Em dezembro de 1908 começa a delinear a
história da cidade de Araçatuba, com a construção da estrada de Ferro
Noroeste do Brasil. Esta estrada do início do século vinte fez parte de
uma política de interiorização do país e sua ligação com os outros
países da América do Sul. Produto desta política que surgiu em Araçatuba
uma estação, cravada no meio da mata, na terra dos indígenas Caiagangues,
que o nome (Araçatuba) tem o significado de "abundância de araçás", esta
fruta silvestre que todos nós conhecemos.
Com esta política de interiorização a
população foi gradativamente substituída pelos imigrantes que a partir
de 1920 começaram a desbravar esta terra e a desenvolver a cultura do
café. Para as terras de Araçatuba colônias de japoneses e italianos se
deslocaram, logo depois a imigração espanhola e portuguesa, chegando em
1930 ao número de aproximadamente 13.365 imigrantes.
O povoamento de Araçatuba por diferentes
imigrantes, além de proporcionar sua integração, com a combinação de
diversas culturas, levou também a um ecumenismo coexistindo diferentes
manifestações religiosas. Assim, foi desde o início, com a primeira
capela em 1912, seguido em 1922 pela Igreja Metodista, pelos japoneses
com a Paróquia de Santo Estevão, templos budistas e terreiros de
candomblé. Araçatuba sempre foi à terra do convívio da diversidade
cultural, da diversidade religiosa e de forte inclinação para o
progresso.
Foi justamente esta terra que
proporcionava farturas que neste período, também em Araçatuba se
proliferam os "Barões do Café" que desfilavam por uma cidade próspera as
suas sinhazinhas.
A partir de 1930, dois fatos históricos
deram contornos a nova mudança no contexto econômico e político de
Araçatuba: primeiro a Revolução Constitucionalista, que teve na cidade a
montagem de pelo menos dois batalhões que defenderam o estado e até hoje
são contadas as suas bravuras; a segunda foi a introdução da cultura do
algodão, já como reflexo da crise de 1929 que abalou o mundo e derrubou
o preço do café no comércio internacional.
A agricultura sofreu com crises cíclicas,
a inconstância dos preços internacionais, e a partir da década de 40 a
região foi atingida por fortes geadas. Assim a melhor solução para o
declínio da produção do café, além da associação de outras culturas, foi
a transformação de vários campos em pastagens para gado.
O gado vinha de Goiás e Mato Grosso,
chegava muito magro na cidade, o que fez os produtores desenvolverem
técnicas e expertises na engorda bovina, tornando-se o maior centro
produtivo de corte do Estado de São Paulo, o que na década de 60 torna a
cidade conhecida como "A Cidade do Boi Gordo".
O crescimento da cidade sempre conviveu
pacificamente com as margens e com as águas do Rio Tietê, que são limpas
e se tornam fontes de energia e de vida.
Convivendo com a agropecuária e
favorecimento pela topografia, solo e clima favorável, o cultivo de
cana-de-açúcar também se desenvolve na cidade, que com mão de obra
especializada e facilidade de escoamento da produção se tornou sede de
um dos maiores terminais sucroalcooleiros do Estado, produzindo açúcar,
tecnologia e combustível para o Brasil.
Do processo de leite à máquinas de lavar
roupas, passando por extrato de tomate e conservas, móveis planejados,
medicamentos fitoterápicos, equipamentos hospitalares, produtos
químicos, instrumentação de alta tecnologia e confecções são atividades
também desenvolvidas hoje na cidade, fruto do processo de
industrialização que chegou à cidade de Araçatuba e do chamado
progresso. Este progresso foi quem levou para Araçatuba o pioneirismo no
asfaltamento de ruas em se tratando de uma cidade do interior paulista,
são as ruas do progresso. Progresso esse que trouxe novas preocupações,
como a preservação do meio ambiente, o que levou a cidade a desenvolver
no seu território a coleta seletiva, impedindo que toda uma riqueza de
produtos seja jogada no aterro sanitário, preservando a natureza e
produzindo riquezas.
Araçatuba também é um grande centro
regional estudantil, possuindo quatro universidades, uma fundação e
diversas faculdades. É um grande pólo formador de mão-de-obra
especializada, abrigando estudantes de todo o Brasil e formando mentes
brilhantes. Talvez seja justamente esta característica que levou
Araçatuba a ganhar diversos prêmios, títulos e prestígio.
Araçatuba apresenta grandes eventos no
decorrer do ano, como a Festa do Boi Gordo, a Feicana, a Expo Araçatuba,
a Motofest, o Baile do Bixo e Fantoledo. Essa alegria combina muito com
o espírito de sua população que lotam as noites aos bates, restaurantes,
sendo ainda uma nostálgica manifestação de boemia.
