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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. MORRO DA CASA VERDE - CARNAVAL 2000
Enredo: Nobres e Noreza, O Reino Unido Independente

O Grêmio Recreativo
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1ª PARTE: DE 1808 À 1821 - A CHEGADA DA CORTE PORTUGUESA AO BRASIL ATÉ A SUA PARTIDA

A CORTE CHEGOU!!!

O final do século XVIII na Europa foi marcado por grandes fatos e conseqüências.

A Revolução Francesa de 1972 trouxe inquietude a todas as demais cortes européias, que temiam que fatos semelhantes ocorressem em seus países. Neste mesmo ano, D. Maria I, Rainha de Portugal, por "motivo de saúde", fica louca. Foi substituída por seu filho o Príncipe Regente D. João.

Em 1840, Napoleão Bonaparte é aclamado Imperador da França e o período de guerras iniciado após a Revolução Francesa agora batia às portas de Portugal, que já era aliado e dependente da Inglaterra.

Após um curto espaço de calma voltam as guerras e Napoleão obriga Portugal a fechar seus portos aos navios ingleses, confiscar as propriedades inglesas e prender os súditos de Sua Majestade, o Rei da Inglaterra. Como se recusa a fazê-lo, e impossibilitado de enfrentar o exército francês que partia para invadir o seu reino, D. João, o Príncipe Regente, aceita a "sugestão" inglesa e parte em direção ao Brasil, trazendo consigo sua mãe D. Maria I, a louca, e sua ambiciosa e irrequieta esposa D. Carlota Joaquina, filha do Rei da Espanha Carlos IV e membros da Corte Portuguesa em número de 15.000 pessoas entre nobres, militares, religiosos, plebeus, criados de servir, escravos, etc., embarcados às pressas em 14 navios.

Desembarcou na Bahia em 22 de janeiro de 1808, onde foi recebido com grande pompa e alegria pelos súditos baianos.

De imediato decretou a Abertura dos Portos a todos os países amigos de Portugal, quebrando o primeiro monopólio da Corte. Partiu para o Rio de Janeiro onde desembarcou em 8 de março de 1808, em meio a grande festança que durou nove dias. Finalmente, D. João encontrou tranqüilidade, fartura, paz e entusiasmo do povo pela sua presença.

O primeiro problema a ser enfrentado pelo Monarca era alojar as 15.000 pessoas que o acompanharam numa cidade que possuía cerca de 50.000 habitantes.

No início houve certa colaboração. Porém na medida em que as requisições de casas se tornavam mais constantes, a população passou a se sentir espoliada injustamente e a interpretar a marca colocada em suas casas "P.R.", que deveria significar Príncipe Regente, como: "Ponha-se na Rua" ou "Prédio Roubado".

USOS EUROPEUS

Com a chegada da Corte Portuguesa, seus usos e costumes foram aos poucos se difundindo entre os brasileiros mais abastados. A própria D. Carlota Joaquina vestia-se com suntuosidade e opulência exigindo que todos se ajoelhassem à sua passagem. Com a abertura dos portos e com a imposição de Napoleão, a Colônia passou a receber navios das mais diferentes nações. E aqui chegaram copos, facas, tesouras, tecidos, porcelanas, queijos, manteiga, jóias, móveis, velas de cera, relógios, licores, roupas, quinquilharias finas, etc.

Franceses e ingleses transferiam-se para o Brasil e assim surgiram novas profissões ou profissionais mais competentes.

AS ARTES E AS CIÊNCIAS

D. João VI admirava a cultura que ele próprio não possuía e sempre apoiou a criação de escolas, museus e bibliotecas, e assim foi criada a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios que trouxe os pintores da Missão Artística Francesa, como Taunay e Debret, escultores, gravadores e arquitetos. Foi criado também a Biblioteca Pública, o Horto Real, a Escola Médica da Bahia, o museu Real e os Cursos Jurídicos.

A IMPRENSA NACIONAL

Entre 1808 e 1822 é editado em Londres o Correio Brasiliense de Hipólito José da Costa que fazia críticas ao Regente e a Corte.

O primeiro jornal editado no Brasil foi A Gazeta do Rio de Janeiro que tinha caráter oficial e obediência à censura que o impedia de publicar qualquer fato que fosse contra a religião, o governo e os bons costumes.

