Quem
foi que disse que o lugar da mulher é na cozinha?
Bem,
seja lá quem tenha sido, a comunidade da Escola de Samba EM CIMA DA
HORA (Agremiação carinhosamente chamada por esta mesma comunidade de A
Coruja do Samba em razão de esta ave de rapina ser nosso símbolo),
discorda completamente da máxima popular que aponta a mulher como sendo
tão somente serviçal do homem. Pelo menos no mundo do Samba
Paulistano, salvo raras exceções, elas têm e tiveram o seu
devido reconhecimento e espaço respeitado. Baseada nesta nossa posição
adversa ao conceito machista de classificar a mulher como apenas
coadjuvante do homem, tendo ainda a intenção de dar continuidade à
linha de homenagens a grandes nomes e a baluartes do samba
Paulistano, iniciada no Carnaval 2002 quando homenageamos Thereza
Santos, a comunidade da Coruja do Samba, em reunião de consulta
popular, na qual, dentre vários temas apresentados, através
do voto direto de componentes desta mesma comunidade, escolheu como tema
de enredo para o Carnaval 2003 uma justa homenagem as grandes guerreiras
do samba Paulistano intitulado de: ESSAS ADMIRÁVEIS MULHERES DO SAMBA.
Pretendemos
assim relembrar grandes mulheres que, abrindo mão de seus
afazeres domésticos e profissionais, empunham e empunharam com louvor
seus pavilhões e estandartes, atuando como Presidentes das chamadas
pela mídia grandes e pequenas Escolas de Samba e Blocos
Carnavalescos Paulistanos, Diretoras em diversas funções em suas
agremiações, mulheres Chefes de Ala (Diretoras de Ala), Costureiras,
Mulheres Aderecistas, mulheres com o único ideal de defender seus
pavilhões e estandartes.
Não
poderíamos, porem, esquecer e acrescentar no grupo acima citado,
as grandes e ADMIRÁVEIS embaixatrizes do samba Paulistano, assim como
também mulheres que já não se encontram entre nós, e que são
grandes precursoras do Carnaval Paulistano tendo participação decisiva
para que o samba Paulistano esteja atualmente num ótimo estagio de
reconhecimento da mídia e do publico de uma maneira geral e ainda a Ala
das baianas, eternas damas de ouro do samba, a qual a nosso ver é uma
Ala obrigatória em qualquer Escola de Samba não por imposição
e sim por méritos alcançados em anos de dedicação e tradição
sambistica.
CONCEITOS
BÁSICOS SOBRE O TEMA
Para
muitos que não gostam de samba, do carnaval e da magia que nos envolve
ser sambistas, pode parecer um tanto quanto idiota ou mesmo desnecessário
se fazer uma homenagem a mulheres que de alguma forma contribuíram e
contribuem para o bom desenvolvimento de um desfile carnavalesco, mas se
tiverem o prazer de entrar mais fundo na questão Escola de Samba/Bloco
Carnavalesco e nos preparativos para seus desfiles no carnaval, ira então
se deparar com um emaranhado de obrigações, e ‘’correrias’’
infindáveis nas quais nem sempre cabe ao homem (ou pelo menos lhe é de
dom) tomar as rédeas para a resolução dos muitos problemas que são
gerados durante o sonho de uma comunidade toda, a qual almeja uma boa
apresentação no desfile oficial de sua agremiação.
Cabe
aos Presidentes das Escolas e Blocos a busca de recursos para cobrir os
gastos com o desfile de sua entidade. A eles ainda cabe a difícil
tarefa de administrar vaidades, conflitos internos, alem de se obrigar
perante os órgãos oficiais e gestores do Carnaval como um todo, em
levar sua Escola ou Bloco carnavalesco para a avenida sob pena de multa
contratuais e possíveis retaliações que podem inclusive ter como
desfecho o fim das atividades de sua agremiação. Lógico então,
olhando-se por este lado, que cabe ainda ao Presidente responder
juridicamente por todo e qualquer contratempo causado por um de seus
componentes enquanto representantes oficiais de sua Escola/Bloco.
Então,
quando homenageamos as mulheres neste tema por nós apresentado, jamais
poderíamos deixar de fora as mulheres que ostentam em suas agremiações
o cargo de Presidentes. Não queremos dizer ser tão ou mais trabalhoso
para uma mulher dirigir uma Escola ou Bloco carnavalesco, mas queremos
sim enaltecer o desprendimento de mulheres Presidentes que deixam
seus afazeres domésticos e profissionais de lado para se dedicarem
intensamente ao cargo que sua comunidade lhes foi confiou. As
Presidentes tem que driblar preconceitos masculinos, e muitas
vezes falar mais alto que os homens em infindáveis reuniões que tem
que participar nos órgãos gestores do carnaval e do poder publico e
mesmo dentro de sua casa (Leia-se sua agremiação). Além disto, como
bravas guerreiras que são, ainda ao chegar em casa tem que fazer valer
sua vez de mulher dona de casa, pois, por mais cúmplice que sejam seus
companheiros (quando elas o têm), jamais poderão substituir uma mãe
no afago aos filhos.