INTRODUÇÃO TEMÁTICA
(Texto fictício, usado como base para a
montagem do desfile, e orientação aos compositores)
Entrei no túnel do tempo e viajei por
décadas e histórias. Em 1908 encontramos uma estação pequena, mas que me
chamou a atenção, pois era rodeada de uma mata, no meio da floresta e
com pássaros a cantar. Tinha plantas frutíferas, principalmente uma que
chamavam de Terra do Araçá - Araçatuba. A música dos pássaros me chamou
a atenção, tanto quanto aquele simpático senhor, com seu uniforme e
quepe gritando: "O trem vai sair, quem quiser viajar tem que entrar
agora, a distância é curta e bonita, mas a viagem é longa e demorará
décadas. Nossa escola entrou neste trem e sentamos na janelinha, pois
queríamos observar cada detalhe da natureza, cada momento sublime da
história. A primeira coisa que nos chamou a atenção foi que um povo
diferente, vestido com penas, cocares e corpo pintado, na medida que o
trem andava iam ficando para trás, sumindo, não na distância dos
dormentes da ferrovia, mas no tempo. Aos poucos o som dos pássaros é
totalmente encoberto pelo som da locomotiva e da janela não mais se via
aquela vegetação nativa e sim uma outra, também de folhas verdes, mas
com pequenos frutos vermelhos. O povo que se avista, era também
diferente, com lenços amarrados à cabeça e chapéus de palha, cestos e
peneiras de palha. Tinham uns com pele mais branca, outros de olhos
puxado, misturados com outros com peles negras e de diferentes línguas
japonesa, italiana, espanhola e portuguesa. Logo avistamos uma placa e
percebemos que avançamos no caminho, estamos na década de 20.
Estranhamente vemos construções se erguendo, uma maior do que a outra,
que logo percebemos que é a casa da fé, primeiro uma capela, depois
centro budistas, religiões africanas, rezas para Deuses, santos, budas e
orixás: expressão das várias manifestações de fé".
Nossos olhos atentos à paisagem
esbugalham-se ante as inúmeras plantas com pequenos frutos vermelhos,
andando pelas carreiras barões e sinhazinhas ostentando luxo e riquezas
no meio da lavoura. Antes que pensássemos em decifrar o motivo de tal
progresso, a resposta veio de dentro do trem, quando aquele simpático
senhor com umas xícaras na bandeja nos oferece: - querem café? Bastou
uma gorpada para deliciarmo-nos com aquele sabor e viajarmos no aroma,
mas não deu tempo de tomar o segundo gole, olhamos pela janela e
avistamos um mar branco em meio a folhas verdes. Chamamos o simpático
senhor e indagamos: Que mar é esse? De pronto e espantado ele responde é
algodão, não perceberam que estamos na década de 30? Logo em seguida ele
completa: -fechem as janelas, pois temos dois batalhões de soldados lá
fora. Não se preocupem é só por precaução, pois eles não lutam contra
nós, são soldados da revolução, são constitucionalistas. Passamos a
olhar aquele batalhão com suas fardas, seus capacetes e suas armas.
Os batalhões passaram, a lavoura foi
destruída. O simpático senhor passa, agarramos sua camisa, e
perguntamos: - Senhor porque os soldados destruíram a lavoura de café?
Sorrindo ele nos responde: -Não foram os soldados, e não existe lavoura
que resista a uma tal de crise de 29 e agora essa geada da década de 40.
O trem avança e passa e a imagem é de um
campo com vegetação baixa que vai até o horizonte, Nele tem uns animais
diferentes daquela da floresta. No início uns animais magros, mas na
medida que os anos vão passando eles vão ficando robustos, gordos.
Chegamos na década de 50. Têm alguns homens vestidos com chapéus,
montados em cavalos gritando: ô, ô... Xoô Boi-Gordo. Opa tem uma placa
com os dizeres "1960 A Cidade do Boi Gordo".
O trem voa, na história e no tempo e a
sinalização da rodovia nos alerta: estamos na década de 70. No rumo das
placas, bem lá longe avistamos um imenso rio e milhares de pessoas
bebendo da sua água, essa fonte de vida eles chamam de Tietê.
No campo começam a brotar umas varas. Mais
uma vez socorremos ao simpático senhor para saber que mar de varas
saindo da terra era aquele. Ele nunca disfarçava seu espanto com nossa
ignorância e respondeu: é o açúcar que adoçou o teu café, é o
combustível para aquelas locomotivas que vocês vêem lá fora, é um tal de
próalcool.
Nosso olhar se volta para a janelinha e
logo percebemos que a nossa volta tem milhares de pequenas locomotivas
com rodas, e que aquela terra marrom foi substituída por uma cinzenta,
escura que eles chamam de asfalto. Do outro lado, porém, avistamos umas
torres esquisitas, que pelas suas bocas soltam fumaça. Acostumados com
ficção ignorantes indagamos: -Senhor, aquilo não é um Dragão, não é
fogueira, não são nuvens, então o que poderia ser? Ainda mantendo uma
calma admirável, ele nos diz que é o processo de industrialização, são
fábricas, tecelagem, e nos alerta: - vocês não viram a sinalização da
década de 80 e 90 passar? É tudo isto que transforma a natureza no
chamado progresso, mas agora percebemos que o lixo do luxo tem que ser
reciclado para manter a natureza.
Nossa admiração por aquele simpático
senhor aumenta, a curiosidade toma conta e resolvemos fazer uma última
indagação: Senhor como o senhor sabe de tudo isto?
Ele nos responde: Nasci aqui, vivi aqui,
amo esta terra, sou desta cidade e toda minha sabedoria vem dali - e nos
aponta vários prédios. Passamos a ler os letreiros e ao lermos
compreendemos. Em cada prédio lavrado alguns significados: universidade,
colégio, escolas e educação. Todos os anos essa história é motivo de
festas, comemorações, brindes e prêmios.
Logo aquele simpático senhor nos avisa:
esta viagem termina aqui, para começar outra tão linda e próspera como
esta. Descemos do trem e percebemos que não saímos do lugar mesmo
viajando para tão longe: continuávamos na mesma linda e alegre cidade e
na placa da estação estava escrito: 2010 Araçatuba Estação do Futuro.
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