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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.E.S. IMPERATRIZ DA PAULICÉIA - CARNAVAL 2001
Enredo: Real ou Surreal?

O Grêmio Recreativo
Autores: Otaviano Amantea e Edvaldo Galdino

 

Tudo começou (ou continuou) quando F.H.C. (Fernando Henrique Cardoso), em junho de 1994, acreditando nos efeitos da fantasia de Dom Quixote que trajou, provocou, atacou e golpeou a inflação.

A nação, esse entre difuso e sem rosto, naquele momento gritou com euforia apesar da voz quase mórbida. Pra variar ainda trajava o que pensa ser uma fantasia glamorosa, mas é sim sua veste diária e definitiva, a roupa surrada chamada esperança.

De início a igualdade Dólar e o recém nascido Real seduziu, contagiou. Atrelado a sorte do momento que a economia mundial vivia, a mídia e consequentemente todos renderam-se e se deixaram contagiar num "ufanismo oficial".

Olhos fecharam-se, e abriram-se escancaradamente as cancelas das importações. Então tudo passou à vontade: de cerveja à eletro doméstico, até tecido pra vestir nubente.

Ante a globalização, sem qualquer complacência em iludir o distante terceiro mundo, as indústrias brasileiras confinaram-se esquecidas como maquinário sucateado. E aqueles que conseguiram desiludiram-se desse novo termo, concluíram que a globalização nada mais é que sinônimo de poder econômico.

E continua a eterna luta da supremacia máxima do forte sobre o fraco. Qual a chance do fraco sob o forte, que sem compaixão substitui punhos e músculos por moedas de som até musical - Dólar, Marco, Libra, Franco...

E o Real? Tenta alfabetizar-se mas não passa de aluno repetente. Mas tem que manter a postura (comprou um diploma de faculdade em entidade que ministra curso por correspondência em finais de semana).

Ei Real! - fala alguém - A realidade é outra, preste atenção para não cair. O Real faz ouvidos moucos é, lógico, chegam as crises (elas são inevitáveis como o fluxo das marés, as fases da lua e outros fenômenos naturais) asiática e mexicana e, mais recentemente a Russa, pondo fim ao conchavo midiático e às chicanas.

Empresas centenárias foram fechadas, fundidas ou simplesmente vendidas em nome da produtividade, dos programas de qualidade, de reengenharia (ai, cruz credo, toc-toc-toc, mangalô três vezes) a curva do desemprego virou balão em junho, pipa em agosto... Acumulando desgostos, enfraquecendo os punhos, desfigurando perspectivas e rostos.

A classe média, a velha e burguesia gorda que sempre, bem ou mal, vivia no reino da fantasia, aprendeu a fazer contas no supermercado. Até motel virou artigo de luxo neste país antes fictício e priapesco.

A âncora cambial, que deixou fundeado na estagnação o navio Brasil, foi-se e o sonho artificial acabou-se. Mas o sonho real (Real à parte), o da consciência coletiva transformou-se em voz de comando. O M.S.T. (Movimento Sem Terra) ganhou adesão dos Sem Teto, dos Sem Comida, dos Sem Emprego, dos Sem Nada a Perder - para fazer ouvir os que têm muito a perder, os sem vergonha... e a cidade na motivação teve maior união.

A balela do Real moeda forte desfez-se diante da real desvalorização. O que não desfez-se foi a agonia do dia-a-dia do pai de família que trocou as bandeiras do aumento salarial por mordaças pela manutenção do emprego. Tampouco desfez-se a luta (vã) contra as privatizações desenfreada, que entregou o melhor que o Estado conseguiu construir em cinco séculos face às seqüelas de um malfadado plano de 6 anos.

O país fez quinhentos anos, como retroagiu, em "comemoração" tentaram até trazer uma Nau de Portugal que não chegou.

Puseram o Exército para bater em índios, estudantes e professores. Fecharam Porto Seguro, pintaram as guias, as janelas, mas não colocaram o fecho na tramela por onde foge a soberania. F.H.C. reeleito sempre do mesmo jeito. Se no tempo de Collor havia P.C. Farias que fez "disso aqui" o templo da fancaria, com F.H.C. temos E.J.

E se houve até Sérgio Naya, Luiz Estevão, Nicolau Laulau, falso "herói". Há ao limiar do novo século e milênio a consequência que esse povo secularmente proscrito das decisões, à velha roupa, esperança, junta os endereços da consciência, da decisão, e da mesma forma que samba na passarela, com o pincel da ação ainda dará sentido a essa aquarela.

O G.R.E.S. Imperatriz da Paulicéia, vem mais uma vez como exemplo de dedicação e humildade, retratar a situação em que nós brasileiros nos encontramos, e pedimos uma atenção especial ao Sr.(a) jurado(a) para observar as partes grifadas, pois as mesmas tornar-se-ão fantasias e alegorias, ilustrando nosso carnaval que já faz parte da mais bela tradição, da mais pura manifestação popular.

 


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