Nossa
meta no tema é enaltecer as Presidentes das agremiações em evidencia
no mundo do samba por terem suas entidades classificadas no grupo
Especial das Escolas de Samba , pois se destacam em seu valoroso e árduo
trabalho sambistico, mas não deixaremos de enaltecer também as
mulheres presidentes das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos
oriundas dos grupos inferiores ao Especial, pois elas têm tão ou até
mesmo, mais ‘’bagagem’’ de luta que as citadas anteriormente,
simplesmente por passarem maiores dificuldades em suas entidades, visto
que não tem o apoio de mídia, apoio financeiro a contento e muito
menos o reconhecimento a suas atividades na própria comunidade da elite
sambistica, atributos estes dados apenas aquelas entidades tidas como
Especiais em se tratando de Escolas de Samba.
Continuando
a nossa homenagem a ESSAS ADMIRÁVEIS MULHERES DO SAMBA, vamos enaltecer
a seguir as embaixatrizes do samba paulistano, estas sim, verdadeiros
retratos e documentos vivo da história e difícil trajetória do
Carnaval da Cidade de São Paulo. As embaixatrizes que já não se
encontram entre nós, pois foram chamadas para seu devido e honroso
lugar ao lado de Deus, também serão lembradas e homenageadas. Quem
nunca ouviu falar de mulheres sambistas que empunhando seus pavilhões
não levavam a “ferro e fogo” a máxima popular citada acima que
classifica a mulher apenas para servir nas obrigações domésticas?
Bem,
a aqueles que não as conhecem, fiquem sabendo que são elas, numa visão
geral do que são hoje em dia suas agremiações de berço, as responsáveis
pela grandiosidade do evento Carnaval Paulistano. São elas que, de
alguma forma, e sempre visando o engrandecimento de suas agremiações,
e muitas vezes compactuando com seus companheiros um sonho, deram enorme
contribuição para que nosso Carnaval fosse respeitado como um
grande espetáculo.
Mas,
como já mencionado anteriormente nesta sinopse, nós não deixaríamos
de fora as damas de ouro do Samba, as Baianas. Ala que todos nós
amantes do samba e do Carnaval esperamos com ansiedade ao assistirmos o
desfile de qualquer que seja a entidade. Infelizmente elas não fazem
parte obrigatória do desfile dos Blocos, pois o regulamento de desfile
destas entidades extinguiu sua obrigatoriedade como quesito, ou mesmo
como composição obrigatória. Mas nas Escolas de Samba de qualquer
grupo, do Especial ao Grupo de Espera, elas são componentes obrigatórias
em regulamento, o que não necessitaria de ser imposto se nós sambistas
entendêssemos que são elas a verdadeira tradição que representa o
Carnaval e as Escolas de Samba. Muitas das chamadas por alguns amantes
do samba, ‘’tias’’, tem ou tiveram grande importância nas difíceis
decisões a serem tomadas por suas Escolas rumo a mais um Carnaval,
ajudando, até que inconscientemente, no engrandecer do nome de sua
entidade e do Carnaval, movidas por um amor natural nascido por seu
pavilhão.
E
encerrando nossa saga, vamos fazer uma justa homenagem também as
mulheres que são molas mestras num desfile carnavalesco e que nem
sempre são lembradas, ou recebem prêmios, troféus, pelo bom
desempenho daquela ala, pelo belo acabamento das fantasias, pelo bom
visual da alegoria e determinadamente, pela grandiosidade das Escolas de
Samba e blocos Carnavalescos.
São
elas: Diretoras de agremiações as quais, quando estão à frente de um
departamento da Escola a elas confiado, o administram com maestria;
Mulheres aderecistas, que dão um pouco de seu tempo e talento nos
barracões das agremiações; Mulheres chefes de Ala que diferentemente
dos Chefes de Ala homens, tem que, alem de sua árdua missão perante a
Escola ou Bloco, cuidar dos seus intermináveis afazeres domésticos e
profissionais , colocando muitas vezes, quando o marido não pactua da
sua paixão ao pavilhão da Escola ou ao Estandarte , seu casamento em
risco; Mulheres costureiras, nossas tão necessárias e importantes
colaboradoras. Alguém já imaginou como seria um desfile carnavalesco
se não tivéssemos algumas abnegadas costureiras que, dedicando seu
gosto por tal Escola ou Bloco, passam infindáveis noites em claro para
confeccionar as fantasias da entidade, pois muitas vezes lhe é entregue
o tecido ou o figurino dias antes do desfile?
Pois
é...É que venha nossa EM CIMA DA HORA PAULISTANA (A CORUJA DO SAMBA),
enaltecer, homenagear e relembrar:
ESSAS admiráveis MULHERES DO SAMBA.
|