Disse
Zeus a Aquiles Tácio:
“Se
as flores quisessem eleger uma rainha, esta só poderia ser a rosa“
Por
sua extraordinária beleza e seu suave perfume, a rosa é conhecida como
a “rainha das flores”.
Apreciadas
desde a pré-história, as rosas existem em estado silvestre em
todo o hemisfério norte, mas é na China onde se encontra o maior número
de variedades.
Os
mitos e as lendas tendo a flor como tema, e eternizados através da
arte, testemunham a presença da rosa entre os povos antigos.
Segundo
os gregos, a primeira rosa nasceu da espuma do mar quando Afrodite,
ao ver ferido seu amado Adonis, correu a salvá-lo. Quando suas lágrimas
tocaram as águas, um branco rosal brotou das ondas e um espinho feriu a
deusa que, com seu sangue, tingiu todas as rosas de vermelho. Afrodite
deixou cair sobre o rosal o frasco de aromas que trazia preso ‘a
cintura, dando ‘as rosas seu suave perfume de deusa.
Na
Grécia antiga, as rosas eram consagradas a Afrodite, deusa da Beleza, e
a Atena, deusa da Razão e da Sabedoria. As graças, servas de Afrodite,
se cobriam de rosas ‘as vésperas da primavera. Em Rodes, a ilha
das rosas, eram celebrados os mistérios da iniciação.
Homero
fala na Odisséia que os marinheiros de Ulisses haviam dado o nome de
Rodes ‘a famosa ilha, por vê-la sempre coberta de rosas, e em
razão do perfume inebriante que ali sentiam. O mesmo escritor conta, na
Ilíada, que Achilles tinha o escudo ornado de rosas, ao lutar contra
Heitor, filho do rei de Tróia.
Dizia
Platão que se deviam coroar de rosas todas as crianças cuidadosas e
aplicadas.
Na
Índia, a rosa cósmica Triparasundari serve de referência à beleza da
mãe divina, a perfeição irretocável.
A
mitologia iraniana conta que Ormuzde, o princípio do bem, criou um
mundo pleno de vida, com um jardim maravilhoso, semeado de rosas e aves
fantásticas com penas de rubis.
Segundo
Heródoto, nos jardins suspensos da Babilônia o rei Nabucodonosor fez
cultivar rosas de prata, como atributos divinos e como oferenda de amor
aos deuses.
Quando
Belkiss, a Rainha de Sabá, coberta de púrpura e deslumbrante de jóias,
foi visitar o Rei Salomão, levou com ela mil jovens de ambos os sexos,
cuja beleza se confundia com suas grinaldas de rosas.
Segundo
Plínio, vinham rosas da Espanha, Milão e Alexandria para adornar as
casas da cidade eterna, onde os romanos já se perfumavam com o “oleum
rosarum”. No tempo de Nero, o culto ‘as rosas atingia
excessos. O extravagante imperador exigia que os salões de banquetes
fossem estendidos de rosas para acolher os convidados, vestidos de
rosas. Os escravos que serviam o banquete usavam uma coroa de rosas
sobre a cabeça e outra em volta do pescoço, pois as rosas teriam
o poder de acalmar a língua-solta, preservando os segredos. Para
perfumar o ambiente, das fontes jorrava essência de rosas, enquanto os
convidados se refrescavam com vinho de rosas.
Em
“A Divina Comédia”, Dante teve a visão de uma imensa mandala cósmica
em forma de rosa: “... a imensa rosa luminosa que Beatriz mostra a seu
amado, colocada no mais alto ponto do céu, o último círculo do paraíso...”
A
Rosa representa na iconografia cristã, o cálice que colhe o sangue de
Cristo, a transformação das gotas de sangue, ou o símbolo das Suas
feridas. Ela é também o atributo da Virgem Maria, rosa de Jessé,
entronando sobre os vitrais das catedrais góticas, na forma das rosáceas.
E quando a Mãe de Jesus aparece aos homens, rosas nascem a Seus pés. E
várias outras santas católicas tem seus milagres associados a essa
flor.
Para
condecorar virtuosas princesas católicas, o papa Gregório II criou em
730 o bouquet de ROSAS DE OURO, contidas em um vaso de forma
elegante, ricamente decorado , abençoado pelo papa antes da missa do
quarto domingo de quaresma. Após a assinatura da Lei Áurea, em 1889,
Sua Alteza Imperial Sra. Isabel seria condecorada por iniciativa
de Leão XIII.
Entre
1450 e 1485 a Inglaterra foi palco de uma sangrenta disputa: Os York,
não querendo ver a rosa branca de seu brasão ser suplantada pela rosa
vermelha dos Lancaster, iniciaram uma guerra horrível, apesar do belo
nome de “Guerra das Rosas”.
Napoleão
enviou de Viena, a Josephine, mudas de rosas que a imperatriz faria
plantar perto de Paris. Josephine de Beauhainais teria grande importância
no desenvolvimento da cultura de rosas na França. Mais de 250 espécies
foram plantadas por seus jardineiros, na Malmaison.
Dom
Pedro I criou a ORDEM DA ROSA a fim de perpetuar a memória de seu
“faustíssimo consórcio” com D. Amélia de Leuchtenberg e
Eichstaedt. As veneras da ordem teriam sido inspiradas nas rosas que
ornavam o vestido que a princesa usava ao desembarcar no Rio de Janeiro.
A
bomba atômica no poema de Vinícius de Moraes, é “a rosa radioativa,
estúpida e inválida, a rosa com cirrose, sem cor sem perfume, sem rosa
sem nada”, é a ROSA DE HIROSHIMA.
A
Rosa linda e cheirosa é sinônimo de mulher bonita, a ROSA MUSA,
inspiradora de poetas, de Caymmi, Pixinguinha, Gonçalves Dias e
Casimiro de Abreu.
As
Rosas de Cartola, que não falam, simplesmente exalam o perfume que
roubam de outra rosa, a mulher.
A
Rosa cheirosa, da água-de-rosas, do colírio, do mel e do xarope. A
rosa gostosa, do vinho, do vinagre, da geléia e do licor.
A
Rosas coloridas, brancas, vermelhas, amarelas, cor-de-rosa e rosa chá,
que, vivas, enfeitam e perfumam os jardins. As rosas no vasos sobre a
mesa, é arte nas naturezas-mortas. A Rosa presente em todas as festas,
em todas as cerimônias, no nascimento e na morte, nos momentos de
alegria e de tristeza.
As
Rosas Sagradas, que saíram do mar de Afrodite, voltam ao mar em
oferendas a Iemanjá. Para fazer da vida de todos um imenso MAR DE
ROSAS, que é um estado absoluto de serenidade, paz e felicidade.
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