Como dizia o poeta…
Quem já passou por essa vida e não sofreu
pode ser mais, mas sabe menos do que eu,
porque a vida só se dá para quem se deu,
Somente quem sentiu uma paixão proibida, pode dizer que já viveu.
Posso estar enganado, mas para mim, esta é a explicação
para o fascínio que exerce nas pessoas os assuntos do coração.
Afinal, uma história que fala de sentimento torna-se muito mais atraente, quando há algum impedimento.
Paixões não correspondidas motivaram guerras entre nações,
na política, influenciou importantes decisões,
nas artes então, foi um vasto horizonte
para artistas de vários segmentos, que beberam desta fonte.
Música, cinema, teatro e literatura abordam em maiores proporções
sofridos casos de amores secretos, do que romances sem complicações.
Permeado por desejo, romance com uma pitada de sedução
mostro que nem mesmo as grandes personalidades estão imunes às intempéries do coração.
Curiosa e altaneira, eu sou a águia guerreira!
Representante do universo onde a ficção se encontra com a realidade
contando em forma de enredo, a história das grandes paixões proibidas da humanidade.
Começo minha viagem com uma indagação…
Até onde alguém pode chegar em nome de uma paixão?
Diz a mitologia que Orfeu dedilhava sua lira somente para Eurídice, sua amada
(era para ela cada nota tocada)
Porém, o destino esse deus tão cruel, que com os nossos sonhos nunca se importa,
fez Orfeu sentir-se jogado ao léu, ao ver sua bela Eurídice morta.
Inconformado, não queria perder seu grande amor,
para resgatar Eurídice, enfrentou os perigos do mundo inferior,
com suas belas canções a todos comoveu e naquele mundo assim entrou.
Até o próprio Hades, ele convenceu a entregar-lhe de volta a quem tanto amou“Leve-a contigo e de meu reino saia, contudo não deves olhar para trás,
pois caso a sua palavra traia, a bela Eurídice não verás mais.
Orfeu conseguiu o seu intento, porém no retorno, quando os raios do sol já avistava
teve um momento de distração, olhou para trás e ouviu o lamento
era sua amada que dele para sempre se afastava.
Ainda na Grécia, testemunhei o que para muitos pareceu uma ironia,
a Deusa do amor, a mais bela do Olimpo, quem diria,
entre tantos pretendentes, que sonhavam tê-la ao lado,
viveu um intenso romance proibido com o deus da guerra, temido e respeitado.
Nos tempos bíblicos, vi o escolhido por Deus, um rei poderoso
cair em tentação e cometer pecados em nome de um relacionamento amoroso.
Também presenciei um homem bom, com uma força descomunal
ser enganado por sua amada, que era de um povo rival.
Sedutora, descobriu que nos cabelos estava a fonte de seu poder,
na calada da noite cortou suas madeixas e entregou-lhe para prisão,
foi o fim de um amor intenso, porém manchado pela traição.
O tempo passou, o mundo se modernizou, surgindo novos reinos e nações
e com eles, casos de personalidades da história que não resistiram as tentações
de desfrutarem calorosos relacionamentos proibidos, recheados de poder e sedução.
Por isso, chego a França medieval, centro da elite e da nobreza,
onde os amantes ganharam status de realeza,
onde um general que entrou para a história por sua bravura sem igual,
perdeu o grande amor de sua vida, devido a diferença social,
pois na época era um simples soldado e ela representava uma família tradicional.
Seguindo as trilhas das grandes paixões proibidas, relato momentos épicos da história
que de tão espetaculares ficarão para sempre na memória,
como a guerra de Tróia, que embora foi creditada a uma disputa de terra e expansão,
seus reais motivos estão ligados a assuntos do coração.
Bela, sedutora, com uma personalidade forte que a transformou num mito,
esta foi Cleópatra, a mais famosa das rainhas do Egito,
que viveu com o Imperador Romano Marco Antônio, um romance intenso e conturbado.
Proibido em sua essência, pois cada um defendia o seu lado,
para satisfazer os desejos de sua amada, o imperador viu sua imagem ser arranhada,
pois a ambição de Cleópatra não tinha limites, era desenfreada.
Não demorou para perder o controle e ver o inimigo chegar ao poder,
foi o fim não só de um império, mas também de uma relação
que misturou paixão, poder, ganância e traição.
Após uma longa viagem pelo mundo, retorno ao meu Brasil amado
terra onde grandes e calorosas paixões proibidas surgiram de todo lado.
De membros da alta corte a empresários, de artistas até revolucionários,
escravo, escritor, ou, seja lá quem for, ninguém escapou das artimanhas do amor.
