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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. FLOR DE VILA DALILA - CARNAVAL 1996
Enredo: Conto, Encanto e Desencanto - A Saga do Preto Nicolau

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

É uma obra de ficção. Adaptada da obra literária de Viriato Corrêa, o Preto Nicolau, e, transportada para o enredo sob o título de: Conto, Encanto e Desencanto. A Saga do Preto Nicolau.

Qualquer semelhança com fatos, acontecimentos ou pessoas do nosso tempo, terá sido mera coincidência.

A Flor de Vila Dalila manteve o nome da obra na sua concepção original preservando o Preto Nicolau, contudo no sentido de adaptá-la à nossa realidade do dia-a-dia, o personagem principal do enredo é transformado no Negro Sonhador, que busca a liberdade sonhando com o Quilombo de Axuí.

A crônica de Viriato Corrêa descreve a falta de competência, os desmandos e a insensibilidade do governador da Capitânia do Maranhão contando a saga do Preto Nicolau que apresenta de forma alegre e irreverente a figura do Governador da Capitania, D. Fernando Antonio de Noronha na condição de um mandatário avarento, despreparado e ingênuo, a ponto de acreditar e querer a riqueza que Nicolau, escravo fugitivo que era, contou existir no Quilombo de Axuí.

O enredo foi concebido a partir dos fatos históricos, políticos e culturais da época em que aconteceu o fato e traz também o resgate do continente de origem do personagem principal.

Assim fora e continua sendo o Brasil

Conta-se que lá pelos idos de 1.792 à 1.798, foi indicado pela Corte Portuguesa para governador da Capitania do Maranhão, uma "figurinha" que se chamava D. Fernando Antonio de Noronha. Uma velha mania que se vem de longa data, esta tal de indicação.

Desmandos, desatinos, pérolas de despachos aconteciam na Capitania. Pudera! Com um Governador que não relinchava por modéstia! O mais bizarro dos despachos dizia respeito a uma certa contratação de um professor de filosofia:

"Pra que filosofia na Capitania do Maranhão? O povo do meio-dia não precisa saber muito, basta um pouco de gramática, e olhe lá que já é muito". O despacho concluía: "povo sabido, é povo perigoso, fica insubordinado e desobediente".

O Maranhão se celebrizou durante o sistema escravagista pelo requinte de sua crueldade imposta aos negros. O pau e o açoite comiam solto no lombo da negrada.

A resistência não tardou a acontecer. Surgiram os Quilombos. O mais afamado deles ficava nos campos da Lagarteira, a leste da Capitania, na cidade de Axuí, às margens da Lagoa do Caço.

A arrogância e a prepotência da fidalguia não permitiam que ela acreditasse na existência do Quilombo de Axuí. Creditaram a sua existência à crendice dos negros.

Aqui é que surge o Preto Nicolau. Ele era um escravo, com uma imaginação fértil e criativa, a serviço da sua liberdade e sonhava em viver no Quilombo de Axuí.

Um dia Nicolau fugiu. Andou perambulando no meio das matas à procura de Axuí.

Até que teve uma brilhante idéia. Nicolau era sabedor da ignorância rasa do Governador. Traçou um plano mirabolante. Com a sua astúcia, entrou sorrateiramente no palácio do Governador e narrou a D. Fernando a sua história fantástica:

"Fugira do chicote do seu senhor, embrenhara-se nas matas. E foi andando, andando. Depois de muitos dias perdidos, inesperadamente entrou na cidade de Axuí, escondida num bosque.

Tudo lá era, ouro puro. Ruas inteiras de ponta a ponta cobertas de palácios. São Luis era uma pobre aldeia comparada à Axuí. Não havia ninguém pobre. Era prata e ouro a dar com os pés. Todos os habitantes tinham arcas e mais arcas cheinhas de moedas. A água da lagoa era bebida em cuidas de ouro. A Igreja de Axuí impressionava, não só pelo tamanho como pela riqueza. A imagem da Virgem da Conceição no altar mor, era toda de ouro maciço.

Os negros de Axuí tinham comércio com a fidalguia mais importante de São Luis. Que o Governador o salvasse. Os fidalgos que comercializavam às escondidas com o Quilombo sabiam que ele era conhecedor da transação e queriam matá-lo".

Ali mesmo, traçaram o plano de uma expedição para conquistar Axuí. O Preto Nicolau saiu do palácio nomeado Comandante Chefe da Expedição. A expedição à Axuí consagrou a estupidez de D. Fernando e lhe garantiu o Troféu Cavalgadura.

Nicolau mudou e a cidade também mudou a maneira de tratá-lo, eram só mesuras, rapapés e salamaleques.

Muita gente tentou avisar o Governador da farsa, mas ele convencido da veracidade da história, preferiu creditar o alerta à inveja dos adversários.

A expedição estava armada: dois mil homens, entre tropa de linha, milícias, aldeões e índios.

Foi o maior assombro, São Luis inteira caiu na gargalhada e assistiu o embarque festivo das tropas.

Durante a travessia, Nicolau era o comandante audaz e convincente. Às vésperas de se avistarem os campos da Lagarteira, Nicolau sumiu. Ia ser descoberto o engodo. Ele se mandou pra Axuí sozinho. Não precisava mais das garantias da expedição, o conto vingou.

As tropas perderam-se entre riachos e matas. Mortas de fome e cansaço, voltaram abatidas e arrasadas, conscientes do triste papel que fizeram. A chegada foi feita à noite e às escondidas.

Relatando à Corte Portuguesa, D. Fernando afirmou:

"Depois de uma gloriosa chegada ao Quilombo de Axuí, as tropas depararam com a cidade abandonada. Os quilombos haviam fugido e levado tudo, todo o ouro.

Apesar disto, a expedição surtiu um grande efeito moral sobre a tropa".

Nicolau pôde saber já no Quilombo do Axuí a extensão da sua armação e concluiu: o poder é ridículo e risível.

 


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