O cinema
chegou ao Brasil em 1896, inaugurou sua sala de exibição na Rua do
Ouvidor, no coração do Velho Rio, o cinema contava com aliados que
ajudavam a divulgar com fitas curtas no teatro e nos cafés-concertos. As
três primeiras décadas foram muito difíceis para a sobrevivência do
cinema brasileiro. No final da década de vinte chegou: Alô, Alô Cinédia:
Está Tudo Aqui. Em 1929 ano da realização do primeiro longa metragem
sonoro, quebrando assim o silêncio das fitas, que eram animadas por
músicos. Essa evolução se deu, com a realização da Semana de Arte
Moderna em 1922.
Contribuíram
também para o cinema desta época, Oduvaldo Viana e Raul Roulier que
adaptaram o padrão de hollywood a realidade brasileira. Com isso
elevaram o padrão do cinema, mesmo com as dificuldades financeiras
conseguiram feitos históricos, os aplausos e a permanência em cartaz com
os seguintes filmes: O Babão, Coisas Nossas, Alô Alô Brasil, Alô Alô
Carnaval, Bonequinha de Seda, Favela dos Meus Amores, Samba da Vida, O
Grito da Mocidade, Banana da Terra e Ave Sem Ninho.
Também são
fatos históricos a popularidade de astros e estrelas como: Genésio
Arruda, Carmem Santos, Carmem Miranda, Francisco Alves, Mario Reis,
Mesquitinha, Barbosa Jr., César Ladeira, Dircinha Batista, Alvarenga e
Ranchinho, Rodolfo Maia, Jaime Costa, Heloísa Helena, Gilda de Abreu,
Nilza Nagrasse, etc...
Ano a no a
produção garantiu a diversão para milhões de telespectadores e trabalho
para autores, cinegrafistas, cenógrafos, figurinistas, montadores,
músicos, sonoplastas, atrizes e figurantes.
Fazendo um
total de 75 filmes. Citando alguns músicos que trabalharam em filmes da
Cinédia: Alfredo Viana (Pixinguinha) e João de Barro, no filme
Acabaram-se os Otários.
Batismo de
ouro do filmusicarnavalesco ocorreu com, A Voz do Carnaval, em 1933 com
a estréia de Carmem Miranda cantando marchinha de Assis Valente e de
Lamartine Babo. Outros filmes que faziam parte deste repertório:
Moreninha da Praia de João de Barro, Boa Bola de Lamartine Babo e Paulo
Valencia, Ai Heim? de Lamartine Babo, Fita Amarela de Noel Rosa, Mas
Como? de Francisco Alves e Noel Rosa.
Se a Cinédia
dominou a primeira época dos anos de glória, mesmo com a fundação de
vários produtores e a falência de outros tantos coube a Atlântida,
nascida em 1941 impor-se absoluta. Cresceu sobre tudo o chanchadão mais
diversificou-se, o seu produto editando: E a Atlântida Se Diverte, É Com
Este Que Eu Vou, Atlântida Companhia Moderna.
Descobriu
uma mina de ouro na reunião de Oscarito e Grande Otelo com o Luar dos
Meus Olhos, lançou uma nova atriz chamada Cacilda Becker.
Mais do que
isto melhorou o padrão técnico dos filmes e quebrou os exibidores, pelo
exemplo de rentabilidade de cada estréia. Um dos filmes da Atlântida que
foi recordista absoluto de bilheteria, foi o melodrama, O Ébrio cujo
símbolo era um chafariz. A crítica da época a partir de 1944, primeiro
no Rio e depois em São Paulo como a primeira geração de comentaristas
conscientes de uma arte cinematográfica autonomia exaltou obras como:
Dia é Nosso, Moleque Tião, Gente Honesta, Vidas Solitárias, Asas Brasil,
Inconfidência Mineira, Obrigado Doutor, Caminho do Sul e O Cortiço.
Mas o
público continuou lotando as salasde exibição das chanchadas. Delas
emergiram cineastas que escaparam do simples apelo comercial para
realizar filmes provocantes, humanos e comoventes. A elite debochava
solenemente, mas os seus filhos se esgueiravam e, acumpliciados das
empregadas domésticas, iam aplaudir. Oscarito, Grande Otelo, Anselmo
Duarte, Eliane, Cyll Farney, Laura Soares, Tônia Carreiro, Virgínia Lane,
Dercy Gonçalves, Lídia Matos, Catalano, Mário Brasini, Vanda Lacreda,
Maria Della Costa, Orlando Nonelli, Paulo Porto, Maria Fernanda, Mara
Rúbia e Álvaro Aguiar. Gente, do teatro revista do rádio, dos
cassinos ou simplesmente do cinema da época.
O ano de
1950 assinala a volta de São Paulo ao cinematógrafo brasileiro.
O grandioso
empreendimento que foi a companhia Vera Cruz. Tudo levava a crer que a
indústria de São Paulo, era o setor avançado da produtividade nacional.
Os paulistas entretanto, rejeitaram qualquer paralelo entre o que
pretendiam fazer, aquilo que se fazia no Rio renegando a Chanchada. Esse
período do cinema paulista foi rico em filmes e acontecimentos: os meios
intelectuais, artistas de negócios tomaram afinal conhecimentos do nosso
cinema que ficou sendo assunto constante nas rodas. Não há dúvida de que
as promessas de melhoria do padrão técnico e artístico foram
razoavelmente cumpridas a partir de "Caiçara", confirmando-se em muitos
outros: "O Comprador de Fazenda", "Terra é Sempre Terra", "Veneno",
"Sinhá Moça", contudo diferentemente de Lima Barreto que imaginou com "O
Cangaceiro", um gênero que ainda permanece fecundo e vivo.
"O Saci",
inspirado numa história de Monteiro Lobato e Rodoldo Nanni, um cinema
brasileiro muito promissor no gênero juvenil.
Durante a
década de cinqüenta, não esmorecia a vitalidade da fita musical e da
comédia popularesca, ao contrário das previsões, houve certa
diversificação na chanchada, sobretudo com o aparecimento de Amâncio
Mazzaropi, que trouxe de volta a figura do caipira representado por
Genésio Arruda.
Durante dez
anos foi Mazzaropi a principal contribuição paulista à chamada
brasileira. No mesmo período, delineia-se no Rio e silhueta mais atual
Zé Trindade personagem bizarra e rica do cafajeste maduro e sem menor
encanto, mas cuja confiança em si próprio fascina as mulheres.
Outros
atores da cinematografia que também destacaram-se na Vera Cruz foram
Ilka Soares, José Lewgov, Sônia Mamed, Ankito, Aurora Duarte, Íris
Bruzzi, Odette Lara, Luigi Picchi, Norma Bengell, Anilza Leoni, Marisa
Prado, Patrícia Lacerda, Hélio Souto, Glauce Rocha, John Herbert, Ioná
Magalhães, Doris Monteiro, Jorge Dória, Jece Valadão, Tereza Rochel, Eva
Vilma, Adriana Reys, Paulo Autran, Carlos Cotrim. Não podemos deixar de
mencionar filmes como Bahia de Todos os Santos, O Pagador de Promessas e
o premiado internacional O Cangaceiro.
Assim
tentamos destacar o de melhor que aconteceu no cinema desde seu início
até no final dos anos cinqüenta.
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