De Santa Catarina, trago a história de uma menina
que deixou uma vida segura em nome de uma paixão
viveu as margens da lei com seu amado, sonhando com a revolução.
De São Paulo dos anos 20, que respirava o modernismo por toda parte,
trago um caso de amor proibido que escandalizou o mundo da arte.
Se ter uma relação secreta é difícil, imagina em tempos de repressão?
Por isso, rendo homenagem a um casal de comunistas que lutou contra a opressão.
No Rio de Janeiro, então capital federal
por muito tempo falou-se de um caso extraconjugal
vivido pela esposa de um importante escritor
com um rapaz muito mais jovem que tornou-se seu novo amor.
Das Minas Gerais, terra do diamante
falo de um contratador que fez de uma escrava sua amante
mostrando do seu jeito, que um amor verdadeiro vence o preconceito.
Foi um caso de amor a primeira vista
aquele vivido entre a filha de um fazendeiro escravocrata e o maior líder abolicionista.
Se perguntarem qual a mais famosa história de paixão proibida do país, falo sem mistério,
foi uma que se passou na época do império
envolvendo Dom Pedro l e a Marquesa de Santos, sua amante.
Apesar da marquesa ser o grande amor da sua vida, era menos importante
do que assuntos da corte e a aliança com outros representantes da nobreza.
Mais isso pouco importa, pois ficou a certeza
que este romance que a história perpetuou
foi eterno enquanto durou.
Vi um conto virar livro, um livro virar musical de respeito
falando de um amor inesperado que venceu a aparência física e o preconceito.
Me emocionei com a paixão entre uma escrava etíope e um general
que se transformou numa ópera tão grandiosa quanto o sentimento que movia o casal.
Com uma pintura sem igual,
mostro um gênio homenageando sua amante, tornando o relacionamento proibido e imortal.
Pecado e razão muitas vezes andam juntos, colocando uma nuvem sobre a certeza
no clássico da literatura nacional, uma recatada senhora baiana, expôs sua fraqueza
dividida entre o amor imaginário e real, optou pelos dois, sem ligar para o pudor e a moral.
Vi um cavaleiro errante criar um universo de imaginação
onde vencia poderosos inimigos, somente para proteger a dona do seu coração.
Por ironia do destino, nunca ficaram juntos quando a história terminava,
a esperança de um final feliz, renascia a cada aventura que se iniciava.
Ouvi com atenção, uma música, que de tão intensa, foi parar na tela de cinema
tendo Brasília como cenário e uma paixão conturbada como tema.
Conheci uma grande cantora que pela diferença de idade, não assumiu o seu parceiro
temendo ser vítima do preconceito, escondeu por quatro décadas um amor puro e verdadeiro
Falo de um irresistível conto de amor inúmeras vezes escrito e encenado
que mostra um casal que após tomar uma poção mágica, fica apaixonado
escandalizando a corte inglesa, pois ele era um simples cavaleiro e ela uma princesa.
Entre tantos casos de amores proibidos retratados em forma de arte“Romeu e Julieta”, tornou-se popular, conhecido em toda a parte
graças a uma história carregada de emoção,
onde a rivalidade entre famílias tentou sufocar a paixão.
Em nome desse amor, com suas vidas pagaram,
porém, terminaram juntos, como sempre sonharam.
Encontrei casos de amores proibidos até na religião.
Onde a senhora dos ventos e das tempestades, foi surpreendida por uma forte paixão.
Trago do sertão nordestino, a história de uma mulher que mudou o seu destino
que uma vida tranquila deixou de lado, para viver no cangaço junto de seu amado.
Lendas, crendices, “causos” que surgiram do imaginário popular,
quem quiser saber sobre amores impossíveis, nosso folclore tem história para contar.
De botos e sereias sedutoras, a índios que pedem ajuda celestial
Tem em comum, algum impedimento atrapalhando seu final.
Vi um amor proibido dar origem a uma rivalidade
em Parintins, um desafio entre donos de bois, mudou a vida da cidade
e até hoje os mais antigos se lembram do que aconteceu:“Capriche no seu boi, que eu garanto o meu!”
Termino minha viagem no mundo onde nasci e fui criado
pois eu sou de Vila Matilde, onde para o samba fui apresentado
foi um amor a primeira vista, que dominou meu coração
um sentimento tão forte, que venceu a repressão.
Quer proibir minha paixão…
Que tolos, podem tentar!
Pois o amor pela minha escola venceu o preconceito e está longe de acabar.
Falo isso com a moral de quem há 65 anos respira carnaval,
uma festa popular regada a confete e serpentina,
onde o Pierrot apaixonado sonha com o amor da Colombina
contemplando a lua, esperando o desfecho que sempre quis…
Mesmo proibido, ter um final feliz!
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