::.. CARNAVAL 2012 - G.R.C.E.S. NENÊ DE VILA MATILDE................................
FICHA TÉCNICA
Data:  19/02/2012
Ordem de entrada:  4
Enredo:  Chica convida...no palácio da Nenê, a festa é para você !
Carnavalesco:  Fernando Dias
Grupo:  Acesso
Classificação:  1º
Pontuação Total:  179,7
Nº de Componentes:  não consta
Nº de Alegorias :  4
Nº de Alas :  não consta
Presidente:  Rinaldo José Andrade - "Mantega"
Diretor de Carnaval:  não consta
Diretoria de Harmonia:  não consta
Mestre de Bateria:  Mestre Renato Sudário
Intérprete:  Celsinho Mody
Coreógrafo da Comissão de Frente:  Marcio Telles e Nilldo Jaffer
Rainha de Bateria:  Déborah Caetano
Mestre-Sala:  Gentil Pessa Filho - "Titio"
Porta-bandeira:  Rubia Angélica
SAMBA-DE-ENREDO
VERSÃO ESTÚDIO
AO VIVO DA AVENIDA

Samba Enredo
Compositores: DOM ÁLVARO/ BETO DO CARTÓRIO/ RODRIGO PEZÃO/ LUCAS B./ BELÃO

 

AMOR OLHE PRO CÉU
E VEJA A LUA COLORIR O LINDO SONHO
NO PALÁCIO AZUL E BRANCO
A CHICA CONVIDANDO
PARA UMA NOITE TRIUNFAL
VEM CELEBRAR AS VITÓRIAS E CONQUISTAS
COM O ORGULHO RENOVADO, SEUS FILHOS EDUCADOS
AS SENHORAS DO ROSÁRIO, A TRADIÇÃO
NA GINGA QUE VEM DO CONGADO
O BATUQUE É DE ARREPIAR
VÔA ÁGUIA GUERREIRA
BRINDANDO O POVO QUE VIVE A SAMBAR

ALEGRIA, ALEGRIA
ZUMBI DOS PALMARES...LIBERDADE
RUFAM TODOS OS TAMBORES, ALFORRIA É A LEI
É FESTA, CHEGOU CHICO REI

PRESSINTO, UM MOMENTO DE SILÊNCIO
É DOM OBÁ E AGOTIME
NUM RAIO DE LUZ INCANDESCENTE,
VINDO FOLIAR COM ESSA GENTE
ANASTÁCIA DOS OLHOS AZUIS
SEM MORDAÇA SEU BRILHO CONDUZ
POLITICA, CULTURA E LITERATURA
A NEGRITUDE QUE RELUZ

ME LEVA Ô ME LEVA, MÃE MENININHA E SINHÁ QUE ESTÃO LÁ
ME LEVA Ô ME LEVA, GIRAM BAIANAS PROS SEUS ORIXÁS

ÓH MÃE ÁFRICA, DA NOSSA MISTURA, NASCEU O SAMBA
E SEUS FILHOS MAIS ILUSTRES
QUE SE ETERNIZARAM NO REINO DE BAMBAS
VEM DO CÉU (VEM DO CÉU)
PRO ENCONTRO DIVINAL
SEU NENÊ E A VELHA GUARDA,
E OUTROS GRANDES GÊNIOS IMORTAIS
ESSÊNCIA DOS MAIS PUROS CARNAVAIS

HOJE A MINHA VILA, É CHICA DA SILVA PRA VOCÊ
É SAMBA NO PÉ É PURA EMOÇÃO, SOU NENÊ

 

SINOPSE DO ENREDO
O Grêmio Recreativo
Autor: Marcos Roza

 

Sou forra, mulher, rainha e mineira. Vivi no Arraial do Tijuco, cidade dos diamantes das Minas Gerais, lá pelos idos do século 18. Fui amada, respeitada, temida, odiada... Meu nome é Francisca da Silva de Oliveira, simplesmente Chica da Silva, negra na cor e mulher de muito valor.

Hoje, em minha paz celestial, decidi dar uma grande festa para ilustres convidados, em homenagem a vitória da liberdade, a literatura, a poesia, a música, ao teatro, ao samba... A cultura dos negros brasileiros.

Nesta festa sem recato, no lugar de navios negreiros teremos carruagens e liteiras douradas, no lugar da dor e da tristeza teremos alegria, e no lugar de grilhões teremos tambores. Que soem os tambores...

Personificada em minha vida e história, da casa dos sambistas faço o meu castelo. Celebro a vida e a Águia da Azul e Branca põe-te a voar, mostrando a glória desse povo que vive a sambar. Por que hoje "No Palácio da Nenê a Festa é para Você. Chica Convida!"

Peço licença aos donos dessa casa. Com o meu orgulho renovado recebo os meus filhos. Todos educados longe do seio materno, meus "mestres de cerimônia" que trazem no olhar o afeto, a alegria do nosso amor eterno.

Em respeito a Vossa História, meus bambas de fato, que girem as suas "senhoras", suas Tias Baianas, sigam o meu cortejo em devoção a Nossa Senhora do Rosário à tradição da coroa. Bailam os negros no ritmo do Congado. Onde o Rei do Congo e a Rainha Ginga são coroados... Em tempo de batuque, é dança pra todo lado, olubajé é o seu legado.