USOS E COSTUMES DA CORTE

Antes da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil não havia costume de se comer com faca e garfo. Embora muitos soubessem manejar os talheres, ainda preferia-se o uso dos dedos.

Com a chegada dos fidalgos, os talheres e as baixelas, em geral de prata, passaram a ser usados. Pães feitos de trigo, queijos finos e manteiga feita em Minas, costumes trazidos pelos colonos suíços juntamente com os doces típicos da terra, passaram a ser consumidos com as requintadas iguarias da doçaria portuguesa.

As construções passaram a ser feitas de tijolos e pedras e os prédios passaram a ter mais de um andar, assim distribuídos: o térreo era para a loja ou depósito, o segundo era a moradia e o terceiro, quando havia era o alojamento dos criados da casa. A parte da frente das casas era ornamentada com pedras esculpidas. Aos poucos, o vidro foi introduzido nas janelas. As Igrejas passaram a ser menores e menos suntuosas. Foi introduzido o estilo Neo-clássico francês nas construções. Construções monumentais com colunas, paredes lisas, formas clássicas como as dos teatros e prédios oficiais da época começaram a aparecer.

As chácaras e fazendas apresentavam amplas varandas, com escadarias cercadas de canteiros e trepadeiras. As salas de música, as porcelanas chinesas, os relógios franceses, as madeiras douradas e as cortinas de seda passaram a fazer parte da vida do brasileiro rico.

No entrudo (festa popular da qual se originou o carnaval brasileiro), trazido pelos portugueses no século XVII, foram introduzidas as máscaras, e as preferidas eram as de porco e as de gato. Em 1840, no Hotel Itália, no Rio de Janeiro, foi dançado o primeiro Baile de Carnaval. A partir de 1815, quando o Brasil foi elevado à categoria de Reino, D. João sentiu a necessidade de criar uma Nobreza Brasileira, que lhe garantisse apoio e fidelidade. Surgiram então os Barões, Viscondes, Marqueses, etc.

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817

As províncias mais distantes do Rio de Janeiro, que sofriam menor influência e que tinham menor apoio foram as primeiras a não aceitar a dominação portuguesa e muitos movimentos que tinham como objetivos a separação e criação de repúblicas independentes, surgiram influenciados pelas revoluções francesa e americana. Dentre estas províncias, destacou-se Pernambuco que pela forma aguerrida com que defendia suas idéias ficou conhecida como "Leão do Norte",. Contribuiu para o descontentamento o fato de que D. ~João tivesse trazido de Portugal as tropas para guarnecer as principais cidade, e criado o exército, onde os postos mais altos eram dados a oficiais portugueses da nobreza lusa. O peso dos impostos aumentou, uma vez que a Colônia tinha de suportar sozinha as despesas da Corte (que nunca foi de trabalhar) e os gastos das campanhas militares no Rio da Prata.

O sentimento que se tinha no nordeste era que o poder passou de uma cidade estranha (Lisboa), para outra cidade estranha (Rio de Janeiro). A revolução que teve seu início em 06 de março de 1817, resultou de todos estes ressentimentos, e abrangeu todas as camadas da população, cada uma defendendo seus próprios interesses.

Talvez a única coisa comum entre todas elas fosse o inimigo. Assim juntaram-se militares, proprietários rurais, juízes, artesãos, padres, comerciantes, escravos, mulatos, cabras e crioulos que lutavam pelo direito de casar com "brancas das melhores". Os boticários, cirurgiões e sangradores, davam-se ares de importância. E barbeiros recusavam-se a fazer a barba das pessoas "por estarem ocupados em servir a pátria". Do Recife a revolução espalhou-se pelo sertão e para as províncias vizinhas, estendendo-se para Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Os revolucionários tomaram Recife e implantaram um governo provisório, que proclamou a República e estabeleceu igualdade de direitos e tolerância religiosa, mas não tocou no problema da escravidão. Foram enviados emissários às outras províncias, à Inglaterra, Estados Unidos e Argentina em busca de apoio e reconhecimento. Lutas por vezes ferozes se desenrolaram, mas o despreparo e as desavenças entre os líderes e ao maior poderio das forças imperiais levaram a derrota aos pernambucanos em maio de 1817. Os principais líderes foram executados ou presos, e muitos transferidos para a Bahia onde foram submetidos a torturas durante quatro anos. O movimento durou mais de dois meses e deixou marcas profundas no Nordeste, sendo sua maior figura o Frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca.

