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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. FLOR DA ZONA SUL - CARNAVAL 2004
Enredo: Lendas e Magia nas Águas Místicas da Lagoa Vermelha - Guarapiranga

O Grêmio Recreativo
Autor: Charles Jr.

 

Dizem que há séculos atrás, antes mesmo do homem branco aportar por essas bandas dos trópicos, havia uma raça soberana que habitavam todo o território de Além Mar do Velho Mundo.

Essa raça eram os índios Tupis-Guaranis, que deram início de povoação a ampla migração religiosa em busca da "Terra sem Males" por volta do ano 1000 da Era Cristã. Chegaram e se espalharam não só na parte litorânea, mas por todo "Pindorama" (primeiro nome dado ao Brasil pelos Tupis). Terra maravilhosa de fauna e flora exuberante cheio de encantos e magia.

Dentre a nação Tupi-Guarani havia várias etnias e muitas delas se aventuraram em matas fechadas, assim quiçá, Índios Carijós vindos de São Vicente escalaram a Serra do Mar e chegaram ao Planalto de Piratininga, encontraram aqui dois rios que cercavam São Paulo; o Anhangabaú e o Tamanduateí e em canoar por afluentes de um desses dois rios chegaram ao Rio Pi-iê-rê Jeribatiba ou Rio Pinheiros de hoje.

Continuando sua peregrinação os Carijós por um braço do Pi-iê-rê chegaram ao Rio Guarapiranga que em Tupi-Guarani significa Lagoa Vermelha.

Pensaram ter encontrado a tão sonhada "terra", encantaram-se com a beleza do lugar nas margens do rio onde realizavam grandes festas em louvor à Deus Tupã (o Deus supremo indígena - Senhor do arco-íris); que como prova de proteção e contentamento lançou seu arco-íris do céu até as águas do Guarapiranga, tornando assim as águas místicas; e incumbiu as Iaras (mães das águas doces) a guarda do rio. Essa por sua vez chamou seus vazalos, "os guardiões das águas místicas" com seus tridentes para a proteção dos seres aquáticos e os "mistérios da lagoa vermelha".

Cinco séculos passaram até a chegada dos portugueses por aqui, e os índios começaram a perder o seu território; os brancos os escravizaram e os jesuítas os catequizaram, fazendo-os perder sua identidade.

Em 25 de janeiro de 1554, um grupo de padres Jesuítas vindos também de São Vicente pelo mesmo caminho percorrido pelos Carijós guiados por Tupis pela Serra do Mar, chegaram ao planalto e fundaram um colégio ao qual originou o povoado de São Paulo de Piratininga.

Em 1558 foi elevado à categoria de vila e em 1771 se tornou cidade. Neste contratempo da história surgem os bandeirantes que tiveram participação significativa na história paulistana, pois graças a eles que milhares de índios foram escravizados ou exterminados. Eles escolheram São Paulo como quartel e transformaram a capital num dos maiores centros do escravismo indígena de todo o continente. Foram cerca de 500 mil, escravizados ou mortos. Se abrigaram aqui porque estavam no centro da rota para os sertões, e também por que os Carijós do litoral e os Guaranis do Paraguai estavam próximos e eram presas fácil.

O crescimento de São Paulo foi bastante lento, e só a partir da independência do Brasil e do início da produção cafeeira no século XIX, a cidade começou a prosperar.

O bairro de Santo Amaro (que era um município a parte) nos primeiros tempos da colonização era incumbido de produzir gêneros alimentícios para a população que residia no planalto central. A partir da Segunda metade do século XIX, recebeu aproximadamente 200 famílias alemãs, na primeira fase da imigração de estrangeiros, que vieram para cá com a tarefa de trabalhar em fazendas de café. Depois vieram os italianos e ingleses. Fixaram nas margens dos rios como era de costume, porque era fácil a locomoção e a irrigação de suas culturas.

Assim o Rio Guarapiranga foi ocupado. Uma crise abalou a economia cafeeira e os imigrantes tiveram que ocupar-se com outras atividades. Uma delas foi a produção de carvão, já que a região era rica em vegetação e o carvão era utilizado para geração de energia.

A partir do final do século XIX, São Paulo iniciou um processo de crescimento acelerado. Com seu desenvolvimento a população teve um grande aumento, multiplicando-se em residências, escolas, teatros, comércios, indústrias, etc. Multiplicou também o consumo de energia elétrica que começara a ser utilizada neste período, e a Usina Hidroelétrica de Parnaíba, construída em 1901 no Rio Tietê que abastecia a cidade de São Paulo, não estava dando conta de tal crescimento, e nas estações de seca a produção diminuía.

Para solucionar esse problema a Companhia Light and Power, uma poderosa empresa de capital misto canadense-anglo-americano que tinha o monopólio de fornecimento de gás, eletricidade, etc. em São Paulo, resolveu em 1908, represar o Rio Guarapiranga, afluente do Pinheiros tornando assim uma grande represa para ajudar na movimentação de água para a hidroelétrica de Parnaíba. Anos depois suas águas não tiveram mais como destino o Tietê, mas sim a recém construída represa Billings, bem próxima a ela. Criada para acionar uma usina hidroelétrica na serra do mar. Foi no final da década de vinte, com problemas de falta d’água potável em São Paulo, que governo estadual decidiu utilizar a água da Guarapiranga para o abastecimento dos moradores, o que acontece até hoje.

Ao criar a represa Guarapiranga no começo do século, a Light pretendia dar a São Paulo uma caixa d'água de 34 km quadrados e 200 bilhões de litros. A companhia não sabia entretanto que planejava o paraíso dos velejadores e vários esportes náuticos.

Mas ao prenúncio de uma nova era o Criador, com sua benevolência divina, cansado de ver seu povo sofrendo injustiças, mandará "Arautos de Justiça e Paz" que restabelecera a ordem entre todos os povos do nosso querido Brasil, e dando a eles o que a eles pertencem não só as "terras", mas também suas origens e dignidade, deles arrancadas!

Em 2004, São Paulo comemora 450 anos!; haverá festejos por toda a cidade, e um dos maiores espetáculos será o desfile das escolas de samba que retratarão cada uma um pedacinho da cidade; e a Flor da Zona Sul traz para a passarela um grito de alerta.

Vamos preservar a natureza principalmente nossas represas, que são fonte de vida, pois a cada dia a água está se tornando uma preciosidade. E pra nós da Flor só resta pedir a proteção Divina para a nossa Guarapiranga, pra que no futuro consiga reunir ao seu redor o modernismo do homem branco e a pureza indígena em um só objetivos, caminhando juntos para um novo alvorecer.

 


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