ABERTURA
Este sonho,
foi privilégio de um sambista, que poderia ter sido qualquer um de nós,
que estamos preocupados com nossas raízes. Uma viagem a um palco
imaginário de uma Escola de Samba, onde ele passeia livremente por entre
a escola. No final da passarela, encontra-se com três baluartes da
"Velha Guarda". que trazem uma mensagem de força e esperança, num desejo
de preservação desta "Arte Negra" chamada samba.
UM SONHO
EM VERDE E ROSA
E... uma
porta dourada se abriu... Calmo, a passos lentos seguiu o sambista
passarela a dentro. Tudo ali fugia à realidade, era inexplicável, a
emoção de poder fazer parte daquele sonho. Foi recebido, por uma
maravilhosa comissão de frente, que exibia elegantes trajes verde e
rosa, numa perfeita combinação de cores. Seguindo este mágico caminho
via-se uma praça com bancos transparentes, cercada por uma calçada
quadriculada, de prata e preto. O ambiente era harmonioso: a grama, as
árvores, a folhagem bronzeada balançando ao vento num bailado ritmado
com a brisa. Pessoas passeavam com camisas listradas e chapéus panamá,
acompanhadas por lindas cabrochas num malabarismo fantástico ao som de
seus instrumentos musicais. Logo a frente, deparou com cavalos alados,
cor-de-rosa, que exibiam seu porte altivo e elegante. Deslumbrou-se com
o cortejo do mestre-sala a sua porte-bandeira, desfilando elegantemente,
na condução do pavilhão.
Contemplou
majestosas baianas rodando suas saias e crianças expressando uma enorme
sensação de alegria, "sambista ri à toa". Um grande arco-íris surgiu
destacando um estandarte com brasões dourados.
Em meio aos
estandartes via-se com clareza o busto de "três grandes baluartes" de
nossa arte: Seu Zezinho, Inocêncio Tobias e Pé Rachado.
Cena
majestosa e emocionante, aqueles mestres ressaltaram o valor do samba.
Contaram sobre o trabalho feito para a valorização das disputas
carnavalescas, e o respeito que existia entre os sambistas, e deixaram
uma mensagem que ecoou pelo caminho, zelando pela imortalidade da arte.
"Esta arte que nasceu nos guetos como força de resistência de um povo
discriminado e humilhado, simboliza nossa liberdade de expressão. Nossas
raízes, nossa ginga, nosso ritmo, a beleza de nossa raça, devem ser
valorizadas. Podemos fazer um Quizomba e compartilhar a alegria de nossa
festa com outras raças, porém, sem esquecer nossas raízes, caso
contrário nossa arte morrerá.
O mundo é
uma evolução constante, como deverá ser a evolução do samba. A vitória
no desfile principal não é o mais importante neste processo, por haver a
cada ano, apenas um vencedor, mas a luta deve continuar porque o
objetivo maior é preservar a nossa arte".
A passarela
chega ao fim, e o sambista desperta com a sensação de colocar em prática
esta mensagem de força, fé e esperança para a vida e para dar novas
diretrizes e integrar mais o nosso povo à cultura chamada "samba".
José Narciso
Nazaré - Seu Zezinho - Fundador do G.R.E.S. Morro da Casa Verde -
Faleceu em 1988.
Inocêncio
Tobias - Inocêncio Mulata - Fundador do Cordão Camisa Verde e Branco em
1953, do G.R.C.E.S. Camisa Verde e Branco em 1972 - Faleceu em 1979.
Sebastião
Eduardo do Amaral - Pé Rachado - Presidiu o Cordão Carnavalesco Vai-Vai,
durante 23 anos - Fundador do G.R.C.E.S. Vai-Vai em 1972, Fundador do
G.R.C.F.S. Barroca Zona Sul em 1974 - Faleceu em 1991.
Nota do
autor: Dentre muitas estrelas que brigaram com os poderes públicos, pelo
reconhecimento do desfile das Escolas, Cordões e Blocos Carnavalescos,
os três baluartes citados, tiveram destaque, pela perseverança, garra e
o amor a esta arte.
Fim do texto
e o começo de um novo trabalho...
|