1º SETOR – A MIGRAÇÃO NORDESTINA AO SUDESTE
No primeiro setor vamos apresentar a história que deu origem as Favelas no Brasil a partir do nome que vem de uma árvore, só poderia mesmo render frutos importantes para o desenvolvimento do projeto carnavalesco. Juntamente vamos exaltar a saga do povo nordestino que construiu e constrói em imensa porcentagem as estruturas do nosso país. Para isso é importante tomar conhecimento de uma grande revolta acontecida há mais de cento e dez anos no Sertão da Bahia.
A situação de miséria e descaso político no sertão nordestino no final do século XIX fez nascer um movimento messiânico de grande importância. Liderados pelo beato Antônio Conselheiro, o grupo de miseráveis fundou em pleno sertão da Bahia o arraial de Canudos que logo causou ameaças à ordem estabelecida pela recém inaugurada República.
A guerra seria uma das mais sanguinárias revoltas populares da história do Brasil e a capital federal, preocupada com uma revolta hora de ideais monárquicos, hora religiosa pudesse abalar os planos políticos atuais. O Rio de Janeiro sendo a capital federal enviara soldados por diversas vezes para combater em defesa republicana.
Após a derrota de Canudos, e o extermínio de até 25 mil miseráveis e jagunços, muitos soldados combatentes voltaram para a Capital Federal e foram abrigados em morros da zona norte carioca juntamente com ex-soldados da guerra do Paraguai, uma maioria constituída por negros, além de outros tantos negros recém libertos da escravidão com a Lei de 1888.
Por fim, a guerra de Canudos deu origem a um dos clássicos da literatura brasileira “ Os Sertões” de Euclides da Cunha, na época enviado pelo Jornal O Estado de São Paulo fora como repórter investigar a vida do povo do sertão brasileiro. Tamanho valor da obra onde se encontrava a frase “ O sertanejo é antes de tudo um forte”, serviu como ponte para o Movimento Modernista, agitação cultural que revalorizou a arte e o artista brasileiro.
O descaso político ao povo nordestino se transformaria cada vez em mais força do povo para sonhar e lutar por uma vida melhor. As cores e as dores do povo do sertão seria conhecida em todo país. Os nordestinos migram em maior parte para a região sudeste do Brasil em busca de um lugar ao sol, de reconhecimento e respeito por seus costumes e sua gente. Parte assim o sertanejo como a Asa Branca que bateu asas do sertão.
2º SETOR – A EXCLUSÃO NEGRA E O SURGIMENTO DAS FAVELAS
A fuga para os morros nada se tinha a ver com opção habitacional. A população considerada pobre e excluída havia sido toda despejada para o pé dos morros já que o rio de Janeiro influenciado pelo glamour de Paris, e inspirado na arquitetura e os movimentos franceses da belle epoque , somada a chegada da light, planejava reestruturar uma cidade onde não havia espaço para os miseráveis, negros, nordestinos e excluídos da sociedade.
A literatura da época pré-modernista mostrava bem o perfil suburbano do povo, a falta de saneamento básico abalava a saúde de toda a população e os sonhos de progresso republicano da época.
Invasores dos morros do sertão (Canudos) onde se ocupava arbustos chamados favelereiros, o apelido favelado então se espalhou e virou sinônimo de aglomerados, vilas, e habitações do povo mais carente que abrigava esses morros. Assim como as tias baianas, mães de santo, muitas perseguidas pela polícia e proibidas de exercer seus cultos religiosos, outros também chegados após a revolta de Canudos se unem e exercem forte influência com sua musicalidade abrindo total espaço para o Universo do Samba, assim como abriga dezenas de compositores, músicos e tantos mestres da música popular brasileira, além de ser especialmente um dos berços das Escolas de Samba que mais tarde seria o grande motivo da nossa existência quanto entidade cultural ( Escola de Leandro de Itaquera) . O povo desce o morro pra brincar o carnaval.
3º SETOR - A FEBRE DO PROGRESSO PAULISTA – O BRAÇO FORTE DO PAÍS
Quando vim da minha terra
Não vim, perdi-me no espaço,
Na ilusão de ter saído.
