Ogum
– Apresentação
Antes
da vinda dos negros africanos para o Brasil e outros continentes, na África
primitiva, Ogum era um orixá que carregava consigo características
muito semelhantes às de outro orixá, Oxossi, pelo fato de Ogum
expandir suas forças nas matas e um metal extraído da natureza, o
ferro.
Assim,
podemos dar início à essa viagem, aos encantos que rodeiam esse orixá
e às lendas que o cercam e fazem o seu culto um dos principais à nossa
vida, cantaremos a divindade dos caminhos, ele nos acompanhará e nos
tornará aptos a alcançar nossos sonhos e anseios dentro desse
universo, no qual fazemos parte, que é o samba.
OGUNHÊ!!!!!!!!!!!
Histórico
Ogum
apresenta comportamento forte e agressivo. Tal como o ferro, que para feri-lo,
necessitamos não só de uma serra, mas acima de tudo, de inteligência
para saber serrá-lo. Denominamos Ogum, O guerreiro dos músculos de aço,
pois nunca se dá por vencido em uma batalha. Luta até provar que vence
e, por certo, é invencível. Atribui-se a Ogum, portanto, o domínio
sobre as profissões que possuem o ferro como objeto de trabalho. Onde há
atrito entre uma força e o metal de Ogum, ele está presente.
No
Brasil Ogum perde as características do domínio das matas, sendo que
desde a escravidão, o processo de urbanização é uma crescente em
nosso país. Sendo assim, Ogum passou a ter como domínios às estradas
e caminhos. Não só caminhos e estradas materiais, mas também a guiar
a trilha dos nossos pensamentos e a idealização de sonhos e objetivos.
Ogum conduz à busca, o poder de conquista, juntamente por ser um orixá
corajoso, e que enfrenta sem medo qualquer dificuldade. O que Ogum
pretende conquistar, ele conquista. Habilidoso na arte de criar, Ogum é
o grande inventor dos instrumentos e ferramentas que facilitam o
desempenho de homens em todas as áreas profissionais, daí
temos uma frase que explica um pouco o significado de suas
ferramentas `Ogum, o guerreiro que mata a fome do povo`. `Fome esta, não
só referida à busca da sobrevivência do corpo físico, mas
principalmente, da busca da igualdade entre os homens, estabelecendo
oportunidade de vencer a todos. Ogum não admite injustiça, lutando,
então, para que todos os inimigos saiam do caminho daqueles que não
merecem a injustiça de outros. Com Ogum, caminhamos. Dele extraímos a
essência da força para a luta diária, vencendo batalhas e guerras com
nossa espada de ferro oferecida a ele.
Ogum
tem ligação muito forte com seu irmão Exu, sendo às vezes confundido
com ele. A confusão existe por que os dois dominam os caminhos, e é
Exu que consegue acalmar a ira e a violência de Ogum.
Portanto
falar de Ogum, é falar de um grande guerreiro, Orixá temido pelos
inimigos e amado pelos carentes de proteção, combatendo as demandas, e
é o patrono dos cultos de Eguns, é ele que encaminha os mesmos junto
à Iansã.
O
grande guerreiro, Ogum
O
fotógrafo e etnólogo Pierre Verger, que foi um dos maiores
conhecedores da cultura afro-brasileira, afirma que Ogum é,
provavelmente, a divindade de maior culto na África ocidental. É
apresentado em algumas lendas como filho de Iemanjá e Orania, enquanto
em outras é o filho mais velho de Ododua, o fundador de Ifé. No Brasil
é assimilado como um dos aspectos de Oxalá. Na condição de filho de
rei, Ogum conduziu varias guerras contra os reinos vizinhos, tendo
destruído a cidade de Ará e conquistado a de Ire, onde ela teria
dividido o reino em sete aldeias. Por isso os fetiches de Ogum são
sempre constituídos em volta do número sete. Sua indumentária é
constituída de espada, escudo e (mariwò) mariuo, saiote em folhas de
dendezeiro desfiadas, que além de servir de vestimentas em determinadas
cerimônias, pode também ser pendurado sobre a entrada da casa, para
espantar as más influencias e os maus espíritos.
Os
lugares consagrados de Ogum, normalmente situam-se ao ar livre, às
vezes protegidas com cercas de plantas denominadas de peregun (dracena)
e são palco de suas oferendas.
De
acordo com a lenda, Ogum teve uma vida amorosa bastante agitada. Entre
suas mulheres, conta-se Oi à
(Iansã), Oxum e Oba.
Ogum
que tendo água em casa, lava-se com sangue
Ogum
come cachorro e bebe vinho
Ele
mata o marido no fogo, e a mulher no fogareiro
As
pessoas consagradas a Ogum usam colares de conta de vidro azul-escuro e
algumas vezes verde. Terça-Feira é o dia da semana que lhe é
consagrado.
Na
Bahia, Ogum foi sincretizado com Santo Antonio de Pádua. No Rio de
Janeiro com São Jorge, o que é mais compreensível, pois ele é
representado em suas imagens como valente guerreiro, vestido com uma
brilhante armadura, montado em um fogoso cavalo, as corvetas e armado
com uma lança com a qual ele transpassa um dragão encolerizado.
OGUM
- O PERFIL DO ORIXÁ
Divindade
masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais
conhecidas da mitologia universal. Ogum é o arquétipo do guerreiro.
Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à
conquista, é a figura do astral que, depois de Exu, está mais próxima
dos seres humanos. Foi uma das primeiras figuras do candomblé
incorporada por outros cultos, notadamente pela Umbanda, onde é muito
popular. Tem sincretismo com São Jorge ou com Santo Antônio,
tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores,
destemidos e cheios de iniciativa.
