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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. RAIZ DA ZONA SUL - CARNAVAL 2002
Enredo: Plínio Marcos - O Contador de Histórias

O Grêmio Recreativo
Autor: Tinho Consani

 

Sob o signo Libra a 29 de setembro de 1935, nascia no Bairro do Macuco, na cidade de Santos o místico Plínio Marcos.

Filho de Seu Armando e Dona Herminia, cresceu brincando com seus irmãos, Sérgio, Cláudio, Fábio, Neto e Márcia, numa casa de madeira no Macuco. Plínio desde pequeno tinha o espírito irreverente, ia para a escola com todos os irmãos, vizinhos e amigos, mas não era chegado, reprovado inúmeras vezes, lá pelos 13 anos abandonou a escola de vez. A família o matriculou na escola de pesca, mas a escola pegou fogo um dia antes de começar as aulas (há quem pense que foi ele que ateou fogo). Plínio trabalhou na estiva, trabalhou de camelô, mas gostava mesmo de ser jogador de futebol, atuava pelo Jabaquara - O Leão do Macuco. A carreira artística começou por acaso. O circo parou na cidade, Plínio se encantou com uma menina (filha do dono) e só por isso se engajou, e foi embora com o circo na condição de amarra cachorro (faz tudo). Depois como palhaço (Frajola), ia e vinha, jamais se afastava da família, excursionou por 5 anos. Com o cigano (Ricardinho) aprendeu magnetismo e tarô, que desenvolveria mais tarde, em outro circo (pavilhão teatro liberdade), Plínio atuou como ator, a facilidade em decorar textos e assimilar papéis, foi se fortalecendo nele, mas a linguagem do diálogo que o fascinou, e assim ao indignar-se com um fato acontecido com um rapaz da rua em que morava, Plínio teve que colocar para fora, e como a única linguagem que conhecia, era o teatro escreveu Barrela aos 22 anos.

Numa linguagem absolutamente revolucionária, mostrou a Pagu, Patrícia Galvão, estourou e ficou 20 anos proibida. Plínio vem para São Paulo em 62, onde começou a trabalhar na Companhia Cacilda Becker, depois como técnico, entrou para a televisão na extinta Tupi. Em 63 conhece e casa-se com Valderez de Barros (que se tornaria grande atriz) tiveram 03 filhos (Leo, Kiko e Aninha) nesta época vieram "Dois Perdidos Numa Noite Suja (66), Navalha na Carne (67), Homem de Papel (68) e o Abajur (69), marco na luta contra a censura.

Tempos difíceis com regime militar - impedido de trabalhar como autor, Plínio Marcos se firmou como ator, vivendo o antológio "Vitória" da Novela Beto Rochfelher, fez Bandeira Dois na Globo, fez Tchan, A Grande Sacada de volta na Tupi, faz Crônicas para vários jornais da cidade, Última Hora, Veja e Folha de São Paulo, nos anos 70 fica proibido de trabalhar até na imprensa. Funda a Banda Bandalha (herdeira da Banda Redonda) monta um show com sambistas e grava um disco no início dos anos 80, funda a Cooperativa de Artistas (O Bando), termina o casamento com Valderez, Plínio muda-se para um kit no Edifício Copan, no Centro, vende livros direto nas ruas, janta toda noite no Gigetto (de graça).

Nos anos 90 dedica-se ao tarô e a outros temas místicos, atende gente e dá cursos, neste período passa a viver com a jornalista Vera Artaxo e seu filho Tiago. Plínio se auto defini como um contador de histórias e dedica a andar pelo país dando palestras e cursos. Plínio Marcos autor de uma vasta obra. Escreveu sobre vários temas polêmicos, aborda sobre cadeia, circo, marginalidade, prostituição, religiosidade, burguesia, ocultismo, fez musicais infantis e cinema. Numa linguagem revolucionária como o próprio autor.

Suas peças já foram montadas na Alemanha, Portugal, França e Estados Unidos (em inglês e espanhol), já recebeu o prêmio de melhor livro do ano pela APCA, contabiliza, em seu currículo, vários prêmios Molieres, Shell, Saci e Golfinho de Ouro.

Autor e o homem são absolutamente indissociáveis em Plínio Marcos, na vida dele conjugou os verbos instigar, subverter, inquietar, engajar, aglutinar, lutar e amar, marginalizado como muitos de seus personagens, jamais fez concessão.

Gritou contra a atrocidade imposta a nossa sociedade quando poucos ousavam sussurrar, trancavam uma porta ele inventava outra, não buscava coerência, não tinha qualquer compromisso com ela, mas como poucos vivera seu próprio discurso.

Sem planos futuros, sem acorrentar o passado, sem teoria, nem partido, sem rótulo nem máculas, apenas livre...

 


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