
Nós, habitantes do mundo aldeia globalizada, conquistamos quase todos os caminhos das ciências e boa parte das técnicas. Somos hoje capazes de enxergar o que muitos homens foram sequer capazes de imaginar, todavia a virada do milênio nos abre uma série de questionamentos. Estamos novamente diante da tríade filosófica: De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? O mistério, o mágico e o absoluto estão a nos rondar novamente.
O homem da era dos computadores tem seu olhar voltado aos grandes mestres da Idade Média. A historiografia moderna descobre que a era das trevas foi na verdade um período que marcou as bases da nossa cultura. Os grandes sábios como Leonardo da Vinci e Tomás de Aquino, antes interpretados como visionários são redescobertos como homens que buscavam a cultura através da magia e alquimia e não simplesmente curiosos que estavam presos a um ritualismo primitivo. A troca de culturas no período medieval foi fantástica, graças aos relacionamentos entre diversas culturas conseguimos nos desenvolver como cultura ocidental.
Dentro deste universo de grandes descobertas nos deparamos com a figura de um sábio que conseguiu transpor as barreiras de tempo e enxergou o futuro: Nostradamus.
Michel de Nostradamus é a figura medieval que intriga cientistas, assombra religiosos e fascina a todos por sua capacidade de prever o futuro. Nostradamus atingiu o ápice da magia. Como médico combateu a peste negra com sucesso. Como alquimista elaborou uma série de receitas que eram consideradas milagrosas, como astrônomo, vislumbrou o Universo. Como astrólogo, fez uma série de mapas astrais com exatidão perfeita. Mas foi como profeta que seu nome atravessou os últimos 500 anos e chegou ao século XX respondendo nossas dúvidas sobre o futuro.
Nostradamus, em suas previsões, enxergou as principais mudanças políticas e sociais da Europa e da América. Como homem da ciência, ele preferiu não explicitar a verdade, preferiu fechar suas previsões em centúrias cheias de expressões idiomáticas e certos enigmas, e ainda desobedeceu a ordem cronológica. Assim suas previsões atravessaram os séculos e somente homens da ciência são capazes de interpretá-las com certa exatidão.
As centúrias foram interpretadas por uma série de sábios, impostores, estudiosos, oportunistas e até por gente simples, sem que jamais houvesse uma interpretação dita definitiva.
É interessante perceber que todas estas interpretações acabaram por serem integradas ao inconsciente coletivo e acabaram se transformando numa grande interpretação surreal.
Os olhos do Nostradamus previram as principais mudanças históricas dos últimos 500 anos. Seu olhar esteve nos salões gloriosos da França absolutista. Acompanhou os revolucionários e seus barretes vermelhos, viu rolar as cabeças coroadas e as simples durante o regime de terror. Vislumbrou a ascensão de Napoleão a quem chamou de Anticristo pela ambição descontrolada. Seus olhares observaram o uso de aviões na Primeira Guerra Mundial. Viram a ascensão do Nazo-Facismo e descreveu Adoph Hitler como sendo outro Anticristo. Seus olhos viajaram através do Atlântico chegando até o Novo Mundo, onde viram o desenvolvimento dos Estados Unidos como nação democrática e a chegada do homem na Lua.
Como previsões do Milênio, Nostradamus prevê um grande eclipse que se caracterizará por um período de grandes contradições e desencontros de valores. Este período será marcado pela vinda de um Anticristo que surgirá no Oriente e abalará o mundo. Quando o homem achar que o mundo estará destruído surgirá um período de grande paz. O demônio será acorrentado e teremos então o primado da Era de Aquarius. A paz e a esperança caminharão de mãos dadas. O homem novo surgirá trazendo dentro de si a semente da alegria e a certeza de novos caminhos.
O desfile Vai-Vai se definirá como delírio, pois mesmo seguindo certa linha cronológica dos fatos descritos por Nostradamus, estamos brincando com as interpretações. O desfile será uma visão carnavalesca e enlouquecida do homem que viu o futuro da humanidade e se tornou uma centelha de esperança ao homem deste final de milênio.
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