Sob o signo Libra a 29
de setembro de 1935, nascia no Bairro do Macuco, na
cidade de Santos o místico Plínio Marcos.
Filho de Seu Armando e
Dona Herminia, cresceu brincando com seus irmãos,
Sérgio, Cláudio, Fábio, Neto e Márcia, numa casa de
madeira no Macuco. Plínio desde pequeno tinha o
espírito irreverente, ia para a escola com todos os
irmãos, vizinhos e amigos, mas não era chegado,
reprovado inúmeras vezes, lá pelos 13 anos abandonou
a escola de vez. A família o matriculou na escola de
pesca, mas a escola pegou fogo um dia antes de
começar as aulas (há quem pense que foi ele que
ateou fogo). Plínio trabalhou na estiva, trabalhou
de camelô, mas gostava mesmo de ser jogador de
futebol, atuava pelo Jabaquara - O Leão do Macuco. A
carreira artística começou por acaso. O circo parou
na cidade, Plínio se encantou com uma menina (filha
do dono) e só por isso se engajou, e foi embora com
o circo na condição de amarra cachorro (faz tudo).
Depois como palhaço (Frajola), ia e vinha, jamais se
afastava da família, excursionou por 5 anos. Com o
cigano (Ricardinho) aprendeu magnetismo e tarô, que
desenvolveria mais tarde, em outro circo (pavilhão
teatro liberdade), Plínio atuou como ator, a
facilidade em decorar textos e assimilar papéis, foi
se fortalecendo nele, mas a linguagem do diálogo que
o fascinou, e assim ao indignar-se com um fato
acontecido com um rapaz da rua em que morava, Plínio
teve que colocar para fora, e como a única linguagem
que conhecia, era o teatro escreveu Barrela aos 22
anos.
Numa linguagem
absolutamente revolucionária, mostrou a Pagu,
Patrícia Galvão, estourou e ficou 20 anos proibida.
Plínio vem para São Paulo em 62, onde começou a
trabalhar na Companhia Cacilda Becker, depois como
técnico, entrou para a televisão na extinta Tupi. Em
63 conhece e casa-se com Valderez de Barros (que se
tornaria grande atriz) tiveram 03 filhos (Leo, Kiko
e Aninha) nesta época vieram "Dois Perdidos Numa
Noite Suja (66), Navalha na Carne (67), Homem de
Papel (68) e o Abajur (69), marco na luta contra a
censura.
Tempos difíceis com
regime militar - impedido de trabalhar como autor,
Plínio Marcos se firmou como ator, vivendo o
antológio "Vitória" da Novela Beto Rochfelher, fez
Bandeira Dois na Globo, fez Tchan, A Grande Sacada
de volta na Tupi, faz Crônicas para vários jornais
da cidade, Última Hora, Veja e Folha de São Paulo,
nos anos 70 fica proibido de trabalhar até na
imprensa. Funda a Banda Bandalha (herdeira da Banda
Redonda) monta um show com sambistas e grava um
disco no início dos anos 80, funda a Cooperativa de
Artistas (O Bando), termina o casamento com Valderez,
Plínio muda-se para um kit no Edifício Copan, no
Centro, vende livros direto nas ruas, janta toda
noite no Gigetto (de graça).
Nos anos 90 dedica-se
ao tarô e a outros temas místicos, atende gente e dá
cursos, neste período passa a viver com a jornalista
Vera Artaxo e seu filho Tiago. Plínio se auto defini
como um contador de histórias e dedica a andar pelo
país dando palestras e cursos. Plínio Marcos autor
de uma vasta obra. Escreveu sobre vários temas
polêmicos, aborda sobre cadeia, circo,
marginalidade, prostituição, religiosidade,
burguesia, ocultismo, fez musicais infantis e
cinema. Numa linguagem revolucionária como o próprio
autor.
Suas peças já foram
montadas na Alemanha, Portugal, França e Estados
Unidos (em inglês e espanhol), já recebeu o prêmio
de melhor livro do ano pela APCA, contabiliza, em
seu currículo, vários prêmios Molieres, Shell, Saci
e Golfinho de Ouro.
Autor e o homem são
absolutamente indissociáveis em Plínio Marcos, na
vida dele conjugou os verbos instigar, subverter,
inquietar, engajar, aglutinar, lutar e amar,
marginalizado como muitos de seus personagens,
jamais fez concessão.
Gritou contra a
atrocidade imposta a nossa sociedade quando poucos
ousavam sussurrar, trancavam uma porta ele inventava
outra, não buscava coerência, não tinha qualquer
compromisso com ela, mas como poucos vivera seu
próprio discurso.
Sem planos futuros,
sem acorrentar o passado, sem teoria, nem partido,
sem rótulo nem máculas, apenas livre...