Durante milhões de anos, as gemas e os metais preciosos ficaram sepultadas na profundidade da terra, sob a areia ou no coração das montanhas, ocultando seus fulgores. E somente quando o homem as trouxe à luz, elas revelaram um brilho semelhante ao das estrelas, que contemplam impassíveis, lá do alto, o passado e o futuro que brota...
O começo de tudo
Depois de uma formidável explosão cósmica, uma imensa massa incandescente lentamente esfriou... Criou-se um esplêndido berço para o aparecimento da vida...
Por toda parte surgiram milhares de criaturas e das formas mais diversas. Elas se espalharam nos mares, rios e cachoeiras de águas cristalinas, nas florestas, desertos e campos. Eram magníficos animais com chifres, pêlos coloridos, garras, dentes e detalhes extraordinariamente atraentes.
No crepúsculo da vida na terra, nas trevas milenares de uma caverna que escancararam suas bocas nos declives das montanhas, o homem primitivo, de cor pálida e quase sem pêlos, com muito pouco atrativo em meio em tão exuberante ambiente, tinha apenas a capacidade de refletir e reconhecer o belo.
Então, estes homens primitivos, que escalará penosamente, passo a passo, os degraus da civilização, guiados pela chama vivida de sua inteligência, soube impor lentamente, seu domínio à natureza hostil.
Num belo dia, este homem primitivo, depois de comer sua caça, um faisão dourado, resolveu aproveitar as lindas penas, para se tornar mais atraente e chamar a atenção de sua amada. Estava criada a primeira peça de adorno. Um signo muitas vezes caracterizado como jóia e usado sobre o corpo. Feito de materiais preciosos como metais, pedrarias ou imitantes, podendo ainda ser artefato de significativo valor artístico, mágico ou símbolo de poder.
Um adorno também pode carregar atribuições esotéricas. Segundo as interpretações de vários povos e culturas, tais relíquias traduziam-se também como verdades espirituais.
O homem, desde os primórdios, produziu elementos artísticos associados a adornos. Assim, revelava sua criatividade e dimensão estética do mundo material, além de suas representações simbólicas.
É possível presumir que, a principio, o homem das cavernas tenha recorrido a abjetos de fácil manipulação, encontrados na natureza, em abundancia, para produzir suas peças.
Independente das diferenças étnicas, geográficas, topográficas e topológicas, durante toda a história, o homem criou e produziu objetos para enfeitar, agradar e seduzir. As jóias revelam-se perfeitas para esses fins.
O papel do adorno, em qualquer tempo ou lugar, tem a intenção de construir novas linguagens e é eficiente na elaboração da identidade e denota diferenças de desejos no homem.
A relação do homem com os minerais preciosos
O misterioso relacionamento que o homem tem com as gemas, demonstra que existem muitos mistérios que a inteligência humana é capaz de explicar e compreender. E isto o assombra. A Alquimia, da qual derivou a moderna química, era na Idade média, a arte com que se pretendia penetrar nos mistérios da Natureza e descobrir a pedra filosofal e o elixir da longa vida. As pedras preciosas constituíam a base dos estudos e da magia.
As jóias, ornadas com pedras preciosas, sempre provocaram assuntos diversos devido a sua sugestiva beleza e seu valor às vezes inestimável. Possui o sinistro poder de despertar no homem a cupidez.
As gemas, usadas como adornos, está incorporada na história do homem e o ajuda a vencer todos os seus medos, a dominar as angústias e os temores provocados por coisas acima de sua compreensão. Elas são definidas nas superstições ou crenças populares. Elas ainda proporcionam o prazer das pessoas se sentirem atraentes.
Os metais exerceram um verdadeiro fascínio desde os povos nômades. No período neolítico, passando pelos povos antigos, juntamente com a descoberta da cerâmica, o cobre e o bronze foram metais que sempre estiveram presentes na produção das jóias criadas como adorno.
Na Mesopotâmia foram descobertos nas escavações de suas tumbas e templos, atividades artísticas importantes de trabalhos com metais. As formas expostas nessas peças revelaram um naturalismo um tanto ingênuo com certa obsessão pelos detalhes ornamentais. Em todos os objetos havia um valor transcendental das forças da natureza e a esperança de uma vida após a morte. Os mais valiosos eram enterrados nas tumbas e sempre ligados ao mundo espiritual.
Os magníficos tesouros dos Faraós
Os egípcios, foram sem dúvida, em todos os tempos, uma das culturas orientais mais admiradas e estudadas pelas nações ocidentais pela beleza de sua arte e principalmente, pela exuberância de suas jóias.