Mucamas, criados, atenção! São muitos os afazeres... Movidos por um sentimento de conquista, glória e paixão, cuidem com apreço dos vestidos, das perucas, das jóias à minha adoração. Como o habitual, tragam flores e águas de cheiro. Enfeitem, de forma sem igual, as paredes do palácio com tecidos coloridos, com palhas secas e fios de sisal. Organizem as louças de porcelanas e preparem um maravilhoso banquete. Com um toque africano e bem temperado, caprichem nos quitutes doces e salgados. Músicos toquem, toquem, toquem... Como a suave brisa que embala a sinfonia dos ventos, apresento-lhes o meu quinteto. Sob as obras musicais, sonatas, transcritas para o meu folheto, trago com requinte e leveza a dança do minueto. Rufam os tambores...

Alegria, alegria! Não é conto, nem magia é Rei Zumbi que acabou de chegar. Cada qual com a sua verdade, Zumbi e mil Palmares contra a atrocidade em nome da Liberdade. A virtude de tornar real o sonho da alforria para muitos negros escravos é a sua lei. Entrelaçado em ouro, das minas, eu, o desbravei... Nem tão pouco sonhei. Aplausos, para o nosso glorioso Chico Rei.

Pressinto! E um repentino silêncio se faz presente. Um trotar sublime e envolvente ganha espaço reluzindo-se como uma estrela incandescente. É Dom Obá e Agotime, que a bordo de uma carruagem resplandecente, chegam para desfrutar da alegria de toda essa gente.

Tudo acontece ao mesmo tempo. Ganha movimento e os negros escravos vão se livrando dos seus tormentos. Brilha a este espírito de consagramento, a altivez do que é incomum, a atitude à eficácia, de uma "santa de olhos azuis". Chega, livrando-se da mordaça, entre a luta e a sua audácia, a negra, que história batizou de Escrava Anastácia.

"Não se ri do destino". A sua arte floresceu dos sonhos de quando ainda era um menino... Esculpe e dimensiona o seu cenário projetando ao mundo a tradução dos seus santinhos. Isso tudo me fascina, assim, como contemplo a cultura em meu caminho, vou saudando a criatividade de Antonio Francisco Lisboa, o nosso querido Aleijadinho. Iluminem este palácio. As palavras vão dando conta do meu prefácio. A persuasão ganha vida, meio a discursos, projetos e publicações, uma revolução. Rumam à vitória da tão sonhada Abolição.

Para minha grande festa, de forma exuberante e curiosa, tem gente que vem de barco, o meu maior fascínio. Recebam o Almirante Negro, o engenheiro André Rebouças e o político José do Patrocínio. Assim como sempre quis a essa altura, em noite de festa e de gente feliz, personificado em verso e prosa, seu nome é Machado de Assis. Como em Memórias Póstumas de seu personagem define sua diretriz: a cada poema, crônica, frase um dissabor. Ora extraídos da dor, ora preenchidos com a docilidade deste grande escritor.Entre linhas revelo o que sinto. O contemporâneo, ao meu olhar, deixou de ser um mistério sucinto.

Sob a magnificência de um poeta, dedicado às letras, descobri a Pátria Mãe gentil: Cruz e Souza o maior autor simbolista do Brasil. Vamos celebrar a glória de um povo que sabe rezar. Tantas origens de tal profusão. Tem batuque? É gira de candomblé. Lá vem Tia Ciata, Mãe Menininha do Gantois ao culto sagrado, que faz da reza um canto, a cada mãe de santo, um axé. Mas quem pode com mandinga não carrega patuá. Peço licença ao Ketu, ao Jejê e ao Nagô, para louvar o Orixá da justiça, nosso Rei Xangô. O conto que a gente canta é a história que o povo faz.

É o samba que os males espanta dos sambistas imortais. Certo do me conduz, vamos cantar sambar ir além do que propus. Unindo a moderna cultura negra brasileira à Mãe África com os belos sambas de Clementina de Jesus.

Nesse reduto de bamba, onde tudo é versado, vou deixando o meu recado. Entre o erudito e o popular ouço Clara cantar, vejo Chiquinha Gonzaga, ao som do piano, abrir alas pro meu povo passar. E sob a regência do maestro renomado, que de Carlos Gomes fora batizado, contemplo um "Guarani" a descansar.

Não há aquele que não preste atenção, na melodia de uma simples canção e não leve consigo o acorde "Carinhoso" de Pixinguinha em seu coração. Um marco ou um dilema? É Grande Otelo interpretando nas telas do cinema. Chega sem choro e sem dor, esbanjando alegria, com suas diversas formas de fazer humor.

Um importante momento! Inicia o primeiro ato da peça "Aruanda" dirigida por Abdias do Nascimento. Um súbito encantamento toma conta de todos. E não é pra menos: elevar a autoestima do negro brasileiro era o seu principal argumento. A grande festa é a esperança, faz aliança é união. Com seu estandarte exalta a arte e acende as luzes da imaginação. No passo desse compasso o samba se une numa apoteótica celebração: Seu Nenê, Seu Inocêncio Mulata, Seu Carlão, Seu Pé Rachado e Dona Madrinha Eunice a inspiração.

E desse encontro mágico e universal chamado carnaval, bate forte o coração. A Nenê de Vila Matilde confraterniza, entende as razões, que no mundo do samba vale-se muito quando se respeita os pavilhões. Recebe Ismael Silva da Estácio de Sá, Cartola da Mangueira, Dona Ivone Lara do Império Serrano, Seu Calça Larga do Salgueiro, Paulo da Portela e estende nesta Avenida a sua maior paixão... De braços dados desfila o enredo do seu samba, ao lado desses eternos guardiões.

 

Celebrem, cantem forte, ninguém há de duvidar, que a Nenê é Chica da Silva e Chica da Silva é Nenê! Porque nascemos pra brilhar.

 

FANTASIAS


No h contedo para este opo.



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