
INTRODUÇÃO
EEm 1886, a imoral instituição da escravidão dava seus últimos golpes. José do Patrocínio e André Rebouças, líderes abolicionistas, evitaram a violência da polícia e de opositores levando ao Teatro Lírico do Rio de Janeiro a popularíssima ópera "Aida", de Verdi, que narra a história da princesa etíope escravizada, apaixonada por Radamés e saudosa de sua terra, de seus pais e de sua liberdade. Para o próximo carnaval, recriamos essa apresentação em palco de asfalto, compondo os eventos históricos inspirados pelo encanto da ópera e pela bravura dos abolicionistas.
SINOPSE
Herdeiros da luta malê e quilombola sobem o pano do Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Em cena: Aida! Longe de casa, canta o refúgio sereno e abençoado de sua terra. Aprisionada e feita cativa em um império distante, a princesa etíope luta contra a escravidão que lhe quer dar tumba.
Era um tempo de censura. O governo conservador fazia com que não se cumprissem os avanços já conquistados. Os teatros se fechavam ao discurso que proclamava a futura liberdade por temerem retaliação violenta. Mas a alma romântica, o espírito do mundo naquele momento, tomada por um sagrado anseio de glória, exaltava os amores de Aida: por Radamés, por sua terra e pela liberdade. Contra tamanha verdade e popularidade, nenhuma força imperial poderia lutar sem ceder.
Sua pele brilhando sob a ribalta, Aida vê seu destino: estava sendo escrito por José do Patrocínio e André Rebouças, abolicionistas negros. Bravos, bravíssimos levam ao palco seis meninas escravizadas. Sina e figurinos idênticos ao de Aida, elas recebem suas cartas de liberdade. Algemas cenográficas e reais arrebentadas, o público ovaciona, lançando camélias ao palco.
Há de chegar o dia em que descerá o pano sobre escravidão no Império do Brasil.
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