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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. ESTAÇÃO INVERNADA - CARNAVAL 2010
Enredo: Batam Palmas, O Circo Chegou

O Grêmio Recreativo
Autor: Eduardo Felix

 

"O circo é como o trem: uma coisa romântica, de uma grande ternura, do passado. É uma coisa prática para o povo. Você vai a vontade. O circo tem de ser preservado. É uma dessas coisas que jamais deveriam terminar"

Dercy Gonçalves

INTRODUÇÃO

O circo uma cultura única. Formado por pessoas nômades, que precisão se encontrar com o público para o show continuar. Que tipo de cultura é esta? A verdade é que muito já se falou sobre o circo e continuarão a falar e a fazer as mesmas perguntas, matrizes raciais díspares, tradições culturais distintas, formações sociais inestimável, as apresentações circenses nos renovam a cada espetáculo. Antiga por criação, mas nova por adaptações, que surgem como uma proposta nacional diferenciada.

Culturalmente nossas matrizes circenses são formadoras de outro espetáculo, fortemente mestiçada, dinamizada por um contexto sincrético e singularizada pela redefinição da alegria contagiante que são traços culturais oriundos do nosso povo. Novo inclusive, pela inverossímil alegria e espantosa felicidade, de gente batalhadora e trabalhadora, que mesmo sacrificado, atenta, comove e diverte a todos sem distinção, com apenas um truque ou simplesmente um sorriso.

Mostraremos como o circo surgiu, o caminho árduo que o mesmo segue, e sua perspectiva para o futuro. Segundo o autor Antonio Torres em seu livro “O circo no Brasil” A presença dessas instituições no futuro, estarão em risco, depende de nós, não deixamos esquecidos, os astros do picadeiro e a arte de brindar a cada espetáculo, com a sua alegria ao ver nossa presença.

Isso é o circo, isso é o carnaval, isso é o Brasil. Uma festa colorida, porque é democrática, mestiça, livre, lavada em sangue de trabalhadores, sofrida e exaltada a cada espetáculo. Com a vantagem de sempre ter no riso a paz que a alma procura, um clima perfeito que fortalece os laços do simples mortal com o divino, deixando a vida muito mais bela. Só quem acompanha esse ambiente sabe o significado do sorriso de uma platéia.

Esse país tropical, que se orgulha da sua cultura, hoje verá com muita dignidade, nossa agremiação orgulhosamente apresentar em apenas quarenta e cinco minutos um espetáculo circense. Enaltecendo, enriquecendo e valorizando, na visão de um conjunto único, neste universo que também é sem igual: O Nosso Carnaval.

1º SETOR - SURGIU ASSIM...

Há registros, de que a arte circense remonta ao período antes da era cristã, descobertas na China pinturas rupestres com mais de quatro mil anos, em que aparecem acrobatas, contorcionistas e equilibristas, mostram que esta arte pode ter sido inventada na Ásia. Nas pirâmides do Egito, pinturas de malabaristas, paradistas e de domadores também foram encontradas. Na Índia, há milhares de anos, números de contorção e saltos faziam parte de espetáculos sagrados e na Grécia Antiga, as paradas e os números de força eram bem apreciadas, sendo os sátiros os primeiros palhaços, que já faziam o povo gargalhar.

Os espetáculos desse período eram como as procissões, que tinham o objetivo de saudar os generais vitoriosos. Nesses cortejos, havia a doma, o desfile de animais exóticos e soldados conduzindo os novos escravos, além de apresentações em argolas e barras, que lembravam números da moderna ginástica olímpicas, a arte circense nesta época tinha forte relação com esse esporte, com números baseados em saltos e acrobacias. Os espetáculos tomaram impulso ainda no Império Romano, quando seus anfiteatros recebiam apresentações de habilidades dos gladiadores contra os leões, a importância e a grandiosidade desse evento pode ser atestada pelo Circo Máximo de Roma, construído onde hoje estão as ruínas do Coliseu Romano. Com a decadência do Império Romano, os artistas ganham espaço nas praças públicas, nos adros das igrejas e, sobretudo nas feiras, local onde a arte circense permaneceu. Esses circos agrupados em pequenas companhias rodavam vilas, cidades e castelos, em busca de lona, arquibancadas e de sustento. Para melhor compreensão, deve-se fazer separação entre o circo e a arte circense.

A arte circense é o resultado de performances incluem: habilidades físicas, equilíbrio na corda bamba, saltos mortais, contorcionismo, elementos de teatro e dança, habilidades em geral como andar de monociclo, domar animais, etc.

