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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.S.E.S. UNIDOS DE SÃO LUCAS - CARNAVAL 1998
Enredo: Morei, Habitei... Por Este Mundo Passei!

O Grêmio Recreativo
Autores: Plínio Loiola Batista e Vicente Trambolho

 

Quando o ser humano nasce, há uma grande ruptura, pois ele deixa a proteção do aconchegante ventre materno e desabrocha para o mundo exterior, tendo que lutar contra as hostilidades da vida. Ainda pequeno conta com o amparo e dedicação da mãe, que o embala, que o alimenta, que o protege de toda sorte de perigo. Mas com o passar do tempo, o ser humano depara-se com a dura realidade, passando a procurar um abrigo próprio.

O homem é um ser frágil, que utiliza seu raciocínio para defender-se e para sobreviver, e isto, o difere dos outros animais, pois busca adaptar-se aos locais onde constroem ou estabelecem suas moradas.

A humanidade inicia sua jornada, simplesmente ocupando as cavernas já existentes na natureza. Os trogloditas, são os primeiros inquilinos a fixarem moradias. Pouco depois, pela escassez de cavernas (o problema de "sem tetos" é antigo), passaram a criar ferramentas, armas e utensílios para caçarem, para protegerem e para escavarem e estabelecer suas próprias habitações.

Antigamente os continentes eram cobertos por vastas vegetações, os povos primitivos, acompanhavam as rotas das manadas e animais silvestres. Viviam da pesca ou da caça e da coleta de folhas, frutos, raízes, ovos e mel que eventualmente achavam pelo caminho. Quando a caça tornava-se abundante, eram construídos abrigos temporários, utilizando-se de ramos, juncos, madeiras, peles, pedras e barro, dando origem a arte da construção, a arquitetura.

Com o tempo, o homem aprendeu a semear e a cultivar alimentos. Ao observar os animais como as tartarugas ou caramujos que possuem "residências próprias e animais que também constroem seus abrigos e casas, como os castores, abelhas e pássaros, em especial o João-de-barro o "pedreiro da floresta", o homem passou a elaborar e criar novas moradas, a trabalhar em grupo e desenvolveu técnicas de armazenagens, não sendo mais preciso sair a procura de provisões. Desta forma passando a estabelecer uma residência fixa.

Na Idade da Pedra, além do barro, pedra e areia que serviam basicamente para erguer e construir cabanas, palafitas (casas suspensas) e residências em árvores (povos arborícolas), havia a utilização de novos materiais alternativos como os metais e resinas e a preocupação de fazer divisões (cômodos), com fins específicos para dormir, cozinhar ou armazenar.

Nas margens dos rios, surgem sofisticadas construções que espalham-se pelo mundo, dando origem às grandes cidades. Rio Amarelo, Nilo, Tigre e Eufrates foram berços de grandes culturas e civilizações. Pelo Oriente, Ásia e Europa o desenvolvimento arquitetônico foi imenso. Chineses, Egípcios, Gregos e os Romanos construíram habitações memoráveis, cujas ruínas ainda resistem ao tempo, revelando, que nesta época, já existiam quintais, jardins, telhados com telhas recambiáveis, água encanada entre outras benfeitorias.

Na Idade Média, foram erguidas grandes residências senhorais e reais fortificadas, que geralmente eram construídos no ponto mais elevado de uma região e compreendiam essencialmente em espessas muralhas e altas torres. Ao redor destes castelos, onde moravam reis ou senhores feudais, aglomeravam-se em simples casas os súditos ou vassalos, originando os burgos, pequenas aldeias de comerciantes e artesãos.

Cada povo de acordo com sua região, condição climáticas, conhecimentos tecnológicos e materiais de que dispunham, procuravam desenvolver moradias que satisfaziam suas necessidades básicas de vida.

Os Beduínos, povo árabe de estilo nômade, que convivem com o clima quente e seco durante o dia e as baixas temperaturas das noites frias do deserto, em tendas multicoloridas, vivem próximos aos Oásis, com grande luxo e riquezas.

Os Esquimós, habitantes das regiões geladas do Ártico, Groenlândia e Alasca. Vivem em condições difíceis, morando em casas feitas de placas de gelos, conhecidos como iglus.

Os Ciganos, povo errante de origem incerta, envolvidos entre mistérios e magias, que normalmente vivem em carroças e que viajam em grandes caravanas.

Os índios, naturais das Três Américas, construíram habitações distintas: Na América do Norte, cabanas em forma de cone feitas de madeiras e peles animais. Na América Central, os Incas, Maias e Astecas construíram grandes palácios e pirâmides, feitas de pedras e com alto grau de conhecimento arquitetônico. Na América do Sul, os índios vivem em ocas que são feitas basicamente de ramos, madeiras e folhas de árvores.

No Brasil, foram construídas vários tipos de habitações, ocas, choupanas, palafitas, sobrados, palácios e edifícios, feitos dos mais diversos materiais, e nas regiões rurais, ainda encontram-se casas feitas de barro ou sapé.

Vindos da África, longe da liberdade de seus lares, os negros sofriam a amargura da escravidão entre as paredes das senzalas. Cansados de tantas agruras e tratamentos desumanos, os escravos fugiram para as matas, da onde surgiram os Quilombos, fortalezas que relembravam seu estilo de vida, nas aldeias africanas.

Com o progresso da Engenharia Civil e Arquitetura, surgiram vários edifícios e construções vultuosas que dominam e prevalecem nas paisagens urbanas. O desenvolvimento e crescimento acelerado das grandes cidades, acarretou num desequilíbrio social, onde é possível perceber o enorme contraste dos luxuosos prédios de apartamentos, com suas belas fachadas, com as favelas, cortiços e com pessoas que improvisam "moradas" sob viadutos e marquises de edifícios.

Apesar desta desigualdades, o homem segue em frente, na busca de conforto e bem estar, para satisfazer sempre suas necessidades. Em qualquer que seja sua crença ou religião, ele sabe que está neste mundo de passagem, assim como veio também irá deixá-lo. Cemitérios, necrópoles, pirâmides ou mausoléus, são obras realizadas para serem a última morada, onde descansará eternamente ou aguardará por uma nova vida.

Mas enquanto este dia não chega, a São Lucas, vem para o Pólo Cultural do Anhembi, onde o samba faz sua morada, cantando:

Morei, Habitei... Por este Mundo Passei!

 


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