A cidade de Vassouras
no Estado do Rio de Janeiro nasceu entre trilhas do
caminho do ouro que levavam à Minas Gerais no século
XVII, entretanto, economicamente, ela passou a ter
importância no século XIX, já no ciclo do café e
ficou conhecida como a cidade dos Barões e hoje
conta com apenas trinta mil habitantes.
É nesse cenário do
século XIX que se dá a maior rebelião rural de
escravos do Brasil, liderada por Manuel Congo e sua
mulher conhecida por nome e apelido Mariana Crioula
a quem é atribuída a frase, "Morrer sim, entregar-se
jamais". As palavras resumem o sentimento de
liberdade desses rebeldes.
No dia 5 de novembro
de 1838 na escuridão da noite, cerca de 100 escravos
da Fazenda da Freguesia, pertence ao Capitão-Mor
Manuel Francisco Xavier abandonaram as senzalas rumo
a Fazenda Maravilha, também de Xavier. Lá, tentaram
matar o feitor, arrombaram paiós e casas de vivenda,
furtaram ferramentas e fugiram em direção às "Matas
de Santa Catarina" e já somavam mais de quinhentos
rebelados provenientes de outras fazendas, inclusive
Epifanio que pertencia ao plantel de outro
fazendeiro, Paulo Gomes Ribeiro de Avelar.
Houve uma imediata
reação por parte dos proprietários de terra.
Em cinco dias, com a
ajuda da Guarda Nacional do Império por volta de 160
homens armados saíram à procura dos fugitivos. A
ação teria que ser rápida, pois esse exemplo de
insubordinação poderia espalhar-se pela região, que
no auge do ciclo do café recebeu nada menos que
800.000 escravos. A maioria deles era "nação fulas"
ou seja, vindos da África e não Crioulos, nascidos
no Brasil.
Em 11 de novembro de
1838, seis dias depois do levante, a tropa,
comandada pela Guarda Nacional, chegava ao local
onde estavam os escravos. No confronto, os
resultados foram ínfimos, sete escravos mortos e
vinte e dois capturados e baixa de dois soldados.
No dia seguinte porém,
a tropa prendeu os principais líderes da rebelião,
entre eles, Manuel Congo e Mariana Crioula que
seriam "rei" e "rainha" do futuro quilombo.
Em dezembro, um mês
depois do primeiro combate, a Guarda Nacional teria
mandado para a região uma força-tarefa, comandada
pelo Tenente-Coronel Luis Alves de Lima e Silva, o
futuro Duque de Caxias, entretanto, não há registro
oficial desse episódio.
Apesar da vitória
alardeada pelas autoridades imperiais e fazendeiros,
acredita-se que apenas 10% do total de rebeldes
foram recapturados.
Do processo judicial,
apenas Manuel Congo foi condenado à morte. Outros 16
indiciados receberam 650 chibatadas.
Manuel Congo foi
enforcado em 6 de setembro de 1839.