Ai de mim, nunca saí.
(Carlos Drummond de Andrade)
Já no início da década de 40 migrantes nordestinos somados a tantos imigrantes europeus e até asiáticos construíram a maior cidade do Brasil e ergueriam a febre do progresso num delirante sonho de conquistas que atrairia milhares de nordestinos rumo ao sudeste. Esse dado até hoje ainda é muito forte.
Como mão de obra braçal de grande esforço físico o nordestino enfrenta o dia a dia das conduções acompanhando o progresso de São Paulo. As favelas tomam conta de todo o país. Alguns abrigos erguidos pelo governo estadual que na época até incentivava a migração de nordestinos não vencia a chegada.
Muitos anos se passam, a cidade se transforma numa metrópole de sonhos, e as periferias vivem todas as suas dificuldades. Meios de transportes, enchentes, saneamento básico, pouco acesso à educação, menos ainda a cultura. Uma história bem conhecida e revelada nos jornais do dia a dia, porém, pouco percebida pela maioria dos governantes que não dão conta da grande população carente.
Mas a união promove novas lutas e a periferia se levanta feliz para o seu progresso.
4º SETOR- CENTRAL DA PERIFERIA- O POVO BRASILEIRO MOSTRA O SEU VERDADEIRO VALOR
A Leandro de Itaquera residia em um dos maiores bairros do Brasil, não poderia deixar de exaltar sua gente e se incluir nela como grandes guerreiros cidadãos da periferia para o mundo.
Hoje o nosso carnaval faz grande festa em homenagem as periferias não somente de São Paulo, mas de todo o Brasil, inspirado no programa de TV Central da Periferia, da nossa rainha e musa inspiradora do povão Regina Casé, assim como os parceiros Hermano Viana e Guel Arraes, que contribuiu muito para mostrar os verdadeiros valores do povo das grandes favelas e vilas e até mesmo bairros inteiros que dominam nossas cidades.
A periferia é a maioria, nela que acontecem as coisas. Ela é o verdadeiro centro.
(texto do programa Central da Periferia)
O povo faz seu próprio país, suas justiças, enfrenta suas pragas, suas epidemias, sua saudade e seus resgates construindo seu jeito de viver e nunca deixar de sonhar com uma vida melhor.
Nesse setor específico, vamos alegrar o carnaval com toda a periferia em movimento. Ações sociais, cultura, educação, combate a violência, organizações, costumes curiosos, costumes tradicionais, humor, esporte, lazer em geral. Como vive a periferia?
Miscigenada, ainda marginalizada, mas acima de tudo forte, bem parecida com a frase de Euclides da Cunha, bem saudosista como o texto de Drummond e bem alegre como a nossa musa Regina Case, o povo que faz a história real desse país passa energicamente em nosso carnaval suburbano.
5º SETOR – SALVE, SALVE A NOSSA RAINHA- REGINA CASÉ
Regina Maria Barreto Case nasceu no Rio de Janeiro 25 de fevereiro de 1954 em pleno carnaval. Grande atriz brasileira. Surge e destaca-se no Asdrúbal trouxe o trombone, grupo carioca que marca o teatro na década de 70. Seu estilo irreverente de interpretar – o improviso a naturalidade que confunde personagem e atriz, a caricatura, o humor e o deboche – define o próprio temperamento de Asdrúbal.
Na televisão emplaca sucessos em novelas como Cambalacho, minisséries como a mais atual Amazônia, e programas humorísticos como o famoso TV Pirata, mas seu destaque maior e mais atual é o programa Central da Periferia e Minha Periferia é o Mundo, o segundo apresentado no Fantástico aos domingos. No cinema também atua em grandes sucessos como Eu, Tu, Eles.
Em nosso carnaval Regina Case coroada como uma verdadeira Rainha da Periferia. Vamos homenagear além do seu talento inconfundível, toda a sua dedicação pelo povo do subúrbio. Humorada como sempre esse será o melhor espelho para o sucesso do nosso carnaval. A vida, a obra e a genialidade de Regina Case. Salve, Salve essa Grande Mulher.