Os delicados trabalhos desse povo, nos objetos de uso diário e na ourivesaria, refletem no apogeu de uma cultura que perseguiu, na beleza indescritível de suas manifestações artísticas, atender às oferendas para suas inúmeras divindades e cada qual, nas mais diversas situações. As entidades eram representadas pelas esculturas com corpo de homem e cabeça de animal e eram trajadas com as mesmas vestimentas usadas pelos faraós, considerado um deus na terra.
A arte da ourivesaria, por sua maestria e beleza, é suficiente para testemunhar a elegância e a ostentação das cortes egípcias. Os materiais mais utilizados para a produção das jóias era o ouro, a prata e as pedras preciosas. Elas sempre tinham uma função específica, como um talismã, assim como outros objetos elaborados para serem expostos ou usados nos templos e tumbas. Os ourives também colaboraram na decoração dos templos e palácios, ao revestirem os muros dessas construções com lâminas de ouro e prata, lavradas com inscrições gravadas em seus monumentos.
As jóias na Idade Média
Com a Queda do Império Romano e o início do período medieval, a figura do artista passa a ter outra referência. Devido ao poder totalitário da igreja, a liberdade de criação foi substituída pela cópia. Com base nas formas estabelecidas, a ourivesaria fica voltada para as questões religiosas.
Esse tipo de arte atingiu a perfeição no período gótico e românico, quando os relicários, cruzes e cálices são produzidos com uma beleza técnica infinitamente notável.
Os braceletes eram usados como amuleto do amor e tanto poderiam sugerir os mistérios do céu ou as delícias do jardim do pecado. Os colares também eram usados pelos homens e estavam associados ao prestígio da cavalaria ou de pertencer a uma ordem de nobreza. Os ourives confeccionam jóias para os ricos e ornamentos religiosos para as igrejas.
Brasil, o reino encantado das pedras preciosas
O Brasil, desde o seu descobrimento, tem sido o paraíso das pedras, e metais preciosos. Rochas e minerais são componentes básicos e essenciais no solo em que pisamos. Nele são encontrados milhares de formas diferentes de gemas e metais muito valorizados pela sua beleza e raridade.
A história da exploração começou com os bandeirantes. Rompendo as barreiras e adentrando pelo sertão a procura de índios, ouro e pedras preciosas, descobrindo riquezas importantes, cuja posse a Coroa Portuguesa legitimou.
As esmeraldas inspiraram ao nosso grande poeta Olavo Bilac com o poema “O caçador de Esmeraldas”, em que narra a odisséia do grande bandeirante Fernão Dias Paes, que passou sete anos procurando, em busca das pedras verdes, e morreu em plena floresta, na ilusão de havê-las encontrado.
O ouro que estava escondido há dois séculos de vida colonial, ofereceu-se aos exploradores pelos caminhos abertos por esse velho bandeirante.
No ciclo do ouro, ouvia-se o ranger das correntes que privavam a liberdade dos escravos que cantavam enquanto trabalhavam para arrancar, do ventre da terra, as riquezas que cintilavam nas mãos dos senhoris.
Em Serro Frio, depois Diamantina, as pessoas brincavam com pedrinhas brilhantes, muito abundantes na região. Eram, na verdade, diamantes que tornaram monopólio real da Coroa.
No auge da extração de diamantes, havia uma sociedade organizada. No topo, João Fernandes e a mulata Chica da Silva, a ex-escrava que tinha um grande poder de sedução. Ele, seu tratador, satisfazia todos os seus desejos. Tudo passava por ela. Era Chica que mandava e desmandava.
Muitos personagens fizeram parte deste longo caminho histórico de Minas Gerais. Bandeirantes, índios, escravos, garimpeiros, poetas, artistas, inconfidentes, tropeiros... É muita gente escrevendo a história! Começou com as esmeraldas, depois luzia o ouro nas igrejas e em seguida o esplendor colonial, com a nobreza dos diamantes.
A indomável cobiça do homem
Desde a Antigüidade, o homem já agredia a natureza em busca de minerais preciosos, lançando seus detritos na água. Isso não causava muitos problemas, pois, os rios, lagos e oceanos têm o poder de autolimpeza.
Mas a ganância foi aumentando, decorrente das atividades mineradoras e do garimpo. O volume de substâncias nocivas lançadas nas águas aumentou muito, comprometendo a capacidade de purificação dos rios, lagos e oceanos.
A mineração é uma atividade impactante e de grandes proporções mas tem cometido muitos abusos. Ela modifica o perfil da natureza ao redesenhar as linhas curvas em retas, poluindo com seus dejetos os rios, antes cheios de vida e repleto de peixes, que serviam de alimentos para ele próprio.
O homem substitui o verde da vegetação pelo cinza do concreto. Troca a terra pelo asfalto. Canaliza os córregos para receber esgoto sem tratamento e lixo industrial. A ambição humana fere o planeta, um dia a natureza se vingará!!!
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