Abram alas, súditos da corte do samba!
A Imperatriz da Paulicéia pede passagem para contar a minha história, pois sou o símbolo maior dessa comunidade e meu girar representa a sua glória. Imponente, tenho ligação com esse festejo desde os antigos carnavais, estou presente em alegorias, fantasias e no pavilhão de escolas tradicionais e nessa festa popular, digo com alegria...
Brilho soberana na cabeça do rei dessa folia.
De ouro, prata ou lata, quem me tem, detém o poder, batalhas aconteceram em meu nome, grandes reinos vi nascer. Ajudei a escrever a história, minha fama não veio à toa, sempre estive com conquistadores e vitoriosos, eu sou a coroa. Cheguei no Brasil com a corte portuguesa, junto de um rei bufão, uma rainha louca e aquele que se tornaria imperador dessa nação, que mais tarde se casaria com Leopoldina, imperatriz por procuração.
Na religiosidade do nosso povo, sou lembrado da melhor maneira, tornei-me sagrada, adornando a cabeça de Nossa Senhora, a santa padroeira, e do alto de uma pedreira, veja você,
represento a justiça do rei Xangô, kaô kabecilê!
Percorri o mundo, sempre cercado de simbolismo, tradição e ritual, reis africanos me ï¬zeram de marï¬m e pele de animal, na Grécia antiga, para condecorar vencedores, fui feita de louro e representei a ganância do rei que transformava tudo em ouro.
Minha riqueza também é cultural, no folclore a tradição assim se fez: Viva a congada! Salve a folia de reis!
Cara ou coroa? A sorte está lançada, no baralho sou rei, valete e rainha, em busca da grande cartada. No tabuleiro de xadrez, a dama coroada tem o poder, xeque-mate, a estratégia é vencer.
Em nome do luxo, da beleza e felicidade, sou desejada pela miss, um tributo a vaidade.
Termino aqui, com uma frase que resume esse momento feliz... “A vida me fez rei e o samba me fez imperatriz!”.
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