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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. UNIDOS DO JAÇANÃ - CARNAVAL 2024
Enredo: O Cangaceiro que virou encantado nas terras da Jurema

O Grêmio Recreativo
Autor: Não Informado

ESCLARECIMENTOS:
 
Este é um desses enredos que parte do princípio do realismo fantástico com a missão de acalentar quem ouve a uma história; ou seja, embora tenha similaridade reais tanto quanto com a essência religiosa popular em sua crença inocente sobre o divino aos personagens nela envolvida, como o cangaço.
 
Acrescentamos aqui uma prática pouco conhecida por outras regiões do rincão deste país: a Jurema Sagrada, de essência regionalista puramente nordestina.
 
Aqui juntamos, para este carnaval, a cultura local nordestina para a narrativa fantasiosa com o compromisso de manter-se ao mais próximo possível a fidedignidade dos fatos, o que não se pode dizer que são os próprios fatos.
 
O que é a Jurema Sagrada?
 
É uma prática espiritual largamente difundida na zona da mata da Paraíba e Pernambuco, mas que tem em Alhandra (PB) uma referência fundamental. A Jurema é em si, uma árvore dos "gêneros Mimosa, Acácia e Pithecelobium" (SANGIRARD JR., 1983, p. 191), encontrada com bastante abundância no semiárido nordestino, e que, antes mesmo da colonização, era cultuada como um elemento sagrado por diversas etnias indígenas da região, por conta de suas propriedades psicoativas.
 
Este agrupamento indígena criou um ambiente propício para interação de diversas etnias distintas, que, mesmo rivais entre si, passaram a unir-se e a vivenciar um novo fluxo cultural.
 
Dialogando, primeiramente, com elementos do catolicismo popular, na Jurema faz-se presente o uso dos santos e rezas católicas, assim como as manipulações da Santíssima Trindade para fins mágicos, reconfigurando alguns dos cultos indígenas com a incorporação de signos e narrativas católicas.
 
Nesse sentido, a Santidade, ainda no século XVI, foi a primeira manifestação que evidenciou esse intercâmbio cultural, em que o xamanismo indígena incorpora a devoção aos santos católicos, em que "o índio, 'mesmo católico' não deixou de acreditar em seus deuses, de cultuar os espíritos da floresta ou de reverenciar seus ancestrais" (SILVA, 2005).
 
Segundo o pesquisador e folclorista Câmara Cascudo (1978), os colonos e mestiços confiavam "nas práticas indígenas dos pajés, indo às reuniões escondidas, bebendo fumo, aceitando as soluções terapêuticas dos nativos, como sopro, defumatório e sucção, para alívio dos males".
 
A influência negra também se faz presente, com as nações banto vinda de Angola, que também veneravam seus mortos e eram responsáveis por cultos vegetalistas, que prontamente interagiram com as práticas indígenas.
 
Sendo assim, é o catimbó do litoral sul da Paraíba que consegue sintetizar parte destas práticas culturais. Herança de todo o universo mítico e da tradição de conhecimento da Jurema Sagrada, o "catimbó é o melhor, e o mais nítido dos exemplos desses processos de convergência afro-branco- ameríndia. As três águas descem para a vertente comum, reconhecíveis, mas inseparáveis, em sua corrida para o mar" (CASCUDO, 1978).
 
O culto tem por base um sistema mitológico no qual a jurema é considerada árvore sagrada e, em torno dela, dispõe-se o "reino dos encantados", formado por cidades, que por sua vez são habitadas pelos "mestres". Uma outra explicação mitológica apresenta uma visão cristã quanto às origens do culto ao afirmar que, antes do nascimento de Deus, a jurema era tida como uma árvore comum, mas, quando a virgem, fugindo de Herodes, no seu êxodo para o Egito, escondeu o menino Jesus num pé de jurema, que fez com que as soldados romanos não o vissem, imediatamente, a árvore encheu-se de poderes sagrados, justificando, assim, que a força da jurema não é material, mas espiritual, dos espíritos que passaram a habitá-la (Cascudo, 1931).
 
A jurema é um pau sagrado
Onde Jesus descansou
Que dá força e "ciência”
Ao bom mestre curador
 
No culto, para acessar o contato com a "divino” e a "ancestralidade", a participante toma um amargo chá feito com as folhas da Jurema, chamado de vinha de jurema. Também há relatos do uso da folha como alimento para os cachimbos, atingindo, no ápice inalatório esse contato com os encantados, que segundo a tradição moram num universo paralelo, conhecida como a cidade dos encantados, Tambaba.
 