VOLTA A PORTUGAL

Se dependesse de D. João VI, que com a morte de sua mãe, a Rainha Maria I, que em 1816 foi aclamado Rei de Portugal e Algarve, a Corte nunca teria saído do Brasil. Porém em Portugal, com a ausência do Rei, da Corte e de partes de funcionário públicos, a situação se tornava cada vez mais crítica e o país cada vez mais pobre, uma vez que havia perdido o monopólio do comércio com a colônia. Muitos fatos levaram à Revolução Liberal de 1820 que entre outras coisas, exigia a volta de D. João VI à Lisboa e a volta do Brasil à situação de simples colônia.

Sem outra alternativa, o Rei volta a Portugal em 26 de abril e leva consigo todo o dinheiro existente no Banco do Brasil.

Enquanto D. João VI inconsolável, sua esposa Carlota Joaquina ao desembarcar em Portugal, tira os sapatos e limpa suas solas nas pedras do cais, dizendo "nem nos sapatos quero como lembrança a terra do maldito Brasil".

2ª PARTE: DE 1822 À 1831 - D. PEDRO I E O PRIMEIRO IMPÉRIO

O PRÍNCIPE BOÊMIO

Ferrar cavalos, bisbilhotar jogos, brigar nas ruas, falar gírias, conviver com a gente do povo, andar pelas senzalas interessado nas escravas de boa aparência, além de ser mulherengo, músico e compositor razoável eram as características do Príncipe Regente Pedro.

Era dado mais ao trabalho manual que aos estudos. A criadagem murmurava a respeito de suas rondas noturnas, quando saía disfarçado com um chapelão, quebrado na frente para tapar-lhe o rosto e muitas vezes com um violão. As suas conquistas amorosas eram casos passageiros que incluíam desde as raparigas, escravas, damas da corte, casadas ou não. Por traz de suas aventuras amorosas estava seu amigo e confidente Francisco Gomes da Silva, Chalaça, que conseguia junto aos comerciantes, para os quais prometia títulos honoríficos, empréstimos a D. Pedro para que ele pudesse gastar em suas noitadas.

Porém, causou preocupação à Corte a paixão despertada no Príncipe pela bailarina francesa Noemy Thierry que se apresentava no teatro São João, talvez o seu primeiro grande amor. Ao saber que a francesa estava grávida de seu filho, D. João VI acertou o casamento da bela francesa com um oficial de sua guarda, que foi promovido e transferido para o Recife. Inconsolado, o Príncipe teve uma grande crise convulsiva.

A REVOLTA DOS ESCRAVOS

Entre os anos de 1808 e 1840 aconteceram muitas revoltas dos negros africanos e seus descendentes, todas elas causando grande número de atrocidades e mortes. Porém a maior e mais importante foi a dos Malês, negros muçulmanos da Bahia, povo guerreiro e sábio que pretendia implantar um reino muçulmano no Brasil. A revolta que se iniciaria na Bahia deveria alastrar-se para Pernambuco e finalmente para o Rio de Janeiro. Ela deveria ocorrer durante a lavagem das escadas da Igreja do Bonfim. Traídos, os Malês e seus simpatizantes foram violentamente reprimidos.

A MAÇONARIA

As articulações políticas que deram origem à Independência do Brasil se fizeram em grande parte nas Lojas Maçônicas, uma instituição cujo nascimento se deu na França.

Em seus primeiros tempos, provavelmente em finas da Idade Média, a maçonaria reuniu principalmente artesãos ligados à construção, daí o nome de Maçom - Pedreiro em francês. A partir do século XVII, tomou forma de um movimento secreto constituído por grupo de iniciados, visando combater tiranias e a Igreja. No Brasil, onde os padres participavam ativamente dos atos de rebeldia, a maçonaria teve a feição de um núcleo absolutista cujos membros mais extremados tendiam a defender a independência. Participaram ativamente da Revolução Pernambucana de 1817, onde os preparativos foram muitas vezes feitos em clubes e lojas secretas.

Em 3 de maio de 1818, D. João VI proíbe sob pena de morte a Maçonaria e as Sociedades Secretas no Brasil. Em 2 de junho de 1822, no Rio de Janeiro, é criada a sociedade secreta "Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz" que queriam o Reino do Brasil. Senhor de seus destinos, três lemas unem os maçons: "Independência ou Morte", "União e Tranqüilidade", "Firmeza e Lealdade" da qual fazem parte José Bonifácio e D. Pedro, que havia sido levado à maçonaria por influência do Patriarca.

