ABERTURA - SÍNTESE
A São Lucas tem a honra de cantar este
poeta que deu uma nova visão à São Paulo em todos os aspectos, através
da sua musicalidade. Em sua rica existência prova que aqui é a terra do
trabalho, da boemia e do samba também, com certeza muitos cantaram São
Paulo, mas o nosso poeta criou um linguajar próprio para exaltar o
cotidiano e a sua metrópole. Nossa agremiação nestes minutos
materializará em síntese a obra deste homem que carregado e guiado pelos
anjos do senhor deu cara nova à musicalidade paulistana.
TEXTO
A 6 de agosto de 1910, os anjos do céu
trazem para a Terra, João Rubinato. A família de imigrantes italianos
recebe o sétimo filho e as trombetas dos mensageiros do céu, soam forte
na cidade de Valinhos para receber aquele que mais tarde daria cara nova
ao samba paulistano. João viveu boa parte de sua infância em Jundiaí,
onde trabalhou muito como carregador na estrada de ferro São Paulo
Raways, hoje CPTM.
Aos 14 anos muda-se com a família para o
município de Santo André onde trabalhou como tecelão, encanador, pintor
e garçom, em 1927 aprende a profissão de ajustador no Liceu de Artes e
Ofícios. Nesta época compõe seus primeiros sambas.
Em 32 chega de mudança para a capital de
todos os paulistas e vai se empregar na 25 de Março como vendedor de
tecidos. Inquieto, sempre em busca de novidades, participa de vários
concursos de calouros até que em 33 passa no teste na rádio Cruzeiro do
Sul, cantando o samba Filosofia de Noel Rosa, sua estrela começa a
brilhar e é convidado por Paraguaçu para atuar como cantor. Em 35 ganha
o primeiro lugar no concurso de músicas carnavalescas promovido pela
prefeitura de São Paulo, nesta ocasião passar a usar o pseudônimo
Adoniran Barbosa, a partir daí parte definitivamente para a carreira
artística, apresentando seu trabalho por várias emissoras de rádio.
O poeta paulista tinha vários parceiros,
mas em 41 conhece na Rádio Record Osvaldo Moles, escritor que
investiu muito no desenvolvimento do talento de Adoniran, introduzindo-o
em vários programas, criando personagens e escrevendo textos que seriam
magistralmente interpretados pelo também ator, Adoniran.
De 1940 à 72, permanece na Record, se
notabilizando como radio-ator cômico levando seus programas a liderança
da audiência. Em 1949 Adoniran casa-se pela segunda vez, Mathilde de
Luttis seria sua musa e companheira até o fim de seus dias. O inquieto
foi corinthiano fervoroso, amante do futebol, fundou o primeiro time de
dente de leite, Barbosinha Futebol Clube.
Sempre crescendo em criatividade e na
musicalidade deu cara nova ao samba paulistano com Saudosa Maloca, as
Mariposas, Samba do Arnesto, teve como grande mensageiros de sua música
o conjunto Demônios da Garoa, e sua arte foi imortalizada na voz de Elis
Regina, Alcione, Beth Carvalho, Carlinhos Vergueiro entre outros.
Foi vencedor do concurso do Quarto
Centenário da Cidade do Rio de Janeiro com o samba Trem das Onze, que
muitos cantores e conjuntos gravaram pelo nosso Brasil. Recebeu muitos
prêmios pela sua obra, dentre eles o "Roquete Pinto" simbolizado por um
papagaio, o Oscar Brasileiro. Emprestou seu talento ao cinema através de
sua participação em "O Cangaceiro", "Carrocinha", "Bruma Seca", também
na extinta TV Tupi atuou nas novelas "Mulheres de Areia", "Os
Inocentes", "Ovelha Negra", "Xeque Mate", brilhante, jóia rara do nosso
cenário artístico, nunca deixou de trabalhar, levou para o circo,
"História das Malocas", seu grande sucesso no rádio.
Este poeta de voz roca, linguajar próprio,
rico em suas expressões, cômico, crítico, mas sincero ao cantar o Brás,
a Mooca, o Bexiga, enfim a Paulicéia da Garoa, uma cidade que ganhou
mais importância artística cultural depois da passagem do nosso grande
poeta boêmio que nesta noite madrugada a São Lucas com muito amor e
orgulho, traz a sua comunidade pra cantar com a força dos anjos de Deus
"Você Adoniran".
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