A
relação de Ogum com os militares (é considerado o protetor de todos
os guerreiros) tanto vem do sincretismo realizado com São Jorge, sempre
associado às forças armadas, como da sua figura de comandante supremo
ioruba. Dizem as lendas que se alguém, em meio a uma batalha, repetir
determinadas palavras (que são do conhecimento apenas dos iniciados),
Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas
(as palavras) não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois,
tendo excitado a fúria por sangue do Orixá, detonaram um processo
violento e incontrolável; se não encontrar inimigos diante de si após
te sido evocado, Ogum se lançará imediatamente contra quem o chamou.
Ogum
não era, segundo as lendas, figura que se preocupasse com a administração
do reino de seu pai, Odudua; ele não gostava de ficar quieto no palácio,
dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com todas as
moças da região e brigas com seus namorados.
Não
se interessava pelo exercício do poder já conquistado, por que fosse a
independência a ele garantida nessa função pelo próprio pai, mas sim
pela luta.
Ogum,
portanto, é aquele que gosta de iniciar as conquistas mas não sente
prazer em descansar sobre os resultados delas, ao mesmo tempo é figura
imparcial, com a capacidade de calmamente exercer (executar) a justiça
ditada por Xangô. É muito mais paixão do que razão: aos amigos,
tudo, inclusive o doloroso perdão: aos inimigos, a cólera mais implacável,
a sanha destruidora mais forte.
Segundo
as pesquisas de Monique Augras, na África, Ogum é o deus do ferro, a
divindade que brande a espada e forja o ferro, transformando-o no
instrumento de luta. Assim seu poder vai-se expandindo para além da
luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam ferramentas: ferreiros,
barbeiros, tatuadores, e, hoje em dia, mecânicos, motoristas de caminhões
e maquinistas de trem. É, por extensão o Orixá que cuida dos
conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. Do conhecimento
da guerra para o da prática: tal conexão continua válida para nós,
pois também na sociedade ocidental a maior parte das inovações tecnológicas
vem justamente das pesquisas armamentistas, sendo posteriormente
incorporada à produção de objetos de consumo civil, o que é
particularmente notável na industria automobilística, de computação
e da aviação.
Assim, Ogum não é apenas o que abre as picadas na matas e derrota os
exércitos inimigos; é também aquele que abre os caminhos para a
implantação de uma estrada de ferro, instala uma fábrica numa área não
industrializada, promove o desenvolvimento de um novo meio de
transporte, luta não só contra o homem, mas também contra o
desconhecido.
É
pois, o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a
natureza, da produção e da expansão, da busca de novas fronteiras, de
esmagamento de qualquer força que se oponha à sua própria expansão.
Tem, junto com Exu, posição de destaque logo no início de um ritual.
Tal como Exu, Ogum também gosta de vir à frente. A força de Ogum está
tanto na coragem de se lançar à luta como na objetividade que o domina
nesses momentos (e o abandona nos momentos de prazer e gozo).
É
fácil, nesse sentido, entender a popularidade de Ogum: em primeiro
lugar, o negro reprimido, longe de sua terra, de seu papel social
tradicional, não tinha mais ninguém para apelar, senão para os dois
deuses que efetivamente o defendiam: Exu (a magia) e Ogum (a guerra);
segundo Pierre Verger. Em segundo lugar, além da ajuda que pode prestar
em qualquer luta, Ogum é o representante no panteão africano não só
do conquistador mas também do trabalhador manual, do operário que
transforma a matéria-prima em produto acabado: ele é a própria
apologia do ofício, do conhecimento de qualquer tecnologia com algum
objetivo produtivo, do trabalhador, em geral, na sua luta contra as matérias
inertes a serem modificadas.
Ogum
gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras,
de falar diretamente a verdade sem ter de preocupar-se em adaptar seu
discurso para cada pessoa.
Ogum
gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre
direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam
ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. Não
tem compromisso com ninguém, nem com seus próprios objetos.
A
violência e a energia, porém não explicam Ogum totalmente. Ele não
é o tipo austero, embora sério e dramático, nunca contidamente grave.
Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo;
quando apaixonado, sua sensualidade não se contenta em esperar nem
aceita a rejeição. Ogum sempre ataca pela frente, de peito aberto,
como o clássico guerreiro.
Existem
sete tipos diferentes de Ogum, mas Ogum Xoroquê merece um destaque
específico, pois é um Orixá masculino duplo, ou seja possui duas
formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e
afinidade estreita de Ogum com Exu, pois passa seis meses do ano como
Ogum e os outros como Exu, sendo considerado guerreiro feroz, irascível
e imbatível.
CARACTERÍSTICAS
DOS FILHOS DE OGUM
Não
é difícil reconhecer um filho de Ogum. Tem um comportamento
extremamente coerente, arrebatado e passional, aonde as explosões, a
obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os
amigos e com o sexo oposto.
Os
homens e mulheres que têm Ogum como seu Orixá de cabeça, vão ter
comportamentos diferentes, de acordo com os segundos e terceiros Orixás
que os influencia ajuntós (adjutores). De qualquer forma, terão alguns
traços comuns: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo
lugar, gostando de temas e assuntos novos, conseqüentemente apaixonados
por viagens, mudanças de endereço e de cidade. Um trabalho que exija
rotina, tornará um filho de Ogum um desajustado e amargo. São
apreciadores das novidades tecnológicas, são pessoas curiosas e
resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo em
pauta; a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo
à falta de tato.
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