2º SETOR - O CIRCO MODERNO

"O circo, como nós conhecemos - um picadeiro, lonas, mastros, trapézios, desfiles de animais - é a forma moderna de antiqüíssimos entretenimentos de diversos povos e culturas"

Castro, 1998 pg. 16

O local físico, onde são feitas as apresentações de arte circense, sofreu várias modificações. O seu conjunto, com formato arredondado, picadeiro, cobertura de lona e cercado de arquibancadas, só foi criado em 1770, dando origem ao circo moderno, que é o que conhecemos hoje. Sendo reconhecido como pai do circo moderno Phip Astley, suboficial inglês que comandava apresentações da cavalaria, em seu circo, além das atrações com cavalos, Astley abriu uma filial em Paris, colocou Saltimbancos, saltadores e palhaços. Entretanto, este circo tinha uma estrutura fixa, diferente dos circos modernos atuais. Mais tarde, alguns países da Europa como Suécia, Espanha, Alemanha e Rússia, começaram a desenvolver sua arte circense. Vale destacar a chegada do circo aos Estados Unidos, primeiro país das Américas a receber a atração. Foi lá que o circo moderno tornou-se móvel. Também ganhou números esdrúxulos, como a famosa mulher barbada.

3º SETOR - NO BRASIL

Antes mesmo da criação do circo moderno, já haviam grupos circenses no Brasil, como apontam documentos do século XVIII, essas companhias eram formadas por ciganos, expulsos da Península Ibérica. Em suas apresentações eles faziam de tudo: doma de animais, números de ilusionismo e até teatro de bonecos. O circo moderno só chegou ao Brasil a partir de 1830. Incentivados pelos ciclos econômicos do café, borracha e cana de açúcar, grandes companhias européias vinham apresentar-se nas cidades brasileiras. Foram essas companhias que ajudaram a formar as primeiras famílias de circo, que passaram a ser as responsáveis pelo desenvolvimento do circo no Brasil.

Até pouco tempo, esta era a situação dos circos no Brasil, diversos fatores levaram a uma mudança na sua organização e administração. Com o surgimento dos grandes centros urbanos e o desenvolvimento tecnológico, apareceram também novas formas de entretenimento, como a televisão, cinema, teatro e parques de diversão. Com isso o circo foi perdendo espaço público. A primeira mudança foi na relação familiar. Agora, os pais preferem que seus filhos se dediquem aos estudos, ao invés de se dedicarem apenas a arte circense. Os pais começaram a perceber que, com estudo, seus filhos continuariam trabalhando no circo, mas agora como proprietários de uma empresa e não apenas como artistas. Para suprir a demanda de artistas, surgiram as escolas de circo, que formam novos artistas. Eles não fazem parte da família, a relação é apenas de patrão e empregado, igual a um funcionário, que trabalha em troca de salário.

Hoje, estas mudanças se refletem em vários circos brasileiros, como Beto Carreiro, Circo Garcia, Olando Orfei, Circo Vostok e outros. As velhas famílias, que faziam de tudo, ainda continuam nos circos, mas administrando verdadeiras empresas.

As mudanças ocorridas na administração do circo moderno ajudaram a criar também uma nova categoria de circo, conhecidas como "novo circo", estas companhias não tem picadeiro, nem lona, nem arquibancadas e se apresentam, na maioria das vezes, em teatros ou casas de espetáculo. Nas apresentações, há inovações na linguagem, com incorporação de elementos de dança, teatro e música. Um exemplo desse tipo de circo é o Cirque du Soleil, do Canadá. No Brasil, há vários grupos desse gênero, como o Intrépida Trupe, Fratellis, Teatro de Anônimos e Nau de Ícaros.

CONCLUSÃO

Porém, à margem de todas estas grandes transformações, ainda há os pequenos circos, que não conseguiram esta "modernização", mas que resistem, fazendo apresentações nas pequenas cidades do interior e bairros da periferia das grandes cidades. Nesses circos, com pequenas estruturas, as famílias ainda trabalham como antigamente, fazendo de tudo. Os espetáculos são simples, são raras as apresentações com animais, que custam caro, ou com equipamentos grandes e sofisticados. Esses pequenos circos, ainda com sentimentalismo e, certamente, um pouco de saudosismo, continuam no picadeiro, com certeza de que fazer sorrir ainda é o melhor remédio pra não deixar a tradição acabar.

É um dever não deixar que nossas heranças culturais se apaguem no tempo pela terrível força do capitalismo. Somos um "povo heróico do brado retumbante". Nesta ocasião, onde o rei recebe a chave para abrir a grande festa popular do país, onde todos são convidados a divertir-se sem distinção e preconceito, sem mágoas ou tristezas, sem ódio ou rancor, sem violência ou guerra.

Aproveitamos o momento de paz e harmonia, amor e alegria, solidariedade e esperança, garra e união, para festejarmos nesta avenida a nossa raiz sambística, enfim, o circo não é só um negócio da China, ele faz parte da nossa cultura, e que bela cultura tem este país.

 


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