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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.B.E.S. IMPÉRIO DO CAMBUCI - CARNAVAL 1996
Enredo: Caiu na Rede é Samba

O Grêmio Recreativo
Autores: Ermano B. Santos, Dorinho Marques e David R. Neto

 

APRESENTAÇÃO

O tema Caiu na Rede é Samba é uma homenagem da Império à Rede Nacional do Samba, programa de rádio que comemorou 15 anos de existência em novembro de 1995, e a seu comandante, o jornalista e radialista Evaristo de Carvalho.

Transformamos a Rede Nacional do Samba em enredo de nossa escola por ser um programa que reflete a própria situação do povo e da cultura popular, abrindo-lhes espaço nos meios de comunicação graças ao trabalho de Evaristo, aliado à força represada do samba.

A carreira profissional de Evaristo sempre esteve ligada ao mundo do samba. Vamos mostrar alguns de seus momentos mais marcantes: sua atuação no Rádio Teatro dos Negros, ainda nos anos 50; seu amor pela Peruche, em São Paulo, e Portela, no Rio de Janeiro; e sua participação no Afoxé Filhos de Gandhy, na Bahia.

Vamos destacar também a infância de Evaristo na Zona Norte de São Paulo, sua luta pela unidade do samba paulistano, e a veemente defesa que faz dos valores da negritude uma das principais características da Rede Nacional do Samba.

Ao apresentar esse tema francamente popular, a Império retoma valores culturais que estão marginalizados na sociedade brasileira. Assim, o trabalho artesanal desenvolvido com os figurinos está intimamente ligado ao enredo, enquanto as alegorias, adereços e elementos plásticos ilustrativos têm como idéia que o antigo não é velho e pode receber um tratamento que o atualize.

Como trilha sonora do enredo, o samba escolhido contém os pontos fundamentais da história que estamos apresentando: a vida e a obra de Evaristo de Carvalho.

ENREDO

"Fazer um programa de samba não tem truque mão. Se for "sambeiro", complica. Se for sambista, basta usar o coração".

Evaristo de Carvalho

A Rede Nacional do Samba, programa transmitido por dezenas de emissoras de rádio do país, é dedicado exclusivamente à difusão da música e da cultura popular brasileiras. Há mais de 15 anos consecutivos no ar, completados em 22 de novembro de 1995, a Rede apresenta durante todo o ano notícias, reportagens, entrevistas e comentários sobre as atividades das escolas de samba e demais associações carnavalescas.

Além da participação dos ouvintes por telefone, a Rede abre espaço para a divulgação dos trabalhos fonográficos de astros consagrados e para os novos valores do samba. Microfones abertos como uma "Tribuna Livre do Samba", o programa contribui para preservar o samba e resgatar raízes culturais do Brasil.

Evaristo de Carvalho é o bem sucedido e premiado produtor e apresentador da Rede Nacional do Samba. Paulistano, 63 anos, casado, ele se emociona quando recorda os jogos e brincadeiras de rua do tempo em que corria atrás dos balões nas festas juninas da Casa Verde e do Parque Peruche, região onde viveu uma feliz infância.

Estudou, cresceu e foi à luta. Em meados dos anos 50, presta concurso e, superando preconceitos, passa a ser um dos primeiros funcionários negros a trabalhar no setor administrativo da Light (atual Eletropaulo).

O samba assume importância especial na vida de Evaristo a partir de 1956, por intermédio de Carlos Alberto Caetano, o Carlão, conhece o trabalho comunitário da Escola de Samba Unidos do Peruche. Procurado por Sinval Rosa, em maio de 1963, Evaristo colabora na fundação da nossa Império, redigindo a primeira ata da escola que hoje, 33 anos depois, é uma das mais tradicionais agremiações do samba paulistano.

Mas antes de abraçar os valores da arte, da cultura popular e assumir "ser do samba", Evaristo enfrentou o preconceito dissimulado e as barreiras existentes nas redações de jornais e emissoras de rádio ao reconhecimento de seu talento profissional. Assim, ainda na década de 50, participa ativamente do Rádio-Teatro dos Negros, programa transmitido pela antiga Rádio São Paulo.

CONCLUSÃO

"E aí vem o samba", ainda na Rádio São Paulo, é o primeiro de uma série de programas produzidos e apresentados por Evaristo em várias emissoras, como Marconi, Record e Gazeta, todos eles embriões do atual formato da Rede Nacional do Samba. Ao mesmo tempo, assina colunas e artigos nos jornais Diário da Noite, A Gazeta Esportiva, Última Hora e O Estado de São Paulo e na Revista Veja, entre outras publicações.

Carreira consolidada como um dos maiores defensores e divulgadores da arte popular, Evaristo chega à televisão substituindo o jornalista carioca Sérgio Cabral na apresentação do programa "O Samba Se Aprende na Escola", transmitido pela TV Cultura no final dos anos 70. Como convidado, comenta os desfiles de Carnaval para as televisões Gazeta, Cultura e Globo.

Por seu prestígio, Evaristo é sempre convidado para participar na organização de eventos, entre os quais se destacam o I Congresso Nacional do Samba, no Rio de Janeiro, e o I Simpósio do Samba, em Santos. Responsável pela Comissão Organizadora do Carnaval Paulistano de 1970, Evaristo promove a "Festa da Apoteose" na Terça-Feira Gorda. Nos anos seguintes, a "Apoteose" se caracteriza como a noite do encontro e confraternização dos sambistas de todas as agremiações paulistanas.

Ainda em 1970, a pedido da Prefeitura de São Paulo, organiza a vinda de 1.500 sambistas da Portela e da Mocidade Independente de Padre Miguel, no sábado de aleluia. É a primeira vez que escolas cariocas desfilam em São Paulo e a Portela de Natal conquista e divide o coração perucheano de Evaristo.

Nos últimos 25 anos, Evaristo amplia sua participação no mundo do samba e junto à comunidade negra. Dirigente da Federação das Escolas de Samba e Cordões Carnavalescos de São Paulo, tem decisiva atuação na criação da União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP).

Seu trabalho no comando da Rede Nacional do Samba lhe rende honrarias, como o convite para integrar a confraria do Afoxé Filhos de Gandhy, um dos mais seletivos e tradicionais grupos do carnaval baiano e o prêmio Momo de Ouro, ofertado por jornalistas e radialistas cariocas especializados na cobertura de assuntos carnavalescos.

Apesar das inúmeras alegrias profissionais e das proporcionadas pelo mundo do samba, Evaristo não se dá por satisfeito: é ardoroso defensor da reunificação dos sambistas de São Paulo em uma mesma entidade representativa. "Essa atual multiplicação de entidades não é boa para ninguém", costuma advertir, com conhecimento de causa, pela Rede Nacional do Samba.

 


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