ARGUMENTO
GERAL
O GRCES
Vai-Vai, com esse enredo, propõe-se a apresentar um desfile que
privilegie o onírico (sonho), dentro do imaginário do homem moderno,
cujo estado de espírito (eufórico, desvairado, ambíguo), ecoa uma
alegria festiva que, por sua vez, espelha um desvairismo.
Usando de um
estilo narrativo pertencente ao realismo fantástico, a fábula aqui
contada cria situações mágicas, vividas por todos que elegem a noite
como eterna namorada, pois ela é feita para o amor, a alegria, a
liberdade e o sonho.
No místico
tudo é encantado e no encanto não há só uma noite, há mil e uma noites.
Há histórias e estórias, pessoas e pessoas, personagens e personagens.
Enfim, quando a realidade se confunde com a fantasia, a noite é a rainha
que tudo pode, que tudo faz brilhar.
"Ah! Se essa
noite fosse minha...", um dia sonhou uma futura rainha, "eu mandava, eu
mandava estrelar..." E no sonho da rainha haveria de nascer uma estrela:
a própria rainha! Uma rainha com coroa de néon, afinal sonhar com fama
dá brilho.
Na noite,
uma estrela surge!
PRIMEIRO
SETOR
Todo amor é
possível, sonhar só é preciso... sonhando... apresentamos o 1º setor:
Assim era
na Grécia:
Nos cultos
ao Deus Dionísio, os rituais eram procissões à volta de um altar onde os
bacantes dançavam freneticamente até chegarem ao êxtase para se
entregarem ao Deus Bode, rei da orgia. Nesses rituais, o delírio fazia a
todos cantarem e dançarem. Deste culto, surgiu o teatro clássico, ou
seja, das famosas dioniséias, surgiu a tragédia grega. Do êxtase, do
delírio e do encantamento, o homem passou a analisar o homem.
Assim era
em Roma:
Da tradição
grega da tragédia, os romanos perpetuaram a comédia, gênero que mais
admiravam.
Ainda hoje
permanecem presentes estas duas tendências clássicas do teatro moderno:
drama e comédia. Nesse enredo, homenageia-se à caráter, a civilização
grega e romana, início desse sonho encantado.
SEGUNDO
SETOR
Empenhados
em homenagear as dioniséias contemporâneas (saturnais e noites
caricaturais), apresentamos o segundo setor do enredo.
O teatro
faz-se também de caras e bocas.
Na máscara
está o homem; seja ele alegre ou triste. Desde que existiu, o homem vive
dramas, faz comédias, diverte-se e cria sua própria corte. Já foi
cortês. Nas cortes imperiais, havia espetáculos diversos, sempre
animados por artistas variados e aplaudidos pelo coringa, que tudo fazia
para agradar o seu protetor-mor. O teatro francês com tudo se fez. O
coringa ainda é coringa. Ontem e hoje a todos regala com seus gestos de
opala.
TERCEIRO
SETOR
Nesse sonho,
há uma corte idealizada: a corte noturna.
Ah! Se o
tempo voltasse!
Num toque de
mágica, uma fada imaginária torna a corte encantada e a rainha
endeusada.
Lilian, uma
estrela criança. Uma criança que sonha. À noite, a magia se fantasia e
bruxos e bruxas saem às ruas. Palhaços abrem alas para que pequenos
budas se transformem em pássaros. O Gato de Botas a todos encanta. A
Cinderela ao povo acalanta. Fadas e mosqueteiros perpetuam o sonho.
Real? Não: fenomenal.
QUARTO
SETOR
O poderio
Mas como nem
tudo são noites teatrais, sonhos saturnais ou lembranças infantis,
apresentamos o 4º setor, para ilustrar e bem mostrar as faces da noite.
Há muito
dinheiro, afinal tudo nesse enredo tem um quê de colossal!
Aqui, gente
bonita e bem vestida só depois da meia-noite. Na rainha se espelha a
fina flor da sociedade. Rainha-noite, rainha-lua, rainhas nuas.
Champanha e black-tie. Sensualidade e liberdade. Tudo são ingredientes
do espetáculo oferecido nas casas noturnas, onde bacantes atuais atuam
nas saturnais. Em gafieiras se transformam nas Madonas brasileiras. Há
Rock'n Roll e "for all" (forró). Tudo dá pagode se o assunto é o dote
($).
Seguindo a
tradição, rumbeiras se apresentam junto à Carmen Miranda e há muita
badalação.
Além da
apoteose das casas noturnas, há as casas de bingo, onde rola o "vil
metal" que enche os bolsos mais variados. Olha o bolso do assalariado!
Um brinde ao empresariado! Ao circuito fechado do prazer! Pois nele
tem-se que beber e comer, porque todo banquete é de gala e por isso nele
ninguém se entala!
QUINTO
SETOR
Curto-circuito, black-out e prazer.
A sedução
não tem coração. As casas noturnas são muita curtição!
Lindas
gueixas fazem realidade qualquer sonho e proporcionam o desejo pelo
desejo.
De bar em
bar cenas se transformam. De show em show sempre há um " "! Shows
eróticos enlouquecem homens enfeitiçados.
"Drag Queens"
ironizam com humor e frivolidades. O high society aplaude! Exibem grifes
famosas! Exalam perfumes franceses e deslumbram-se todos a três pedras
no paladar do puro escocês. Viver é como vive o inglês!
SEXTO
SETOR
Viva! "Down,
down, down no High Society..."
Aqui se
apresenta a roda viva do amor, do luxo, do flerte, das amizades e da
boêmia em geral. São o circo da noite. O picadeira do dinheiro. Luzes e
platéia. Show e show e show!
SÉTIMO
SETOR
As mil e uma
noites de uma mercadora de iulusão.
E de
história em história, a fada, a menina transformou. Ao fazer "plim-plim",
seu sonho realizou.
E em noite a
menina se tornou. Ou em mil e uma noites, pois afinal nos mais
brilhantes panos ela vem se lendo e relendo.
O sonho,
hoje realizado, é o canto da Cinderela. Assim caminhou Lílian Gonçalves!
|