Em 24 de setembro do ano de 1924 em
Shiranui, Distrito de Uto, Kamamoto, Japão. Nasce o primeiro filho do
casal Soichi e Haru Mabe, o pequeno e determinado Manabu Mabe.
Em 1932 o pequeno Mabe ingressa na escola
primária de Shiranui, onde começa a tomar gosto pelos desenhos.
Em 1934 imigra com a família para o
Brasil, abordo do navio "La Plata Maru" parte de Kobe, em 18 de agosto
de 1934, no bolso traz consigo alguns crayons que usava para desenhar na
escola, chega ao porto de Santos em 02 de outubro de 1934, corta São
Paulo de trem pela ferrovia Noroeste até chegar às lavouras de Birigui.
Planícies e mais planícies a perder de
vista. Plantações de café, fazendas de criação de gado, florestas,
caminhos de terra vermelha cortando a mata virgem, canto dos pássaros, o
ruído dos insetos, o barulho da queda das mangas, peixes nadando nas
águas rasas das lagoas e papagaios disputando um fruto de goiaba madura.
É a natureza brasileira sob o olhar do
menino de Mabe aos 10 anos de idade. Amor, paixão, identificação.
Mabe trabalha com a família no serviço da
cafeicultura, desenha nas horas de folga, como nos dias de chuva e aos
domingos.
Por volta do ano de 1945, Mabe, já morando
na cidade de Lins andando pela rua, viu uma caixa de tinta a óleo, numa
livraria, não resistiu à vontade de experimentar em pouco tempo,
pintava, paisagens, natureza morta em papelões e tábuas de madeira.
Trabalhando no campo, pinta nas horas de
folga, compra um sitio de café, conhece e passa a freqüentar um grupo de
artistas que se denominavam o clube dos 15, Mabe adquire grandes
influências.
Em 1950 sua obra foi escolhida para
participar da exposição dos artistas de São Paulo e em 1951 da exposição
nacional. Neste mesmo ano Mabe conhece uma linda jovem que vestida num
vestido longo com pequenas flores estampadas deixa Mabe apaixonado. Esta
jovem era Yoshino. Amor, paixão, casamento.
Trabalho no campo, pintura seu ideal. Em
1957 vende o seu cafezal e parte com a mulher Yoshino e os três filhos,
os gêmeos: Joh e Ken e o caçula Yugo. Determinado a viver como pintor em
São Paulo, aluga uma casa no distante bairro do Jabaquara, na Rua
Canjeranas. Mabe pinta gravatas e placas para pagar o aluguel.
Sua casa no Jabaquara passou a ser seu
mundo, sua capital da arte. Neste período Mabe se considerava
abstracionista.
Dois anos mais tarde seria seu ano de
consagração, ano de ouro de Mabe como viria ser impresso em artigo de
página inteira na revista Time. Tantos e tamanhos prêmios que Mabe
conquistou naquele ano.
Em abril de 59 prêmio Leiner na exposição
das folhas, em 18 de setembro de 59 o prêmio melhor Pintor Nacional da V
Bienal de São Paulo. Recebendo o prêmio e palavras elogiosas do então
Presidente da República Juscelino Kubitscheck "Parabéns, esforce-se cada
vez mais em benefício do mundo das artes brasileiras". Duas semanas
depois, recebe um telefonema informando que tinha ganho o prêmio de
melhor pintor da I Bienal Jovem de Paris.
A vida mudou - contratos com os marchans
de artes, incursões pelos Estados Unidos, Europa, América Latina e
Japão.
Mabe expôs em 19 países, reconhecimento de
público e crítica, naturaliza-se brasileiro em 1960.
Suas obras correm o mundo, expostas em
grande galerias em conceituosos museus, em palácios como o da Alvorada,
colecionadores ilustres pelo mundo afora.
Quando da visita ao Brasil do Príncipe do
Japão (hoje imperador) Akihito e da Princesa (hoje imperatriz) Michiko.
Mabe está lá representando o Brasil com um grande brasileiro e recebendo
o reconhecimento da realeza, principalmente da princesa sua admirador
confessa.
Mabe na intimidade, era um sujeito
expansivo e de ótimo astral, não perdeu o bom humor, nem com a queda de
um cargueiro da Varig em 1979 que transportava 53 telas suas em
exposições pelo mundo. Entre elas as mais premiadas. As causas do
acidente aéreo até hoje não foram esclarecidas. "Ainda bem que o pintor
está vivo" brincava Mabe. Passou 14 anos refazendo grande parte dos
quadros que pertenciam a acervos particulares.
Boêmio confesso, gosta de cantar em
karaokes, amante do golfe. Certa vez em 1980 acertou um holly one
encaçapando a bola com apenas uma tacada, a 215 metros do buraco.
Mabe adorava o bairro do Jabaquara,
comprou a casa onde morava e foi expandindo, tornando-se hoje uma
confortável mansão onde mistura-se a espiritualidade Zen dos orientais
com as cores dos trópicos. Trouxe todos os outros membros da família
para morar no bairro. Cultivava seu próprio jardim junto com a família.
Mabe cidadão do mundo, brasileiro por
paixão ensinava "É preciso crer sempre no sonho e lutar para que ele se
torne real" um grande sonho seu construir um espaço cultural para
exposições, para novos talentos e uma oficina de arte para as crianças,
no coração de São Paulo, no bairro do Jabaquara.
Sua família hoje trabalha unida para
concretizar este seu sonho "Instituto Manabu Mabe".
Mabe do Japão ao Jabaquara: Um Cidadão do
Mundo.
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