INTRODUÇÃO
Os moradores da cidade de Foz do Iguaçu aprendem desde pequenos, na escola, a famosa lenda de como se formaram as Cataratas do Iguaçu, mas os turistas e viajantes que visitam essa maravilha da natureza não conhecem tal narrativa, linda e encantadora, que faz parte da História da cidade. Uma lenda de amor que transcende a imaginação e fascina quem a conhece, deixando a sensação que estamos vivenciando.
DESENVOLVIMENTO
Há muitos e muitos anos, quando tudo era só floresta e água, uma grandiosa tribo de índios da etnia Caingangues, moravam nas redondezas da planície de Iguaçu, as tribos se concentravam principalmente nesta região onde hoje está o Parque Nacional de Iguaçu. Eles contemplavam a Fauna e a Flora, viviam em completa harmonia com todos os elementos da natureza, principalmente a terra e a água, de onde subtraiam seus alimentos. Acreditavam fielmente em TUPÃ, o Deus supremo e criador do mundo.
Tupã tinha um filho cujo nome era M’Boi, uma serpente gigante que habitava as águas dos rios que os cercavam. Ele era o protetor dos Caingangues e seu nome era pouco pronunciado para não atrair sua fúria. Os Caingangues o respeitavam muito e qualquer enchente, falta de peixes, água poluída ou tragédia nos rios, acreditavam ser castigo de M’boi.
Eis que em uma época, começaram a faltar muitos peixes, visto que a água não estava tão límpida, devido os constantes e frenéticos deslocamentos da serpente pelo rio PARANÁ, onde seu poder era mais forte, a mesma estava inquieta, por ver tantas índias belas, banhando-se em suas águas.
Os índios passaram a se preocupar com a alimentação da tribo, que chegara às vezes a passar fome, então decidiram fazer um acordo com o Deus serpente: a cada ano, em cerimônia festiva, uma das índias mais bonitas da aldeia, seria entregue a ele como forma de pagamento e homenagem, e, em contrapartida ele sempre agraciaria a aldeia com peixes e água fresca, perpetuando assim as gerações. M’boi, muito contente, aceitou a oferta.
Ser escolhida para ser o presente do Deus das águas era um orgulho para a índia e uma honra para sua família sacrificá-la.
Igobi, o cacique da maior tribo Caingangue, tinha uma filha bela e agressiva, de nome Naipi, tão linda que muitos comparavam seu estilo e beleza a de uma onça pintada, pouquíssimas vezes ele deixava a cunhantã sair da ocara, sempre buscava água para ela se banhar e beber, nunca deixando a mesma chegar perto do rio.
Já moça, era impossível o cacique prende-la tanto. O pai então ordenou que ela só se banhasse pela manhã, horário que o Deus serpente ainda dormia. Ela se tornará a virgem mais bela e inteligente de toda a tribo, tão linda que a água do Iguaçu parava todas as manhãs, quando nela a jovem se banhava.
Um dia a jovem extrapolou em seu banho matinal e acabou acordando o Deus serpente, que, ao avista-la, apaixonou-se imediatamente.
Coube então, naquele ano, a Naipi, filha de Igobi, ser a oferenda. Começaram pois os preparativos para a festa de entrega. Estavam todos felizes, inclusive o cacique que teve de aceitar muito orgulhoso a escolha de M’boi. A aldeia toda fora enfeitada, foi preparado muito “cauim” (bebida típica a base de mandioca e casca de melancia, que, fermentada deixava os índios em estado de transe). Começaram a chegar as outras tribos caingangues, para a festividade. Foi quando Tarobá, avistou Naipi em uma das danças típicas da tribo e se apaixonou por aquela linda índia.
Tarobá era o índio mais forte de todas as tribos Caingangues e sabia que Naipi era a grande prometida ao Deus das águas, mas a paixão era tão forte que ele decidiu deixar todas suas crenças de lado para ir falar com ela, e foi amor à primeira vista. Os dois sabiam que seria um amor proibido, pois se M’boi descobrisse a relação entre os dois, todo o acordo e o respeito aos antepassados seria quebrados, porém eles, apaixonados, arriscaram tudo, combinaram que na noite anterior ao sacrifício, quando todos já estivessem exaustos pelos folguedos e bebida cauim, deixariam tudo para trás e fugiriam juntos, numa piroga (canoa indígena) encontrada por Tarobá.
Então decidiram esperar uma hora em que a grande serpente estivesse dormindo no fundo do rio para pegarem a piroga e fugirem de todos. Chegou a madrugada, M’boi desceu para a parte mais funda do rio adormecendo. Tarobá viu que era a hora certa e chamou Naipi para partirem, então entraram na piroga, e remaram rio adentro, mas os movimentos das remadas de Tarobá eram muito violentos e vigorosos que acabaram acordando o Deus M’boi, que despertou furioso com o incômodo, e subiu até a margem para ver o que estava acontecendo. Ao longe avistou sua bela índia em uma piroga com outro homem indo embora. Tomado pela raiva, a grande serpente se precipitou em direção aos dois, que já estavam quase chegando ao rio Paraná, onde o Deus serpente tinha poder limitado.
M’boi percebeu a intenção de Tarobá em fugir pelo rio Paraná. Com fúria, levantou seu enorme corpo e mergulhou violentamente nas entranhas do rio, contorcendo-se bruscamente, provocando assim uma grande explosão, criando uma gigantesca fenda e um precipício enorme, onde os fugitivos desaparecem e as águas assim formaram as Cataratas do Iguaçu.
O grande Deus Tupã furioso com toda essa briga e traições, decidiu castigar os três protagonistas dessa história, transformando então Naipi em uma grande rocha, do lado direito das cataratas, onde é fustigada eternamente pela força das águas por desobedecer ao combinado com seu filho. Tarobá, por sua vez, foi transformado numa palmeira do lado esquerdo das cataratas e avista o sofrimento de sua amada sem nada poder fazer. M’boi foi aprisionado para sempre dentro da garganta do diabo, vigiando para que o enlace dos enamorados nunca se realize. Diz a lenda que se avista a rocha e a palmeira andando pelas trilhas do Parque Nacional do Iguaçu e que (curiosamente tem o formado de uma onça pintada quando esta deitada), o som provocado pelas enormes quedas d’águas das cataratas pode ser ouvido a distância e é o sibilo de ódio do deus M”Boi, que não teve seu sacrifício consumado. Todas as vezes que o arco íris se forma nas Cataratas é o sinal de renovação do amor de Tarobá e Naipi, que continua presente e latente.
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