Quem é o Cangaceiro Serpente?
 
Aqui nos inspiramos na personagem real, José Leite Santana, conhecido como cangaceiro Jararaca. Ao contrário dos demais cangaceiras que chegavam até o bando de Lampião em busca de justiça pelas próprias mãos por alguma desventura familiar e com sede de vingança, este cangaceiro, abandonou o exército para seguir no cangaço. O fato de tal escola é amplamente discutida pelas narrativas jornalísticas da época, porém, não é o cerne ilustrativo do enredo a seguir.
 
O Jararaca foi preso, torturado e obrigado a cavar a sua própria cova. Foi enterrado vivo após um tiro que não tirou a sua vida. Isso gerou comoção dos mais pobres que passaram a visitar o cemitério e, em seu leito, pedir por intervenções em suas vidas, crendo no arrependimento do cangaceiro e sua remissão na hora da morte, tornando-se, assim, no imaginário popular, uma espécie de santo.
 
O que nos vale para o enredo é esta narrativa.
 
Cremos, que, através dela, possamos realizar uma narrativa cativante no desfile para este carnaval.
 
SINOPSE:
 
Este é um desses enredos que parte do princípio do realismo fantástico com a missão de acalentar quem ouve a uma história; ou seja, embora tenha similaridade tanto com a essência da religiosidade popular quanto aos personagens nela envolvida, como o cangaço.
 
Acrescentamos aqui uma prática pouco conhecida por outras regiões do rincão deste país: a Jurema Sagrada, de essência regionalista puramente nordestina que brotou de matrizes indígenas.
 
Aqui juntamos, para este carnaval, a cultura local nordestina para a narrativa fantasiosa com o compromisso de manter-se ao mais próximo possível da fidedignidade dos fatos, o que não se pode dizer que são os próprios fatos.
 
A personagem central de nossa trama é o "Cangaceiro Serpente".
 
Desde muito jovem entrou no exército, mas, ao amadurecer como homem, escolheu ao cangaço como norte de justiça. Com se a sua alma encontrasse os olhos flamejantes de sua serpente ancestral que regeu sua alma.
 
Cometeu crimes ao fazer justiça com as próprias mãos. Foi um homem namorador, daqueles de se encantar na boa farra musical por moças faceiras.
 
Numa tarde, durante uma batalha, rastejando entre os mandacarus foi atingido e capturado pelo exército que um dia serviu.
 
Foi preso e lhe obrigaram a cavar a própria cova. Com um tiro foi jogado nela. Respirava ainda. O enterraram vivo. Os sertanejos se compadeceram. Acenderam velas e oraram por ele.
 
Este, caminhou pelo vale dos mortos e ainda assim operou milagres atendendo preces, pedidos e orações em romarias ao seu túmulo. Virou um encantado no altar do povo.
 
Hoje, mora na Tambaba, cidade da Jurema Sagrada, de onde vem, ao ouvir o som das maracas, dos tambores e a cantoria. Aconselha para o bem os caminhos das pessoas. Guia todos para a luz para que possa encontrar a sua luz, assim como faziam seus ancestrais.
 
Salve a Jurema Sagrada! Salve a Unidos do Jaçanã neste altar do samba com o Cangaceiro Serpente!
 
FONTES DE PESQUISA:
 
CASCUDO, Luiz da Câmara. Meleagro: pesquisa do catimbó e notas da magia branca no Brasil. Rio de Janeiro: Agir, 1978.
 
NOGUEIRA, André. Jararaca: A morte do fiel cangaceiro do bando de Lampião. Aventuras Na História. Disponível em: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque /jararaca-a-morte-do-fiel-cangaceiro-do-bando-de-lampiao.phtml> Acesso em 08 jan 2023.
 
RUFINO, Luiz. A Ciência Encantada. UERJ. Disponível em: <https://www.academia.edu/20079012/A_Ci%C3%AAnciaEncantada> Acesso em 08 jan 2023.
 
SANGIRARDI JR., Angelo B. O índio e as plantas alucinógenas. São Paulo: Ed. Alhambra, 1983.
 
SILVA, Vagner G. da. Candomblé e Umbanda: caminhos da devoção brasileira. São Paulo: Selo Negro, 2005.
 
VANDEZANDE, René. Catimbó: pesquisa exploratória sobre uma forma nordestina de religião mediúnica. Recife: Dissertação de mestrado/UFPE, 1975.

 


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