O
principal documento do descobrimento do Brasil, nasceu da pena de Pero
Vaz de Caminha, indicado por Dom Manuel I, então rei de Portugal, para
acompanhar Pedro Álvares Cabral em sua expedição, como relator oficial
da esquadra.
Durante 64 dias, navegando sob a luz do sol e das estrelas, sem saber o
que encontrariam pela frente, pois o mar ainda era desconhecido e
misterioso, definido com lendas e fantasias criadas sobre monstros
marinhos. E desde a partida da enorme esquadra de 13 navios do porto de
Restelo, em Lisboa, em 09 de março de 1500 até 1º de maio, Pero Vaz de
Caminha fez anotações com sabedoria, transmitindo o pitoresco e o
interessante, poupando o Rei de detalhes técnicos.
A
carta é remetida à Portugal, para o Rei Dom Manuel I, em 02 de maior de
1500, através de Gaspar de Lemos, comandante da Nau de mantimentos da
esquadra.
A
CARTA
"Após dias navegando, sob uma paisagem constante e apenas com a variação
do tempo que influenciava o mar, observa-se os primeiros sinais de
proximidade de terra, os quais eram, enormes quantidades de algas e
ervas compridas que chamavam os mareantes de botelho e rabo de asnos.
Vista-se então, um monte de terra muito alto, outras serras mais baixas
e terra chá com muitos arvoredos"; o qual o Capitão nomeia o monte de:
Monte Pascoal e a terra de: Terra de Vera Cruz.
É
criada a expectativa da chegada, se haveria recepção, e de como ela
poderia ser.
Aporta-se e encontra-se um povo simples, pacífico, de uma pureza mais
que infantil e beleza singular. É claro que este povo se assusta com o
visitante.
Os
primeiros contatos são superficiais, porém muito reveladores. A língua
dificultou a comunicação, contudo conseguem comunicar-se através de
gestos e intenções.
Os
nativos encantados e curiosos com objetos nunca antes vistos, permutavam
qualquer coisa para tê-los ou apenas tocá-los. Sua inocência é tamanha,
que objetos de ouro ou prata que os portugueses traziam para
conquistá-los, logo são assimilados pelos nativos, levando-os a crer que
em suas terras também há metais que brilham em igual intensidade
Já
os portugueses com a intenção de obter a confiança e amizade dos
nativos, trocam ou melhor doam qualquer objeto que possuíam, por mais
velhos ou estragados que fossem.
Num
cenário nunca antes visto pelos portugueses, que espantados com tamanha
beleza e diversidade de nossas matas, procuram observar todos os
recursos disponíveis nesta nova Terra, voltando sua atenção à tonalidade
da pele dos nativos, um tom avermelhado com o qual eles se pintavam,
extraído de uma árvore, que seria futuramente conhecida e explorada,
nosso Pau-Brasil.
Os
hábitos dos portugueses, cristãos que eram, logo são aceitos, mesmo que
apenas imitados, sem saberem o real sentido de tais atos, pelos índios,
que presenciam a 1ª missa em solo brasileiro, rezada pelo Frei Henrique
Soares.
Portugueses degradados que junto vieram, entre eles Afonso Ribeiro, se
refugiam mata a dentro. Isto não deixou de ser bom para a Corte
Portuguesa, pois seria uma forma de melhor saber do povo local, como
também já iniciar o contato do índio com o homem branco, facilitando
posteriormente a colonização,
Em
primeiro plano percebemos a total integração, de outro explorador com
sua missão definida; porém ambos se integram de tal forma, que seu
contato é pacífico, harmonioso e apenas troca de informações.
Caminha ainda relata, a beleza, a
grandiosidade em extensão de território e água, o clima, a terra fértil,
onde nela se plantando, tudo dá.
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