Quando o ser humano
nasce, há uma grande ruptura, pois ele deixa a
proteção do aconchegante ventre materno e desabrocha
para o mundo exterior, tendo que lutar contra as
hostilidades da vida. Ainda pequeno conta com o
amparo e dedicação da mãe, que o embala, que o
alimenta, que o protege de toda sorte de perigo. Mas
com o passar do tempo, o ser humano depara-se com a
dura realidade, passando a procurar um abrigo
próprio.
O homem é um ser
frágil, que utiliza seu raciocínio para defender-se
e para sobreviver, e isto, o difere dos outros
animais, pois busca adaptar-se aos locais onde
constroem ou estabelecem suas moradas.
A humanidade inicia
sua jornada, simplesmente ocupando as cavernas já
existentes na natureza. Os trogloditas, são os
primeiros inquilinos a fixarem moradias. Pouco
depois, pela escassez de cavernas (o problema de
"sem tetos" é antigo), passaram a criar ferramentas,
armas e utensílios para caçarem, para protegerem e
para escavarem e estabelecer suas próprias
habitações.
Antigamente os
continentes eram cobertos por vastas vegetações, os
povos primitivos, acompanhavam as rotas das manadas
e animais silvestres. Viviam da pesca ou da caça e
da coleta de folhas, frutos, raízes, ovos e mel que
eventualmente achavam pelo caminho. Quando a caça
tornava-se abundante, eram construídos abrigos
temporários, utilizando-se de ramos, juncos,
madeiras, peles, pedras e barro, dando origem a arte
da construção, a arquitetura.
Com o tempo, o homem
aprendeu a semear e a cultivar alimentos. Ao
observar os animais como as tartarugas ou caramujos
que possuem "residências próprias e animais que
também constroem seus abrigos e casas, como os
castores, abelhas e pássaros, em especial o
João-de-barro o "pedreiro da floresta", o homem
passou a elaborar e criar novas moradas, a trabalhar
em grupo e desenvolveu técnicas de armazenagens, não
sendo mais preciso sair a procura de provisões.
Desta forma passando a estabelecer uma residência
fixa.
Na Idade da Pedra,
além do barro, pedra e areia que serviam basicamente
para erguer e construir cabanas, palafitas (casas
suspensas) e residências em árvores (povos
arborícolas), havia a utilização de novos materiais
alternativos como os metais e resinas e a
preocupação de fazer divisões (cômodos), com fins
específicos para dormir, cozinhar ou armazenar.
Nas margens dos rios,
surgem sofisticadas construções que espalham-se pelo
mundo, dando origem às grandes cidades. Rio Amarelo,
Nilo, Tigre e Eufrates foram berços de grandes
culturas e civilizações. Pelo Oriente, Ásia e Europa
o desenvolvimento arquitetônico foi imenso.
Chineses, Egípcios, Gregos e os Romanos construíram
habitações memoráveis, cujas ruínas ainda resistem
ao tempo, revelando, que nesta época, já existiam
quintais, jardins, telhados com telhas recambiáveis,
água encanada entre outras benfeitorias.
Na Idade Média, foram
erguidas grandes residências senhorais e reais
fortificadas, que geralmente eram construídos no
ponto mais elevado de uma região e compreendiam
essencialmente em espessas muralhas e altas torres.
Ao redor destes castelos, onde moravam reis ou
senhores feudais, aglomeravam-se em simples casas os
súditos ou vassalos, originando os burgos, pequenas
aldeias de comerciantes e artesãos.
Cada povo de acordo
com sua região, condição climáticas, conhecimentos
tecnológicos e materiais de que dispunham,
procuravam desenvolver moradias que satisfaziam suas
necessidades básicas de vida.
Os Beduínos, povo
árabe de estilo nômade, que convivem com o clima
quente e seco durante o dia e as baixas temperaturas
das noites frias do deserto, em tendas
multicoloridas, vivem próximos aos Oásis, com grande
luxo e riquezas.
Os Esquimós,
habitantes das regiões geladas do Ártico,
Groenlândia e Alasca. Vivem em condições difíceis,
morando em casas feitas de placas de gelos,
conhecidos como iglus.
Os Ciganos, povo
errante de origem incerta, envolvidos entre
mistérios e magias, que normalmente vivem em
carroças e que viajam em grandes caravanas.
Os índios, naturais
das Três Américas, construíram habitações distintas:
Na América do Norte, cabanas em forma de cone feitas
de madeiras e peles animais. Na América Central, os
Incas, Maias e Astecas construíram grandes palácios
e pirâmides, feitas de pedras e com alto grau de
conhecimento arquitetônico. Na América do Sul, os
índios vivem em ocas que são feitas basicamente de
ramos, madeiras e folhas de árvores.
No Brasil, foram
construídas vários tipos de habitações, ocas,
choupanas, palafitas, sobrados, palácios e
edifícios, feitos dos mais diversos materiais, e nas
regiões rurais, ainda encontram-se casas feitas de
barro ou sapé.
Vindos da África,
longe da liberdade de seus lares, os negros sofriam
a amargura da escravidão entre as paredes das
senzalas. Cansados de tantas agruras e tratamentos
desumanos, os escravos fugiram para as matas, da
onde surgiram os Quilombos, fortalezas que
relembravam seu estilo de vida, nas aldeias
africanas.
Com o progresso da
Engenharia Civil e Arquitetura, surgiram vários
edifícios e construções vultuosas que dominam e
prevalecem nas paisagens urbanas. O desenvolvimento
e crescimento acelerado das grandes cidades,
acarretou num desequilíbrio social, onde é possível
perceber o enorme contraste dos luxuosos prédios de
apartamentos, com suas belas fachadas, com as
favelas, cortiços e com pessoas que improvisam
"moradas" sob viadutos e marquises de edifícios.
Apesar desta
desigualdades, o homem segue em frente, na busca de
conforto e bem estar, para satisfazer sempre suas
necessidades. Em qualquer que seja sua crença ou
religião, ele sabe que está neste mundo de passagem,
assim como veio também irá deixá-lo. Cemitérios,
necrópoles, pirâmides ou mausoléus, são obras
realizadas para serem a última morada, onde
descansará eternamente ou aguardará por uma nova
vida.
Mas enquanto este dia
não chega, a São Lucas, vem para o Pólo Cultural do
Anhembi, onde o samba faz sua morada, cantando:
Morei, Habitei... Por
este Mundo Passei!