JUSTIFICATIVA
O presente enredo traz, como personagem principal, o próprio sambista da Imperador do Ipiranga em Ação de Graças e contemplando orações e rituais de agradecimento que nos foram legadas pelas nossas matrizes culturais europeia, africana, afro-brasileira, cabocla e indígena.
SETOR 1: O SANTUÁRIO DAS GRAÇAS ALCANÇADAS – A HERANÇA EUROPEIA
Meus senhores e senhoras, sou Imperador e estou aqui para agradecer! Na felicidade desta noite de carnaval quero mostrar o que é gratidão e como esse sentimento é bonito! Todo romeiro que segue para pagar uma promessa merece respeito, pois só o Sagrado sabe o que passamos para conquistar o impossível.
Sou brasileiro e minha fé é sincretizada. Fé não se explica, se sente! Não se julga, se contempla. Assim como a fé do Pagador de Promessas Zé do Burro, que deu a própria vida em gratidão a Iansã/Santa Bárbara.
E assim sigo com os romeiros em procissão, pagando suas promessas e carregando os ex-votos: velas gigantes, representações de membros e órgãos curados, casas, embarcações, todas as conquistas, que são depositadas nos santuários.
A devoção popular mostra os noivos e noivas que celebram o casamento, graça concedida por Santo Antônio, e a gratidão de pais e mães em preces de Ação de Graças, ao ver seus filhos conquistando o diploma de bacharel.
Por fim, quero agradecer aos Sete Dons do Espírito Santo, pois sem eles não tenho força para alcançar meus sonhos: Ciência, Entendimento, Sabedoria, Conselho,Fortaleza, Piedade e Temor de Deus.
Comissão de Frente: Sou Imperador e Estou aqui para agradecer.
MSPB: O Pagador de Promessas e Santa Bárbara/Iansã
Ala 1: Segue a Procissão: Devotos e Ex-Votos
CARRO ABRE-ALAS: SANTUÁRIO DAS GRAÇAS ALCANÇADAS
Ala 2: Noivas e Noivos (Santo Antônio)
Corte da Bateria: Preces em Ação de Graças
Ala 3 (Bateria): Os Bacharéis
ESTANDARTES: OS SETE DONS DO ESPÍRITO SANTO
SETOR 2: O AXÉ DA HERANÇA AFRO-BRASILEIRA
Dos povos vindo da África e seus descendentes no Brasil, aprendi a agradecer ao pai Obaluayê por ter me escolhido para estar vivo nesse dia, por garantir a minha saúde, a minha memória, o meu juízo, o som que emana dos nossos tambores e das nossas vozes.
É a festa do olubajé... Atotô, ajuberu!
Ele é um grande orixá
Ele é o chefe da Calunga
Ele é o Atotô...
O que um erê faz, ninguém desfaz! Erês são a forma que os orixás encontram para falar conosco, são os próprios orixás. Presentear um erê é agradecer a todos os caminhos que foram abertos, é perdoar todas as mágoas que nos envenenam, e reconquistar a pureza de sentimentos de uma criança! Salve Cosme e Damião, Salve os Ibejis...
Eu quero doce
Eu quero bala
Eu quero mel
Pra passar na sua cara...
E todos os mares são dela! A linda mãe dos peixes, a que leva o mal para o fundo, a que traz o aconchego! Trago a ti flores brancas e alfazema, mãe Yemanjá!
Saia do Mar
Linda Sereia
Saia do mar
Venha brincar na areia
Ala 4: Olubajé
Ala 5: Ibejis, a Festa dos Erês
Ala 6: Festa no mar
ELEMENTO CENOGRÁFICO: O BARCO DE OFERENDAS A YEMANJÁ
SETOR 3: GRATIDÃO CABOCLA E AS HERANÇAS DOS DONOS DA TERRA
Ah, como é lindo ver esse povo brasileiro, em sua mestiçagem, mostrando o jeito caboclo de agradecer! O maior evento católico do mundo faz parar toda a cidade de Belém do Pará: é o Círio de Nazaré! Como é lindo ver Nossa Senhora, a mãe, a padroeira da Amazônia, a Nazica, toda ornada de flores em sua berlinda. Quanta gratidão é passada por mãos humildes naquela corda!
Ó Virgem Mãe amorosa,
Fonte de amor e de fé,
Dai-nos a bênção bondosa,
Senhora de Nazaré
E adentrando o maior rio do mundo, o caudaloso Amazonas, eu vi os pescadores ribeirinhos em sua linda profissão de barcos, agradecendo a São Pedro pela fartura dos
peixes, o pão que dos rios é garantido para alimentar os curumins e as cunhantãs do povo das águas...
Ainda nas margens do Rio Amazonas, ouvi contar que uma das formas de agradecer a São João Batista pelas conquistas é montar um boi-bumbá. Todo boi-bumbá é o pagamento de uma promessa, que deve ser renovada a cada ano, com o boi dançado em volta das fogueiras, sob um céu enfeitado de balões...
E os caboclos contam lendas que aprenderam com seus ancestrais indígenas, como a da bela índia Naiá, apaixonada pelo rosto de Jaci, a Lua. Um dia, ao ver a lua refletida nas águas, pulou para alcançá-la, desaparecendo. Em gratidão, Jaci encantou Naiá e a transformou na Vitória-Régia, a reluzente flor que encanta a superfície das águas!
É hora de celebrar a colheita na grande Mundurukania, a pátria indígena, e todas as tribos são chamadas para deixar suas lanças, arcos e flexas e dançarem em honra e gratidão à Mãe Terra, ofertando-lhe a seiva do sereno que se une ao suor e sacia a sede e o cio da Terra!
E a dança das tribos culmina com o grande Ritual do Toré, comandado pelo Grande Xamã, pajé feiticeiro que deixa todas as tribos presentes em estado de êxtase! Sim, a gratidão é um prazer! E, como sou Imperador, vejo nesse ritual à gratidão à minha Velha Guarda, respeitáveis pajés e pajeranas, conselheiros que assistem, encantados, a esse cortejo ritual de gratidões que eles mesmos nos ensinaram a fazer! Está concluída a minha Ação de Graças... Amém, Axé, Anauê!
Ala 7: O Círio de Nazaré
Ala 8: Romaria a São Pedro
Ala 9: Boi-Bumbá, a Promessa para São João
MSPB: Naiá - A Lenda da Vitória-Régia
Ala 10: Maracanandé: O Encontro dos Povos Indígenas
CARRO 2: TORÉ, O RITUAL DA UNIÃO E DA GRATIDÃO |