O BANCO DO BRASIL

Criado em 1808 por D. João VI para ser o órgão centralizador das finanças e, claro, financiar as despesas da Corte.

Em 26 de abril de 1821, ao retornar, D. João VI e os seus fidalgos consideram que ainda lhes pertenciam o tesouro brasileiro e levaram para Portugal - 50 milhões de cruzados - quase todo o dinheiro do Banco do Brasil.

De cofres limpos, o Banco do Brasil suspende os pagamentos, ou seja, vai à falência em 28 de julho de 1821.

Em 23 de setembro de 1829 é liquidado o 1º Banco do Brasil por inadimplência.

OS MENSAGEIROS DE D. LEOPOLDINA

Com a partida de D. João VI, as diferenças entre brasileiros e portugueses tornavam-se mais acentuadas. A Corte Portuguesa, por meio de sua Assembléia, tinha o firme propósito de reconduzir o Brasil à condição de simples colônia, não admitindo que D. Pedro permanecesse no Brasil. Se o fizesse, seria apenas um delegado temporário nas províncias onde já exercesse autoridade efetiva (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo) as demais ficariam sob ordens diretas de Portugal.

Em 2 de setembro de 1822 a Princesa D. Josefa Leopoldina reuniu o Conselho de Estado e sob orientação de José Bonifácio enviaram ao Príncipe uma mensagem contendo a notícia de que as tropas fiéis a Portugal já desembarcavam na Bahia e consolidariam o domínio Português no Norte e Nordeste. Um ataque ao governo da Regência completaria os planos.

A comitiva, constituída pelos mensageiros Paulo Emílio Bregaro e o Major Antônio Ramos Cordeiro foi despachada do Rio de Janeiro com a ordem: "Cheguem o mais depressa possível, nem que tenham que estourar doze cavalos". Cinco dias depois, exaustos, encontram-se com a comitiva do Príncipe, que regressava de Santos, onde fora encontrar com sua amante D. Domitila de Castro Canto e Melo - Marquesa de Santos, às margens do Riacho Ypiranga.

O GRITO DA INDEPENDÊNCIA

Como era a primeira vez que o Regente vinha à província de São Paulo, à medida que ele se aproximava da cidade, a comitiva ia aumentando por acréscimo de simpatizantes e curiosos. Ao chegar à povoação da Penha já uma verdadeira guarda de honra o acompanhou.

Em 7 de setembro de 1822, os mensageiros de D. Leopoldina chegaram à São Paulo e, recebendo a notícia de que D. Pedro estava voltando de Santos, dirigiram-se ao seu encontro, o que ocorreu às margens do Riacho Ypiranga, onde a comitiva havia parado para que o Príncipe "saísse de corpo", uma vez que era vítima de desarranjo intestinal, talvez causado por algo que houvesse comido.

Cansado e mal humorado com a longa viagem e com as terríveis cólicas intestinais que o atormentavam, o Regente encontrou-se com Francisco de Castro Canto e Melo (irmão da Marquesa de Santos) e os emissários vindos do Rio de Janeiro. Suas fisionomias tensas não deixavam margens a dúvidas: havia problemas.

Uma mensagem particular de José Bonifácio recomendava-lhe o rompimento definitivo, dizendo-lhe: "A sorte está lançada e de Portugal não temos de esperar nada senão escravidão e horrores". Lívido de fúria, D. Pedro contou aos que o acompanhavam as novidades e declarou: "É tempo: Independência ou morte! Estamos separados de Portugal".

Seguindo o exemplo do Príncipe, os que o acompanhavam jogaram fora suas braçadeiras azuis e brancas, símbolo da fidelidade a Portugal e deram gritos à Independência.

O grupo seguiu às pressas para a cidade. Onde a notícia já havia chegado e recebeu-os com festas que duraram vários dias.

A FESTA DE COROAÇÃO DE D. PEDRO I - IMPERADOR BRASIL

Em 12 de outubro de 1822, teve lugar no Campo de Santana (atual Praça XV de Novembro) a cerimônia que consagrou Dom Pedro - Imperador Constitucional do Brasil, em 14 de setembro ele é apresentado ao povo, no teatro S. João. À semelhança de São Paulo, no Rio de Janeiro, o povo comemorou na rua vários dias a Independência. Bailes se realizaram e foi executado o Hino da Independência.

