No começo
havia um campo com flora exuberante e fauna magnífica, habitado por
índios Tupis, seu nome era Tijucuçú, ou seja lamaçal, porque nas cheias
dos rios Tamanduateí e Meninos, formavam-se grandes poças de lama.
Quando do
descobrimento do Brasil, os padres Jesuítas subiram a serra do mar para
fundar a vila de São Paulo do Piratininga, foram criados dois caminhos,
ambos passavam pelos campos do Tijucuçú, dando passagem aos
colonizadores, que eram conhecidos por Bandeirantes, que iam em busca de
metais nobres e pedras preciosas.
Por volta de
1595, instalou-se nesses campos uma família de espanhóis, Diogo Sanches
e sua esposa Isabel Felix, ao longo desses caminhos foram formando-se
fazendas ambos espanhóis fixaram residência nestes campos, e ao longo
destes caminhos foram formando-se fazendas principalmente para a criação
de gado. O Tijucuçú começou a ficar diferente, já não existia apenas
índios e mato, mas sim, a construção de casas, criação de animais e
cultivo de lavouras, utilizando o índio como escravo. Começava a chegar
na região muitos mestiços livres e escravos fugidos de seus senhores,
tropeiros e carreiros que transportavam mercadorias entre o porto e o
planalto.
Em 1631, o capitão Duarte Machado, doou um
sítio que possuía no Tijucuçú aos padres beneditinos. Anos mais tarde em
1671, Fernão Dias Paes Leme, "O Caçador de Esmeraldas", arrematou em
leilão, um sítio vizinho ao dos padres, e doou-o aos mesmos. Nascia aí a
Fazenda de São Caetano, onde além de pequenas plantações, mantinham uma
olaria para fazer os tijolos, lajotas e telhas de que necessitavam para
a construção do Mosteiro de São Bento, no centro de São Paulo. Havia
também a extração de madeira utilizada nas construções de casas e carros
de boi, transporte mais comum na época.
Em 1877, a Fazenda São Caetano foi
desapropriada pelo governo imperial, para juntamente com outras quatro,
formar o núcleo colonial para receber os colonos italianos vindos de
Veneto, que dariam uma nova fase à imigração européia no Brasil.
Começava novos tempos no antigo Tijucuçú. O núcleo colonial era tido
como a solução para resolver o problema da falta de mão de obra para a
produção de alimentos, uma vez que com a abolição, os negros estavam
transferindo-se para o plantio do café em São Paulo, que estava
desenvolvida e enriquecida.
O progresso começava a chegar com a construção da ferrovia São Paulo
Railway em 1867, os imigrantes começaram a demarcar seus lotes, e
iniciaram suas plantações, mas a terra não era boa, mesmo assim
começaram a vender seus produtos em São Paulo, que experimentava o
progresso graças à riqueza do café.
Para sobreviver eles buscavam outras
alternativas, venda de madeira extraídas de suas terras, outros,
transformavam a madeira em carvão, mas uma grande parte deles começou a
plantar uva, que trouxeram na bagagem e produziram um vinho muito bom,
mas uma praga dizimou suas parreiras. Ocorreram muitas doenças, que hoje
não são tão graves, como a diarréia. Daí foi fundado uma espécie de
clube, "Societá de Mutuo Socorso Principi di Napoli", que consistia na
ajuda mútua entre os colonos.
Foi por volta de 1890, que eles
descobriram a vocação do lugar e começaram a construir olarias e
produzir tijolos. As olarias eram administradas pelas próprias famílias,
e contavam com alguns empregados.
Os tijolos de São Caetano logo ganharam
mercado e projeção em São Paulo e Santos, prédios importantes e grandes
casas foram construídos com eles, como o Museu do Ipiranga e o Monumento
à Independência.
Em 1883, tinha sido inaugurada a estação
de trem de São Caetano, ajudando na distribuição dos produtos na cidade
de São Paulo. A vocação industrial da cidade começava a despontar, ao
lado das olarias ergueram-se fábricas. A primeira foi a Pamplona em
seguida a de Formicida, e após várias outras, dentre elas a do então
industrial "Conde Francisco Matarazzo", tendo destaque a fábrica de fios
Ryon. Depois apareceram as grandes cerâmicas, dentre elas a Cerâmica
Privilegiada, hoje Cerâmica São Caetano. Em 1905, São Caetano era
elevado à distrito fiscal, em 1916 à distrito de paz, em 1924, o
arcebispo D. Duarte Leopoldo e Silva, dava ao núcleo sua primeira
paróquia e seu primeiro vigário foi o padre José Todin.
Com tantas fábricas erguendo-se em São
Caetano, até então distrito de Santo André, foi presenteada com a
instalação da General Motors e seu pátio de montagem, a vila começou a
receber os migrantes dos estados do Nordeste, e transformava-se em
cidade, e com isso as primeiras manifestações políticas de autonomia
para o distrito. Em 1947 sob a liderança do jornal de São Caetano a
Assembléia Legislativa do Estado, e o Governador Adhemar de Barros,
ratificou a decisão e criou o Município de São Caetano do Sul, o Sul foi
acrescido para distingui-lo de seu homônimo Pernambucano.
O primeiro bondinho da cidade apareceu nos
anos 20, seu trajeto era da estação até a casa do curandeiro, que era
procurado pelos fiéis para recuperar a saúde perdida, o bonde era
apelidado de "bondinho das professoras", o primeiro cinema foi o Cine
Central em 1922, os filmes eram mudos e em preto e branco, e os passeios
à baixada Santista eram os divertimentos de seus moradores, com a era do
rádio seus moradores reuniam-se para ouvir suas novelas faladas,
programas humorísticos e musicais, as compras eram feitas nos armazéns
"Secos e Molhados", e proliferavam os vendedores ambulantes, que eram
mascates Sírios que ofereciam seus armarinhos em cestas, os doceiros, os
sorveteiros, etc.
São Caetano chegará ao terceiro milênio em
condições infinitamente favoráveis, hoje citada como modelo, desponta
pioneira em vários projetos educacionais, sendo uma cidade que
privilegia os esportes, levando um trabalho que engloba todas as faixas
etárias, com resultados positivos em competições em todas as
modalidades, este incentivo do programa esportivo comunitário estimula
jovens e adolescentes, retirando-os dos caminhos nefastos da vida. São
Caetano foi eleita pela UNICEF como a cidade brasileira com as melhores
condições de vida oferecida a crianças até seis anos de idade.
O terceiro milênio aproxima-se, porém a
nova era já se antecipou na cidade, com projetos urbanísticos ousados e
criativos, com tecnologia avançada põe a cidade à frente da contemplação
dos aspectos sociais e econômicos, centrando-se na melhoria da qualidade
de vida de seus habitantes.
Há 51 anos conquistava sua autonomia e
soberania como município capaz de idealizar e realizar seu próprio
destino, com projetos gerados a partir das necessidades inadiáveis, dos
sonhos mais construtivos, das mais legítimas ambições de sua pequena
população, que tem o ideal de situar-se como agente positivo neste
dinâmico processo de integração sem precedentes na história e que na
certeza de um mundo melhor, definirá magistralmente os novos rumos da
humanidade, brindando com tudo os 500 anos deste gigante chamado Brasil.
E honrados de podermos levar nosso samba, qualificando a cidade em
função do extraordinário momento histórico, a família Unidos de São
Lucas pede passagem e apresenta, São Caetano "Brasil 500 anos" - Viva a
Vida.
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