O
Grêmio Recreativo Cultural Escola de Samba Leandro de Itaquera, integrada
com os projetos de festejos para os 450 anos da cidade de São Paulo, vem
orgulhosamente apresentar o seu enredo: “São Paulo 450 – No Palco da
Cultura, Que Artista Sou Eu?”. Tornando-se parceira deste evento
cultural que certamente promoverá nossa cidade.
A
partir de então, com muita inspiração e determinação, a vermelho e
branco da zona leste, deve realizar uma grande homenagem aos artistas que
escreveram, desenharam, esculpiram, pintaram, cantaram e transformaram a
cidade de São Paulo num grande Pólo Cultural do Brasil.
A
terra onde os povos se misturaram numa mesclagem de raças, crenças e
costumes hoje é uma espécie de Babel das ilusões. Palco para a divulgação
de todo artista e que oferece vasta diversidade de arte para todo o tipo
de gente.
A
São Paulo, onde os índios foram catequizados, os negros foram a grande mão
de obra para sua construção, os europeus foram desbravadores, agora se
transforma na cidade das artes, com o seu grande palco, prestes a abrir
suas cortinas. É a festa de 450 anos da cidade, cantada por artistas.
Terra de tantos imigrantes, italianos, espanhóis, japoneses, alemães,
libaneses, chineses, coreanos etc. Deixam marcado em sua história o suor
do trabalho, as lágrimas da felicidade e das decepções, pelas
conquistas, cheias de sonhos de sucesso.
Fortaleceu-se
no processo de colonização, como caminho de passagem entre litoral e o
interior, na exploração da cana de açúcar, no lamento dos escravos, na
cultura do café, na chegada da ferrovia, na industrialização, na Paulicéia
Desvairada e Modernista de Mario de Andrade, nas ondas do rádio, nos
festivais de música da televisão, nas revoluções políticas e no
progresso agressivo da Metrópole.
E
hoje no Palco da Cultura, que artista sou eu?
A
resposta do enredo é que somos no mínimo, o artista da sobrevivência. O
artista que nunca desanimou em batalhar pelos seus sonhos, em driblar as
dificuldades, muitas vezes com um salário absurdo, fazendo acrobacias
para sobreviver.
Seria
esse artista então, o maior homenageado pela Leandro de Itaquera. Hora
personagens da história nacional, hora personalidades da cidade, hora o
próprio povo trabalhador, porém, sempre um povo que lutador. Para a
construção da montagem do enredo vamos ordenar o samba da seguinte
maneira:
São
Paulo
Terra
de grandes sonhos e grandes ilusões
O palco da Cultura abre agora suas cortinas Vermelha e Branca
Para cantar a arte e o artista que te construiu
Leões guerreiros e poetas
Na cidade da prosperidade
Sua cultura, suas raízes
Cidade dos índios quase exterminados
Dos índios sem identidade
Os índios que não foram escravos
Os bandeirantes paulistas
Os negros escravos africanos
Os negros reis da arte
Os negros reis do samba
Os negros que sofreram e que morreram
Os negros que amaram
Os negros que festejam sem motivo
Os negros que continuam festejando
Hoje o samba te exalta, São Paulo
Sem o lamento do mesmo negro que te canta
Cidade de pedra e garoa
Onde os imigrantes fizeram sua arte
Os italianos, os japoneses, os alemães, espanhóis, etc..
Os idealizadores e sonhadores
Os teatros, as casas de espetáculo
Os cafeicultores, os engenheiros, os arquitetos
A ferrovia, o balanço do trem
A distribuição do cinema nacional
Os poetas Mário de Andrade e Oswald de Andrade
Os pintores, escultores e escritores
A semana de arte moderna
O povo nordestino, o povo brasileiro
O pedreiro maior da construção desta cidade
A musicalidade
O Billi Blanco, vambora, vambora, Olha a hora,
A Isaurinha Garcia, lá do Brás
O Adoniran Barbosa e seus demônios da Saudosa Maloca
A Jovem Guarda na Rua Augusta
O Caetano Veloso em Sampa
O Paulo Vanzolini, rondando de bar em bar
O Chico Buarque na universidade
A mutante ovelha negra
Rita Lee a Rainha do Rock
A Tropicália saindo da televisão para o mundo
O Silvio de Abreu
A Dona Armênia e as filhinhas do mamãe
A Rainha da Sucata
A Próxima Vítima, não!
Hoje a próxima vítima é você,
São Paulo
Em nosso coração
O artista da rua se apresenta
Os Dj’s, a juventude, as festas que atravessam a madrugada
Cidade dos estilistas, que lançam moda
Os grafiteiros, pintores da rua, poetas urbanos
Os artesãos, improvisadores, terra da criatividade
Onde pouco dinheiro precisa ser o suficiente
São Paulo
Hoje o samba exalta a arte e o artista paulistano
Os que nasceram, os que viveram, ou os que somente passaram
Mas deixaram sua arte
A Leandro de Itaquera e o sambista paulistano
O povo que trabalha dia após dia
Na esperança de uma vida melhor
Com mais arte para todo mundo
Somos o povo que gosta do jeito paulistano artista de ser
Artista da sobrevivência, procurando ilusões, correndo para não perder
um
segundo sequer deste grande espetáculo em forma de cidade.
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