá. Só assim será possível libertá-la de sua maldade contra si própria e contra os outros.
Kirikou, a feiticeira Karabá e o Sábio das Montanhas nos ensinam a reconhecer na sabedoria a chave para desvendar o enigma, mas também que o caminho para alcançá-la depende da nossa disponibilidade para ouvir tanto o velho como a criança.
Nesse encontro das gerações se elucida o enigma da vida na grande temporalidade, ou seja, a vida é repetição e transformação.
O velho detém, pela experiência construída ao longo do tempo, o conhecimento da história como repetição. O jovem, pela inocência e pela inteligência atenta e livre, detém o poder e a coragem para mudar o rumo da história e trazer a transformação, que se faz possível e plena quando usamos e espalhamos o amor. |