Vicente Matheus do
Vale nasceu no dia 28 de maio de 1.908, na pequena
cidade de Toro, junto ao Rio Douro, na Região de
Zamora na Espanha, perto da fronteira com Portugal.
Viúvo, pai de duas filhas é casado pela segunda vez
com Marlene Colla Matheus. Naturalizado brasileiro,
o eterno presidente do Corinthians tem orgulho de
dizer que mora há 60 anos no Tatuapé. A vida deste
personagem paulistano que fez tudo na vida por amor.
É o tema que a Tatuapé vai apresentar neste
Carnaval.
A RAIZ ESPANHOLA E
A INFÂNCIA POBRE. "FOI PEDREIRA"
Vicente Matheus teve
uma infância pobre, seu pai Luiz Matheus, português
e sua mãe Manglória Matheus, espanhola, vieram para
o Brasil em 1.912 e ele continuou na Espanha, com os
tios. Em 1.914, ano do início da 1ª Grande Guerra, o
garoto Vicente embarcou em um navio espanhol na
cidade de Cadiz, juntamente com seus tios, um mês e
meio depois chegava ao Porto de Santos. Por ser o
mais velho dos 11 irmãos, ajudava o pai no armazém
de secos e molhados, em Guaianases. Depois
arrendaram uma pedreira lá mesmo e passaram a
dividir o tempo entre o armazém e a pedreira. A vida
era muito difícil, todos os dias Matheus ficava
esperando o pai voltar da cidade para saber se havia
vendido as pedras, pois o armazém não era suficiente
para sustentar toda família.
O TRABALHO, O
PROGRESSO E O SUCESSO COMO EMPRESÁRIO. "DA CAMISA
RASGADA À CAMISA DE SEDA"
Hoje, apesar de sua
simplicidade, é um homem famoso, graças a seu
próprio trabalho construiu um império financeiro
formado principalmente pela pavimentadora, pelas
pedreiras e por centenas de imóveis espalhados pela
Zona Leste de São Paulo, principalmente no Tatuapé,
o bairro que diz ter orgulho de morar e onde fica o
Corinthians, este sim, um de seus maiores amores.
O CASAMENTO COM
MARLENE. DE BAILARINA À PRIMEIRA DAMA, "MARLENE É
MATHEUS"
Matheus é casado pela
segunda vez, desde 1.967 com Marlene, que apesar da
descendência espanhola, é produto genuíno da Zona
Leste, nasceu na Penha e criou-se no Brás. Apesar de
só se casarem em 67 os dois se conheceram em 1.954,
ano do 4º centenário da fundação de São Paulo e ano
de Corinthians Campeão Paulista.
Naquela época Marlene,
então bailarina de dança flamenca, foi convidada
para dançar com seu grupo na festa em homenagem ao
clube no Estádio Alfredo Schuring, a Fazendinha,
pela conquista do título, quando viu que ia dançar
na grama Marlene recusou e gritou tanto que Vicente
Matheus, diretor de futebol na época, veio ver o que
estava acontecendo. Matheus que era casado com Dona
Ruth, na época, não imaginava que um dia iria se
unir com aquela bailarina de sangue quente, filha de
mãe espanhola e pai brasileiro. Com a morte da
primeira mulher, Vicente Matheus começou a cortejar
Marlene, recém saída de seu primeiro casamento.
Chegou a contratar um detetive para seguir os passos
de Marlene por dois meses. Depois entregou a ela o
bloco com as anotações do detetive e a pediu em
casamento. Marlene, sangue espanhol, não gostou da
atitude de Matheus e colocou o mesmo detetive atrás
dele, depois de dois dias aceitou o pedido de
casamento. Sem filhos Marlene costuma dizer que Deus
lhe deu 100 mil filhos, numa referência à torcida do
clube de seu coração, do qual a exemplo do marido
Matheus, também já foi presidente, aliás presidenta,
a primeira do Corinthians.
CORINTHIANS E
MATHEUS, UMA HISTÓRIA DE AMOR. "O ETERNO PRESIDENTE"
O encontro de Matheus
com o Corinthians deve-se ao seu Tio Avelino, que
era espanhol. Ele o levava para assistir aos jogos
do Corinthians naquela época no campo da floresta.
Ele ainda morava em Guaianases, trabalhava na
pedreira e no armazém, e seu único lazer era sair
aos domingos à tarde para ver o Corinthians jogar.
Os anos foram passando e Matheus já casado e com
duas filhas achou que era hora de sair de Guaianases
e morar na cidade para poder dar às filhas tudo
aquilo que não teve. Nesta época já estava dominado
pelo futebol, jogava em Guaianases e vibrava com o
Corinthians como torcedor.
Foi então que saiu uma
concorrência da Prefeitura para calçar a Rua São
Jorge. Fez de tudo para ganhar e conseguiu. Por isso
veio morar ao lado do Corinthians e aí não precisa
dizer mais nada. Sua vida passou a se confundir com
a vida do Clube. Para muitos corintianos ele é
considerado como "O Eterno Presidente". De torcedor
passou a ser conselheiro, depois diretor e
presidente, cargo que ocupou por 8 vezes (59, 72,
73, 75, 77, 79, 87 e 89) sem contar a vice
presidência que ocupou quando Marlene era a
presidenta (91). Foi campeão paulista em 54 como
diretor de futebol, como presidente conquistou os
títulos paulistas de 77, 79 e 88 e o Brasileiro de
90. Sua maior conquista é o título paulista de 77
para o Corinthians depois de 23 anos de espera.
O FOLCLÓRICO
MATHEUS. AS FRASES E O LAZER. "PRIMEIRAMENTE DEVO DE
DIZER..."
A fama de Matheus, sua
enorme popularidade, além do Corinthians está ligada
ao seu lado folclórico. Homem de frases engraçadas
pelos erros de português, algumas ele assume outras
ele diz serem invenções do humorista Ari Toledo, que
ele acaba assumindo também por achar engraçado e
porque servem para aumentar a sua popularidade e seu
carisma:
"Esse problema é uma
faca de dois legumes";
"A partir de amanhã
está proibido o corrimento de mulheres ao redor do
campo";
"Sócrates é
inegociável, invendável e imprestável";
"Haja o que hajar, sou
sempre Corinthians";
"Vou construir porque
tive uma infantilidade muito triste"
"Quero agradecer a
Antarctica pelas braminhas que eles mandaram";
"A torcida lotou o
bogotã", referindo-se ao tobogã do Pacaembu;
"O difícil não é
fácil" e tantas outras que viraram sua marca
registrada.
Seu maior prazer
depois do Corinthians é o cassino. Costuma viajar
com freqüência para o Caribe, Las Vegas e Atlantic
City para se entregar ao jogo nos cassinos. Apesar
da fama de pão duro, é onde gosta de gastar seu
dinheiro. É pra quem pode.