A DÍVIDA EXTERNA

Após a Independência do Brasil, para que Portugal aceitasse o fato, foi feito um acordo mediado pela Inglaterra, no qual o Brasil pagaria à antiga metrópole a quantia de 2 milhões de libras esterlinas, como indenização pelas dívidas feitas por Portugal na época do Reino Unido. Evidentemente, o dinheiro foi emprestado pela Inglaterra. As inúmeras revoltas ocorridas durante o Primeiro Império haviam agravado ainda mais os problemas econômicos e financeiros já existentes. Os preços dos produtos exportados pelo Brasil como algodão, couro, cacau, fumo e café tendiam a cair cada vez mais.

As rendas do Governo Central caiam cada vez mais e os produtos exportados pela Inglaterra tinham tarifa privilegiada de 15%, os portugueses 16% e os demais países de 24%. D. Pedro I recorreu à emissão de grande quantidade de moedas de cobre, que deu origem a falsificações e ao aumento do custo de vida.

O papel-moeda emitido pelo Banco do Brasil no Rio de Janeiro era mal recebido fora do Rio de Janeiro, o cruzado se desvalorizava cada vez mais frente à libra esterlina da Inglaterra. Assim começou a nossa dívida externa.

A GUERRA DA INDEPENDÊNCIA NA BAHIA

Em 1821 os portugueses da Bahia haviam eleito uma Junta Governativa que dava apoio á Constituinte Portuguesa que pretendia a volta do Brasil à condição de simples colônia. Isto aumentou ainda mais a indisposição entre baianos e portugueses, com a indicação do português Madeira de Melo para Governador da Província, tem início a revolta que pretendia a libertação da Bahia e do Brasil, em 1822.

No início as tropas portuguesas, mais numerosas, vencem os combates iniciando um período de terror na cidade de Salvador, invadindo casas, destruindo propriedades e invadindo o Convento da Lapa onde encontram a resistência de Soror Joana Angélica de Jesus que é morta.

Após a independência aqueles que eram fiéis a Portugal recusaram-se a reconhecer D. Pedro I como Imperador e a guerra da Bahia passou a ter agora maior apoio dele que enviou tropas por terra e mar comandadas pelo inglês Lorde Cochrane. Na Guerra da Bahia teve grande destaque a atuação de uma mulher que disfarçada de homem lutou com grande heroísmo: Maria Quitéria de Jesus que adotou o nome do cunhado José Cordeiro de Medeiros, alistando-se no Batalhão de Artilharia. Descoberta a sua identidade, mas pela bravura que mostrava, foi transferida para a Infantaria, batalhão conhecido como "periquitos" por serem verdes as folas e os punhos das fardas.

Após sangrentas lutas, as tropas portuguesas são derrotadas e em 2 de julho de 1823 e as tropas brasileiras vitoriosas entram em Salvador. Neste dia Maria Quitéria é homenageada por uma das freiras onde havia morrido Soror Angélica recebendo uma coroa de rosas. A mulher-soldado vira mito e heroína passando a ser contada  em prosa e verso. Seu heroísmo é reconhecido em homenagem no Rio de Janeiro com a medalha de Cavalheiro da Ordem do Império do Cruzeiro. Voltando à sua terra, morreu 20 anos depois.

Essa foi Maria Quitéria de Jesus - A Heroína da Independência.

A ESCOLHA DO RIO DE JANEIRO COMO CAPITAL DO BRASIL

D. João VI desembarcou na Bahia em 22 de janeiro de 1808, onde permaneceu por 2 meses, tendo chegado ao Rio de Janeiro em 7 de março.

Não se sabe porque o monarca resolveu transferir a Capital do Reino, que era em Salvador para o Rio de Janeiro. Talvez tenho sido pelas belezas naturais, ou por motivos estratégicos.

Quando da sua chegada, o Rio de Janeiro era uma cidade de 60 mil habitantes, muito simples, mas que se preparou intensamente para recebê-lo. Os caminhos foram capinados, as ruas varridas, as calçadas lavadas, os moradores ofereciam suas casas para abrigar a comitiva, contribuíam com dinheiro, alimentos e escravos. O povo ficou nas ruas, numa festa que duraria nove dias.

As ruas apresentavam letras iluminadas que diziam: "A América feliz tem em seu seio, o novo Império, o fundador sublime". Foi enfim, uma recepção muito calorosa.

