PRÓLOGO
O
termômetro que mede a energia de
Minas Gerais andou depressa nas
últimas quatro décadas. Saiu do
marasmo onde esteve metida desde
que o seu ouro acabou, lá pelo
fim do século XVIII e colecionou
resultados marcantes em quase
todos os compartimentos da sua
vida material e cultural.
Enquanto a pecuária, a mineração
e a siderurgia retiveram a
liderança histórica, o Estado
tornou-se importante no setor
automotivo, ingressou na
eletrônica, desenvolveu uma
agricultura de grãos promissor
no cerrado.
Essa passagem dinâmica tonificou
lideranças, sobretudo nos
últimos dez anos, impulsionou a
cultura com novas gerações de
escritores, cantores, atores,
artistas plásticos, etc.,
exportando também para o resto
do país, seu folclore e sua
culinária. Tudo isso, restaurou
o orgulho regional que andava
ferido.
SÉCULO DO OURO
O
fascínio do brilho do ouro e dos
diamantes, levou o homem à
aventurar-se pelas regiões de
montanhas e minério descobertas
pelos paulistas bandeirantes,
regiões que viriam a ser dentro
em breve o coração da capitania
de Minas Gerais.
À
sudeste do estado, na zona de
maior concentração de riqueza
mineral, está o que poderia
chamar-se de "polígono do ouro e
do sangue", onde instalaram-se
as primeiras vilas. A principal
e mais famosa foi Vila Rica, que
posteriormente virou Ouro Preto.
A
região foi invadida por
imigrantes e aventureiros, sendo
que, ninguém para cultivar as
terras, apenas minerá-la. Dessa
idade do ouro, as velhas cidades
mineiras guardam até hoje em
suas igrejas, solares e
chafarizes, os vestígios do
esplendor dessa época.
Ao
fim da era setecentista, começou
a escassear o ouro e as pedras
preciosas de aluguel, levando à
decadência da mineração como
conseqüência, ficava impossível
cumprir as exigências do fisco.
A população se agitava em
demonstrações de rebeldia ante
as ameaças de cobrança dos
impostos atrasados (derrama). No
final do século XVIII, na região
mineira, explode a revolta
contra a dominação colonial,
dando início ao período da luta
pela liberdade, marcando dessa
forma, as mudanças da vida
política e social das Minas
Gerais.
"Libertas Quae Sera Tamen" <-->
"Liberdade Ainda Que Vai-Vai"
Os
inconfidentes mineiros na sua
maioria, são membros da elite
social, mas quem se destaca no
movimento, é o soldado do
regimento dos dragões das Minas
Gerais, Joaquim José da Silva
Xavier (Tiradentes).
Também a Igreja teve a sua
participação e grande parte do
ouro de Minas, foi para a benção
de Deus.
A
arte colonial mineira é
essencialmente religiosa, toda
ela expressa um anseio de
transcendência, como se os
homens com os pés mergulhados no
barro de onde retiram ouro
compreendessem a transitoriedade
.
FOLIA DO DIVINO
Foi a miscigenação das raças que
originou o folclore mineiro. A
influência do negro foi maior e
bastante diversificada, sua
contribuição se fixou na vida
mineira através do garimpo, da
cozinha, das crenças e
superstições, restabelecendo as
danças, os cantos e ritos
africanos. Entre tantos negros
que se sobressaíram, temos Xica
da Silva, famosa pela suas
festas e seus cortejos.
Os
costumes refletem influência
européia, os quais o sangue
negro e mestiço acrescentaram
uma nota de originalidade e
especial colorido e sabor.
A
"congada", "marujada" e
"cavalhadas", são manifestações
folclóricas que ainda estão no
espírito e o foguetório não pode
faltar de jeito nenhum, desde a
alvorada até o anoitecer em
festa que se preze.
A
culinária mineira é uma festa
para os olhos e paladar. É hoje
uma comida nacional que se
enraizou nos costumes do
brasileiro e a aguardente é um
motivo de orgulho para o
mineiro.
O
Rio São Francisco, "Velho
Chico", suas carrancas e seus
boiadeiros são símbolos
extremamente fortes, sempre
presente na literatura e música
mineira.
TEMPOS MODERNOS
A
política mineira sempre formou
parceria com São Paulo, a
chamada política
"café-com-leite", preto com
branco, como as cores da nossa
escola, um modo de homenagear a
liberdade mineira e seus grandes
representantes, como Juscelino
Kubistcheck, Santos Dumond,
Pelé, Grande Otelo, Guimarães
Rosa, Tancredo Neves, etc.
Com a mudança da capital para
Belo Horizonte, primeira cidade
planificada do Brasil, o
progresso e a modernidade
começam a galgar degraus e nos
últimos quarenta anos disparam.
Com o desenvolvimento, Belo
Horizonte tornou-se um poderoso
centro econômico do país,
possuindo o maior parque
industrial do estado com grandes
siderúrgicas, grandes produtores
de minerais, refinarias,
industrias automobilísticas e a
única fábrica de helicópteros do
país.