O TREM DA CANTAREIRA (TRAMWAY DA
CANTAREIRA)
No dia 25 de julho de 1877, na antiga Rua
de São José, atual Rua Líbero Badaró, um grupo de cavalheiros reuniu-se
e resolveram formar uma companhia voltada a proporcionar um grande
melhoramento no sistema de abastecimento de água e de fluxo de esgoto da
cidade de São Paulo. Nascia a Companhia Cantareira de Água e Esgotos. Em
1877 a palavra “cantareira” significava local onde se faz Abastecimento
de cântaros ou uma fonte com reservatório de água.
O QUE ERA UM TRAMWAY?
Era um meio de transporte sobre trilhos,
cuja a tração era feita pelas locomotivas do tipo “maria-fumaça”, com a
característica de começar e terminar dentro do mesmo município.
DOMINGO NA SERRA!
Criado com intuito de transporte de
cargas, passou a transportar passageiros, atendendo aos pedidos da
população, que nos finais de semana, partia para passeios até o Horto
Florestas, e principalmente para o Parque Serra da Cantareira, com ar
puro, água fresca, cristalina e abundante. Eram comuns os piqueniques no
Parque da Cantareira, como programas dominicais, sendo que, no retorno
do Trem para a “cidade”, os passageiros entoavam cantigas da época.
Políticos, militares renomados e outras figuras importantes da época
fizeram o trajeto do trenzinho rumo a Serra. Relata-se que inúmeros
namoros e romances tiveram início nos bancos do trem...
FAGULHAS!
O Trem da Cantareira passou a ser, durante
os dias úteis, o meio de transporte da população que residia distante do
centro da cidade e necessitava chegar ao trabalho. O operariado lotava
as composições, que, por rodar sobre uma bitola estreitíssima (60 cm,
daí a denominação trenzinho) saía dos trilhos com facilidade.
Constantemente as fagulhas das locomotivas queimavam e furavam os
chapéus e os paletós dos passageiros! Os moradores da Zona Norte, em
especial do Tremembé, eram reconhecidos pelos furinhos nas roupas e
chapéus. Em 1942 a Cia. Sorocabana de Estradas de Ferro adquiriu o
Tramway da Cantareira, substituindo a bitola para 1050 mm, e implantando
locomotivas movidas a óleo diesel.
ESTAÇÕES DO RAMAL CANTAREIRA
O ramal da Cantareira funcionou até 1964 e
tinha as seguintes estações: Tamanduateí, Areal, Santana, Mandaqui,
Invernada, Tremembé, Parque Modelo, Parada Pinto, Pedra Branca, Horto
Florestal, Parada Sete, Parada Viana, Parada Santa e Estação Cantareira.
PONTUALIDADE
Uma característica marcante do Trem da
Cantareira era sua pontualidade. De acordo com os relatos dos antigos
usuários do ramal, os trens partiam, impreterivelmente, nos horários
determinados. Atrasos eram raríssimos.
CUIDADO COM OS POSTES!
Aos domingos os trens voltavam lotados do
Parque da Cantareira, que era a última estação. No trajeto da linha, os
postes ficavam muito rentes e eram comuns os acidentes com os
passageiros que estavam pendurados na composição. Batiam a cabeça nos
postes ou quebravam o braço ao acenar para alguém que foi avistado.
SABÃO NOS TRILHOS!
A garotada aprontava! Passavam sabão nos
trilhos para que o trem patinasse, principalmente no Largo do Tremembé.
Então, o maquinista tomava espaço e arrancava “a todo vapor” para
ultrapassar a área de patinação. Era muita fumaça lançada ao ar...
TRAMWAY OU TRAMVAI?
O termo “tramvai” é utilizado até os dias
de hoje pelos moradores das regiões que o Trem da Cantareira serviu. O
termo passou a ser folclórico e é aceito em substituição ao termo em
inglês.
AGRICULTURA E CRESCIMENTO
Os pequenos agricultores que residiam no
extremo Norte da cidade (Tremembé, Vila Rosa, Cantareira, Vila
Albertina) utilizavam o Trem da Cantareira para seguir até o centro da
cidade e lá vender sua produção louro, mamão, alecrim e uma variedade de
frutas e verduras. Os bairros e o comércio cresceram ao longo das linhas
do Trem, onde viam-se pedreiras, campinhos de futebol, que paravam os
jogos para o trem passar. Até os macacos eram avistados!
FIM DA LINHA
Entre 1964 e 1965 o Trem da Cantareira era
desativado e substituído pelas linhas de ônibus e já era espreitado
pelas revolucionárias linhas de metrô.
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