Não se sabe porque resolveu fazer a transferência das capitais. Talvez mais que motivos estratégicos, tenham sido o calor humano dos cariocas e as belezas naturais que o tenham influenciado, porque como se sabe, D. João era mais afeto aos prazeres da mesa e da natureza do que às torturantes negociações do Estado. Nas florestas cariocas ele poderia passar horas distante do tormento que se chamava Carlota Joaquina, sua esposa.

O amor surgido entre a cidade e D. João VI resultou num grande desenvolvimento urbano e com o crescimento da população que em 1820 já era de 150 mil habitantes, tornava o Rio maior cidade do Reino.

3ª PARTE: AS REVOLUÇÕES E A MAIORIDADE - 1831-1840

Diversos fatos ocorreram para que D. Pedro I abdicasse ao trono brasileiro em 7 de abril de 1831, em favor de seu filho Pedro de Alcântara, então com 5 anos. Para governar o país até que ele completasse a maioridade, foram escolhidos os Regentes que de início eram em número de três. O período das Regências foi marcado por acontecimentos políticos importantes e principalmente por um grande número de revoluções e guerras.

A primeira Regência, a Regência Trina, era exercida pelo Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, José Joaquim Carneiro de Campos (o Marquês de Caravelas) e Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Era a reunião de três forças: a Militar, representada por Lima e Silva, a Aristocracia pelo Marquês e o prestígio popular por Nicolau Vergueiro. Recebeu o nome de Regência Trina Provisória. Setenta dias depois eles eram substituídos por: Bráulio Muniz, Costa Carvalho e Lima e Silva. Em 1834 o Padre Feijó foi eleito para ser regente único, sendo substituído por Araújo Lima que permaneceu até ser decretada a maioridade de D. Pedro de Alcântara em 1840.

Dentre os regentes, os mais importantes foram Nicolau Vergueiro que propunha a libertação dos escravos e a entrada de imigrantes para os trabalhos na lavoura, e o Padre Feijó que lutava por idéias liberais como o fim da velha aristocracia, desaparecimento dos privilégios de sangue, dos títulos de nobreza e dos direitos de família, devendo o indivíduo destacar-se pelos seus próprios méritos.

A CABANAGEM - PARÁ - 1835 À 1840

A Cabanagem explodiu no Pará, região frouxamente ligada ao Rio de Janeiro e não haviam propriedades rurais bem estabelecidas como nas outras regiões, era um mundo de índios, mestiços, trabalhadores escravos ou dependentes e uma minoria branca, formada por comerciantes portugueses e uns poucos ingleses e franceses que se concentravam em Belém, uma pequena cidade de 12 mil habitantes. Por aí escoava a pequena produção de tabaco, cacau, borracha e arroz.

Uma disputa política entre os grupos da elite local deu início à rebelião popular, proclamou-se a Independência do Pará e uma tropa composta por negros mestiços e índios conquistou Belém, após vários dias de luta. Daí a revolta se estendeu para o interior.

O chefe dos rebeldes era um jovem cearense de 21 anos "Eduardo Angelim" que após a vitória, não tinha uma organização do governo a oferecer, limitando-se ao ataque a estrangeiros, aos maçons e na defesa da religião católica dos brasileiros, de D. Pedro I, do Pará e da liberdade.

A rebelião foi vencida pelas tropas legalistas, depois do bloqueio da entrada do Rio Amazonas e de combates cruéis, quando Belém foi praticamente destruída e a economia arrasada. Calcula-se que 30.000 pessoas tenham morrido.

A GUERRA DOS FARRAPOS, A REVOLTA FARROUPILHA - RIO GRANDE DO SUL - 1836 À 1845

A província de São Pedro do Rio Grande sempre foi marcada pela disputa entre brasileiros e castelhanos, baseados no gado. Ela exportava charque, couros, gado e mulas de montarias para o mercado brasileiro. Nas charqueadas predomina o trabalho escravo, nas campanhas predomina o trabalho livre ou semi-livre do Gaúcho, misto de vaqueiro, caçador de gado bravo e guerreiro, de paulista, castelhano e bugre. O estancieiro é senhor das terras e gado, contrabandista, patriarca a caudilho militar nas pelejas de aquém e além fronteiras.

