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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. ZUM ZUM DE ITAQUERA - CARNAVAL 2004
Enredo: Casquinha ou Picolé

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

Vai casquinha ou picolé? De massa ou palito? Ou seria melhor perguntar: de copinho ou palito? Ah, vai "comer" ou "chupar"? Sei lá! Isso depende do gosto do freguês. Comer, é pra americano, pra inglês ver: "Iam eating the ice cream". Traduzindo para o povo brasilis, povo sem isso nem aquilo, ou melhor, "os sem nada", simplesmente "Eu estou comendo o sorvete".

Pra uns, comer sorvete igual ao americano, é "chique", é básico, é um luxo só, é o frescor da frescura.

É um "geladinho" do prazer, refrescante e revigorante, tanto quanto a colméia de Itaquera pra mais um carnaval.

Sorvete! Ah, sorvete!

Por quê sorvete?

Em busca de suas origens, vamos pra Ásia, indo parar na China, há mais de 3000 anos. Lá, era uma mistura de neve com suco de frutas adocicado com mel, algo semelhante as nossas "raspadinhas".

Também, como ponto de partida dessa fresca delícia, vamos "pras Arábias", através do árabe "sarab" - bebida, pelo turco "serbet". Depois ainda, vamos "pras europas", através do italiano "sorberro" e do francês "sorbet".

Uau, que delícia de frescura! Que delicioso frescor! Haja pança e bolso pra tantas variedade, a base de leite ou suco de frutas, acrescidas de ovos, nozes, chocolate, pedacinhos de frutas frescas, secas ou cristalizadas, licores e vinhos. Haja sorveteiros e sorveterias pra tanto.

Nessas origens asiáticas e européias, vamos topar com muita gente famosa que, na carona da história, não deixou de "tirar sua casquinha". Tem o Alexandre III, o tal de "o Grande", que foi o unificador e senhor do mundo oriental. O tresloucado e incendiário Nero, imperador romano, e um seu patrício, o general Quintus Máximus Gurgeo, que chamou para si a autoria da primeira receita de sorvete.

Ainda, tem o Marco Polo, espertalhão viageiro e novidadeiro de sua época, que levou da Ásia pra Veneza a novidade gelada, então, já feita à base de leite, precursora do moderno sorvete.

Aí, no meio da italianada, o sorvete foi encontrar a "grã-fina" Catarina de Médicis que por ele se encantou, levando-o à França quando com o Duque de Orleans se casou e, a tal "donna" (senhora), um dia virando vovó, como não poderia ser diferente, sua neta a imitou quando se casou com o Carlos I da Inglaterra, também levando em sua trouxa, o dito cujo do sorvete para o deleite dos ingleses, e estes, se incumbiram de levá-lo pra América, quando pra lá foram colonizar a futura terra do Tio Sam.

Assim, nessa frenética imigração asiática, européia e norte americana, o fresquinho também por aqui aportou por obra e graça dos filhos de Sam. Chegaram com um navio de barras de gelo e, com a participação de outros estrangeiros, puseram mãos à obra, e apresentaram-nos a gélida novidade nos bares, confeitarias e cafeterias do Rio de Janeiro, substituindo assim, o velho "Aluá", bebida refrigerante feita do nosso milho, para o bico de todos, pobres, ricos e da corte imperial.

O sorvete aqui no Brasil, foi um verdadeiro furor que deu as mulheres ativistas do "Movimento de Libertação Feminina", a primeira oportunidade de rebeldia contra os padrões sociais vigentes, pois, para saborearem a gelada guloseima, elas passaram a invadir os locais de venda do produto, normalmente só freqüentado por homens.

Até D. Pedro II e sua mulher, tornaram-se amantes do sorvete, como assíduos freqüentadores da sorveteria do italiano Antônio Fracione, onde o monarca se empanturrava de sorvetes de pitanga, o seu preferido. O famoso e histórico "Baile da Ilha Fiscal", que sem querer, foi a despedida do Império, teve por sobremesa principal o sorvete, e de pitanga, com certeza.

Portanto, com muito sorvete, suor e pandeiro, no zum-zum-zum da zumzuniana colméia, comendo ou chupando, de acordo com o gosto de casa folião, e sobretudo, sambando e cantando com muito "chiquê" mais um carnaval - "chique no urtímo", e todo frescor ou frescura a que tenhamos direito, aqui vamos nós.

"Aluá" pra lá, sorvete pra cá, ou, daqui pra lá e de lá pra cá, por certo ouviremos gritar um neguinho: - "olha o sorvete aí gente...", pra refrescar o gingado de todos os "bum-buns", de brancas, mulatas e negras, "das moça e das véia" e até "dos marmanjo" do quente "bum-bum-bum" percussionista de real bateria da rinha da colméia itaquerense.

Que assim seja!

 


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