O primeiro homem
civilizado que visitou a região do Araguaia e teve a
primeira referência sobre os índios Carajá foi o
bandeirante paulista Antônio Pires de Campos, que
percorreu a região e constatou a presença de ouro em
forma de lâminas muito finas. O primeiro contato,
pacífico a princípio, acabou em lutas violentas.
Muitos índios foram mortos ou escravizados.
Os índios da tribo
Carajá são bem proporcionado, bonitos e a boa
alimentação dá ao Carajá muita força e saúde, que
demonstram remando ou "brincando" de luta de braço.
Os Carajás cuidam muito do corpo, banhando-se
constantemente. O primeiro banho é de manhã. Mas por
qualquer motivo, se lançam na água. Usam como sabão
a casca de uma árvore.
Os homens da tribo,
andam constantemente nus, mas cobrem o corpo com
pinturas. Os banhos freqüentes desgastam as pinturas
dos corpos, que são constantemente renovados. Usam
enfeites nas orelhas e nos lábios inferiores colocam
um tembetá. As mulheres adultas usam uma espécie de
tanga preta. Na cabeça usam ataduras de embira
(casca de cipó). O arranjo de cabelo é feito de
acordo com a idade e o sexo. Antigamente usavam
dentes de piranha ou lascas de taquara para cortar o
cabelo, depois untavam com óleo de palmeira,
tornando-o preto e ondulado.
Os índios pintam o
corpo de branco, vermelho e preto. O branco vem da
argila. O vermelho é extraído do urucu. O preto é
obtido do jenipapo ou da fuligem de certas madeiras
queimadas. Pintam com as próprias mãos com muito
cuidado que variam de acordo com a ocasião, festas
ou rituais. O cacique e as suas mulheres recebem
tatuagens e pinturas diferentes no rosto.
As tatuagens são
pinturas permanentes feitas com dentes de cachorros,
encastoados numa cuia. Riscam cortando levemente a
pelo. Quando o sangue dos cortes para de escorrer,
colocam a tinta de jenipapo. A tatuagem típica é a
marca tribal, feita no rosto por pessoas
especializadas.
A cerâmica é um
trabalho realizado pelas mulheres. Fazem vários
tipos de jarro, potes altos, urnas funerárias,
panelas e tijelas. As meninas aprendem a fazer
bonecos de barro, "os licocós - que
representam mulheres grávidas, com seios e nádegas
muito grandes, pois esse é o ideal de beleza da
menina Carajá: crescer cheia de formas, ser fértil e
ter muitos filhos" e aprendem a fazer a cerâmica
utilitária.
O homem Carajá é
imponente com suas armas. Usa a clava, o tacape, as
lanças e o arco e flecha com ponteiras de osso, de
madeira ou lascas de bambu.
Na tribo Carajá homens
e mulheres enfeitam-se desde crianças. Os jovens
usam mais enfeites do que os velhos. O adulto não se
enfeita muito. Mas se ficar viúvo, volta a usar os
enfeites da juventude.
Nas ocasiões festivas,
os Carajás usam na cabeça um cocar. O cocar é feito
com armação de taquara, onde colocam penas de
papagaios, araras, cegonhas, garças e outros
pássaros. Arrancam as penas e misturam as cores
artisticamente. Há muitos outros enfeites de plumas.
Faixas para a testa, cintas de penas para os
quadris, pulseiras, colares com penas e outros
materiais: miçangas, frutos e cordéis de algodão e
pingentes.
As roupas dos Carajás
são os enfeites que usam. Logo que as crianças
nascem, introduzem nas orelhas enfeites de dentes de
capivara, rosetas de plumas pendentes, rosetas
feitas com penas de papagaio ou uma simples vareta
de bambu. As cores variam entre os jovens e as
crianças.
É difícil penetrar no
mundo mágico dos índios Carajás, embora já estejam
em contato com os civilizados há muito tempo.
O menino Carajá ao
entrar na adolescência passa a viver na casa das
máscaras ou dos mistérios. Nesta casa aprende a arte
plumária e os segredos masculinos: os ritos de
fertilidade da mitologia Carajá. O Carajá ao se
tornar pai observa o choco. Não pode andar muito nem
falar. Durante esse período tem que observar vários
tabus: não pode comer carne de piranha, peixe muito
voraz, que poderá transmitir ao filho maus
caracteres. Acredita que a ligação entre pai e filho
é tão profunda, que estas devem ser respeitadas
cuidadosamente.
FESTA DE ARUANÃ
É uma das mais
empolgantes do calendário mágico religioso dos
Carajás. É realizada por ocasião da Lua Cheia.
Dançam a noite toda. Na casa das máscaras estão
todos os enfeites da dança: camisa com fibra de
coqueiro e um saiote de fibras soltas. A cabeça da
máscara é enfeitada por penas de arara que aumentam
o tamanho dos dançarinos.
Da casa de máscaras os
índios vêm para a praça, aos pares, dançando,
renovando os ritos dos feitos heróicos, amorosos e
dramáticos do povo Carajá.