As facções são muitas, o centro liberal e moderado é o Chimango, onde se juntam os gaúchos, as camadas médias da população urbana, os anarquistas, os pobretões, os proletários que pela condição social são chamados de Farrapos ou Farroupilhas, que significa maltrapilho, gente vestida com farrapos. Os conservadores são os Caramurus, os comerciantes, charqueadores e aristocratas. Havia também a divisão entre os estancieiros, criadores de gado do interior que eram os chefes dos Farroupilhas. Os Caramurus eram os produtores de charque e, se localizavam próximos ao litoral em cidade como Rio Grande e Pelotas.

As queixas contra o governo central eram antigas, tanto dos liberais quanto dos conservadores. O Rio Grande do Sul mandava, seguidamente, fundos para cobrir as despesas de Santa Catarina e os Caramurus, por dependerem dele, o apoiavam.

Nas fileiras dos revoltados haviam pelo menos duas dezenas de revoltosos italianos refugiados no Brasil, entre eles Giusepe Garibaldi, entre os brasileiros o mais famoso foi Bento Gonçalves, filho de estancieiros da fronteira com o Uruguai.

As tropas chefiadas por Davi Canabarro e a frota comandada por Garibaldi conquistam Santa Catarina e fundam a República Juliana. Por esta época, Giusepe conhece Ana Ribeiro da Silva, que se une a ele e adora o nome de Anita Garilbaldi, atacados por mar e terra os revoltados são derrotados e se retiram sofrendo pesadas perdas.

A luta foi longa e baseada na ação da cavalaria. Com incontáveis atos de heroísmo, foi proclamada a República de Piratini sob a Presidência de Bento Gonçalves, que estimulou a criação de gado e a produção de charque e couros.

Afinal, em 1845, após acordos em separado com os diferentes chefes militares, a paz foi assinada. Foi concedida anistia geral aos revoltosos, os oficiais farroupilhas integraram-se ao Exército Nacional de acordo com suas patentes e o Governo Imperial assumiu as dívidas da República de Piratini.

A SABINADA - BAHIA: 1837 À 1838

Teve este nome por causa de seu líder Sabino Barroso, jornalista e professor da Escola de Medicina de Salvador. A Sabinada reuniu uma base ampla de apoio, incluindo pessoas de classe média e do comércio de Salvador, em torno de idéias federalistas e republicanas.

Buscou um compromisso com relação aos escravos, dividindo-os entre nacionais - os nascido no Brasil, e estrangeiros - nascidos na África. Seriam libertados os escravos nacionais que tivessem pegado em armas pela revolução, os demais continuariam escravizados.

Os "sabinos" não conseguiram penetrar no Recôncavo, onde os senhores de engenho apoiavam o governo.

Após o cerco de Salvador por terra e por mar, as tropas governistas recuperaram a cidade através de uma luta corpo a corpo que resultou em cerca de 1.800 mortos.

A BALAIADA - MARANHÃO: 1838 À 1840

Este nome se deve ao ofício de um dos chefes da rebelião Francisco dos Anjos Ferreira que era a de vender balaios, e que entrou na rebelião para vingar a honra de uma filha que havia sido violentada por um capitão de polícia.

Como as outras, a Balaiada começou a partir de disputas entre a elite locas. As rivalidades resultaram em uma revolta popular que se concentrou no sul do Maranhão numa região de pequenos produtores de algodão e criadores de gado. Aos rebeldes juntou-se um líder negro, Comes, à frente de 3.000 escravos fugitivos, chegando a ocupar Caixas, a segunda maior cidade da província.

Não constam manifestos escritos dos rebeldes a não ser manifestações de vivas à religião católica, à Constituição, a D. Pedro II e à "Santa Causa de Liberdade". Derrotados, os rebeldes foram anistiados, com exceção dos negros que deveriam ser re-escravizados.

Nesta repressão estava presente um oficial do Exército, com presença constante nos confrontos políticos e nas batalhas do Segundo Império, Luiz Alves de Lima e Silva, que na ocasião recebeu o título de Barão de Caxias.

A MAIORIDADE DE D. PEDRO II

Como a situação do país estivesse se tornando insustentável sob a Regência, com a eleição de um Regente conservador, que produziu um retrocesso nas conquistas que se haviam alcançado, por pressão dos liberais a maioridade é concedida a D. Pedro II que assumiu aos 14 anos o trono do Brasil em julho de 1840.

Aqui termina a nossa visita ao Museu Imperial do Morro da Casa Verde. Esperamos que ela tenha sido agradável a todos.

 


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