Dizem que há séculos atrás, antes mesmo do
homem branco aportar por essas bandas dos trópicos, havia uma raça
soberana que habitavam todo o território de Além Mar do Velho Mundo.
Essa raça eram os índios Tupis-Guaranis,
que deram início de povoação a ampla migração religiosa em busca da
"Terra sem Males" por volta do ano 1000 da Era Cristã. Chegaram e se
espalharam não só na parte litorânea, mas por todo "Pindorama" (primeiro
nome dado ao Brasil pelos Tupis). Terra maravilhosa de fauna e flora
exuberante cheio de encantos e magia.
Dentre a nação Tupi-Guarani havia várias
etnias e muitas delas se aventuraram em matas fechadas, assim quiçá,
Índios Carijós vindos de São Vicente escalaram a Serra do Mar e chegaram
ao Planalto de Piratininga, encontraram aqui dois rios que cercavam São
Paulo; o Anhangabaú e o Tamanduateí e em canoar por afluentes de um
desses dois rios chegaram ao Rio Pi-iê-rê Jeribatiba ou Rio Pinheiros de
hoje.
Continuando sua peregrinação os Carijós
por um braço do Pi-iê-rê chegaram ao Rio Guarapiranga que em
Tupi-Guarani significa Lagoa Vermelha.
Pensaram ter encontrado a tão sonhada
"terra", encantaram-se com a beleza do lugar nas margens do rio onde
realizavam grandes festas em louvor à Deus Tupã (o Deus supremo indígena
- Senhor do arco-íris); que como prova de proteção e contentamento
lançou seu arco-íris do céu até as águas do Guarapiranga, tornando assim
as águas místicas; e incumbiu as Iaras (mães das águas doces) a guarda
do rio. Essa por sua vez chamou seus vazalos, "os guardiões das águas
místicas" com seus tridentes para a proteção dos seres aquáticos e os
"mistérios da lagoa vermelha".
Cinco séculos passaram até a chegada dos
portugueses por aqui, e os índios começaram a perder o seu território;
os brancos os escravizaram e os jesuítas os catequizaram, fazendo-os
perder sua identidade.
Em 25 de janeiro de 1554, um grupo de
padres Jesuítas vindos também de São Vicente pelo mesmo caminho
percorrido pelos Carijós guiados por Tupis pela Serra do Mar, chegaram
ao planalto e fundaram um colégio ao qual originou o povoado de São
Paulo de Piratininga.
Em 1558 foi elevado à categoria de vila e
em 1771 se tornou cidade. Neste contratempo da história surgem os
bandeirantes que tiveram participação significativa na história
paulistana, pois graças a eles que milhares de índios foram escravizados
ou exterminados. Eles escolheram São Paulo como quartel e transformaram
a capital num dos maiores centros do escravismo indígena de todo o
continente. Foram cerca de 500 mil, escravizados ou mortos. Se abrigaram
aqui porque estavam no centro da rota para os sertões, e também por que
os Carijós do litoral e os Guaranis do Paraguai estavam próximos e eram
presas fácil.
O crescimento de São Paulo foi bastante
lento, e só a partir da independência do Brasil e do início da produção
cafeeira no século XIX, a cidade começou a prosperar.
O bairro de Santo Amaro (que era um
município a parte) nos primeiros tempos da colonização era incumbido de
produzir gêneros alimentícios para a população que residia no planalto
central. A partir da Segunda metade do século XIX, recebeu
aproximadamente 200 famílias alemãs, na primeira fase da imigração de
estrangeiros, que vieram para cá com a tarefa de trabalhar em fazendas
de café. Depois vieram os italianos e ingleses. Fixaram nas margens dos
rios como era de costume, porque era fácil a locomoção e a irrigação de
suas culturas.
Assim o Rio Guarapiranga foi ocupado. Uma
crise abalou a economia cafeeira e os imigrantes tiveram que ocupar-se
com outras atividades. Uma delas foi a produção de carvão, já que a
região era rica em vegetação e o carvão era utilizado para geração de
energia.
A partir do final do século XIX, São Paulo
iniciou um processo de crescimento acelerado. Com seu desenvolvimento a
população teve um grande aumento, multiplicando-se em residências,
escolas, teatros, comércios, indústrias, etc. Multiplicou também o
consumo de energia elétrica que começara a ser utilizada neste período,
e a Usina Hidroelétrica de Parnaíba, construída em 1901 no Rio Tietê que
abastecia a cidade de São Paulo, não estava dando conta de tal
crescimento, e nas estações de seca a produção diminuía.
Para solucionar esse problema a Companhia
Light and Power, uma poderosa empresa de capital misto
canadense-anglo-americano que tinha o monopólio de fornecimento de gás,
eletricidade, etc. em São Paulo, resolveu em 1908, represar o Rio
Guarapiranga, afluente do Pinheiros tornando assim uma grande represa
para ajudar na movimentação de água para a hidroelétrica de Parnaíba.
Anos depois suas águas não tiveram mais como destino o Tietê, mas sim a
recém construída represa Billings, bem próxima a ela. Criada para
acionar uma usina hidroelétrica na serra do mar. Foi no final da década
de vinte, com problemas de falta d’água potável em São Paulo, que
governo estadual decidiu utilizar a água da Guarapiranga para o
abastecimento dos moradores, o que acontece até hoje.
Ao criar a represa Guarapiranga no começo
do século, a Light pretendia dar a São Paulo uma caixa d'água de 34 km
quadrados e 200 bilhões de litros. A companhia não sabia entretanto que
planejava o paraíso dos velejadores e vários esportes náuticos.
Mas ao prenúncio de uma nova era o
Criador, com sua benevolência divina, cansado de ver seu povo sofrendo
injustiças, mandará "Arautos de Justiça e Paz" que restabelecera a ordem
entre todos os povos do nosso querido Brasil, e dando a eles o que a
eles pertencem não só as "terras", mas também suas origens e dignidade,
deles arrancadas!
Em 2004, São Paulo comemora 450 anos!;
haverá festejos por toda a cidade, e um dos maiores espetáculos será o
desfile das escolas de samba que retratarão cada uma um pedacinho da
cidade; e a Flor da Zona Sul traz para a passarela um grito de alerta.
Vamos preservar a natureza principalmente
nossas represas, que são fonte de vida, pois a cada dia a água está se
tornando uma preciosidade. E pra nós da Flor só resta pedir a proteção
Divina para a nossa Guarapiranga, pra que no futuro consiga reunir ao
seu redor o modernismo do homem branco e a pureza indígena em um só
objetivos, caminhando juntos para um novo alvorecer.
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