INTRODUÇÃO
Nada é por acaso... na chegada de um novo
milênio, a Tom Maior recebe a incumbência de abrir o carnaval do novo
século, sendo a primeira escola a pisar na passarela do samba.
Portanto, mais uma vez, de forma inusitada
e moderna, com irreverência, poesia e magia a Tom Maior vem celebrar
este acontecimento, apresentando como tema enredo, toda a atmosfera de
aventura e explosão que marcou o início de nossa história... justamente
o período que compreende no Descobrimento do Brasil (1500-1520), motivo
principal das comemorações do V Centenário do País!
NAVEGAR É PRECISO...
Em meados do século XV, a "Escola de
Sagres" foi fundada pelo infante D. Henrique, de onde participavam
corajosa navegadores e os melhores cosmógrafos, cartógrafos, apaixonados
pelos mistério do mar, estudando o desconhecido e traçando caminhos,
contribuindo para incrementar a expansão marítima européia. Com a face
voltada para o mar, num momento de profundas crises econômicas, Portugal
soube evitar o naufrágio que sugava vários reinos na decadência do
feudalismo, sua única saída no entanto, era um oceano imenso e
desconhecido, que o imaginário povoava com monstros e serpentes
marinhas, sereias e mitos, pois acreditavam serem as tormentas a fúria
de Netuno lançada ao mar através de raios. Portugal precisava navegar
para sobreviver, e lançou-se ao Mar Tenebroso, como chamavam o Oceano
Atlântico, com uma habilidade que o colocou na frente de outros povos,
dominando com suas velas e instrumentos de navegação, os céus e os mares
das costas litorâneas da África, chegando à América e às Índias.
Assim, nas figuras de Bartolomeu Dias,
Vasco da Gama e Cristóvão Colombo, lembramos a disputa pelo melhor
caminho para atingir às Índias, verdadeiro celeiro das cobiçadas
"especiarias" do Oriente, enfrentando a fúria dos oceanos, o "Cabo das
Tormentas", transformando posteriormente em "Cabo da Boa Esperança", e a
descoberta da América que abriu as fronteiras do mundo até então,
desconhecido para os europeus. E assim foi possível ao Brasil, em 1.500,
também passar a fazer parte da história da humanidade, no período
conhecido como Idade Moderna, pois o almirante Pedro Álvares Cabral foi
nomeado pelo rei para concluir a missão de Vasco da Gama nas Índias.
TERRA À VISTA
Partindo do porto de Rasteio em Portugal,
à 09 de março, o rei de Portugal confiou a Pedro Álvares Cabral uma
grande e imponente esquadra, composta por treze embarcações e
aproximadamente 1.500 homens. A expedição era enorme, porque seu
principal objetivo era organizar o comércio com a região das Índias.
Alguns homens notáveis compunham a
esquadra, como Bartolomeu Dias, Frei Henrique Soares de Coimbra, Pero
Vaz de Caminha, João de Sá, entre outros.
O esplendor das despedidas correspondia à
importância do evento e nestas cerimônias usavam-se o luto por
acreditarem que ao enfrentar os mistérios do mar, poderiam não voltar
com vida das expedições.
Durante a viagem, ao afastar-se do
continente africano, a frota passou a navegar apenas a sudoeste, à
procura de terras onde pudessem descansar e reabastecer as caravelas.
Cinco dias após a partida, foi avistada uma das Ilhas Canárias, onde, em
virtude da calmaria, a esquadra ficou retida. Isto fez com que Cabral
sentisse a necessidade de manter-se afastado da costa, como constava de
suas ordens e foi seguindo então viagem, afastando-se cada vez mais da
costa africana sem maiores incidentes.
No dia 21 de abril. surgiram os primeiros
sinais de terra próxima: algumas algas marinhas e emaranhados de ervas
compridas a que os mareantes davam o nome de rabo-de-asno, surgiram
flutuando ao lado das naus. Aves de arribação, os fura-buchos, uma
espécie de gaivota que rompia o silêncio dos mares e dos céus,
reafirmando a certeza de que a terra se encontrava próxima.
Ao entardecer do dia 22 de abril, após 44
dias de viagem, a frota vislumbrava terra, mais com alívio e prazer do
que com surpresa ou espanto... avistaram um monte muito alto e por
estarem na semana de Páscoa, o chamaram de Monte Pascoal, e à terra o
nome de Vera Cruz.
O primeiro contato, amistoso como os
demais, deu-se já no dia seguinte, promovendo pacificamente o encontro
entre duas humanidade distintas; os Tupiniquins donos da terra
encontrada, batizados de índios, e os homens brancos, descobridores de
Pindorama, nome que até então os índios usavam para chamar sua terra. Ao
irem à terra, em um batel, depararam com 18 homens pardos, nus, com
arcos e setas nas mãos... o capitão Nicolau Coelho fez sinal que
pousassem os mesmo e deu-lhes um gorro vermelho, uma carapuça de linho e
um sombreiro preto, em troca, recebeu um cocar de penas de aves
compridas com uma copazinha pequena de penas vermelhas e pardas como de
papagaio e um colar de contas brancas, e sua comunicação se dava por
sinais. O Brasil, batizado Ilha de Vera Cruz, entrava naquele instante,
no curso da história.
A CERTIDÃO DE NASCIMENTO DA NAÇÃO
O descobrimento oficial do país está
registrado com minúcia em 27 páginas. Poucas são as nações que possuem
uma "certidão de nascimento" tão precisa e fluente quanto a carta que
Pero Vaz de Caminha enviou ao rei de Portugal, Dom Manuel, relatando o "achamento"
da nova terra, terra pela qual ainda demorariam cerca de meio século
para se interessarem de fato.
Muitos dos acontecimentos que descrevemos
a seguir constam do relato da carta, enfocando principalmente a beleza
física e a inocência dos nativos, muito asseados e saudáveis, de cabelos
corredios e tosqueados, de corpos tingidos com uma mistura bastante
avermelhada, que nem na água desbotava, os quais ficavam maravilhados
com os presentes que recebiam dos homens brancos, dando-lhes em troca
seus pertences primitivos.
Consta também da carta, a visão que os
portugueses tiveram da natureza deslumbrante do mundo tropical: muita
água boa, terra fértil onde sabendo-se aproveitar tudo dá; ar puro e
saudável, palmeiras em abundância com muitos bons palmitos, vegetação
vasta com infinidade de espécies, abundância de papagaios coloridos,
flores, raízes, sementes e frutos e muitas árvores do pau-brasil da Mata
Atlântica.
Auxiliados pelos índios, os portugueses
providenciaram a construção de uma grande cruz de madeira de pau-brasil,
simbolizando a posse da terra.
No dia 26 de abril, Frei Henrique Soares
rezou a primeira missa na nova terra, que marcou decisivamente o futuro
destas duas humanidades tão diferentes que se encontravam, e após a
missa houve uma reunião na qual ficou decidido que seriam enviadas
notícias ao rei por intermédio do navio de mantimentos.
Ao longo dos aproximados dez dias que
passou no Brasil, a armada de Cabral tomou contato com cerca de 500
nativos, dias estes de muito trabalho, reservados ao corte de lenha,
para a redistribuição da carga e para o carregamento de água.
A EXPLORAÇÃO
Neste início, Portugal pouco se preocupou
com o Brasil. As terras descobertas por Cabral pareciam oferecer um
único produto comercialmente aproveitável, que era o pau-brasil,
empresta-lhe até o nome, vencendo piedosas propostas de Cabral (Vera
Cruz) e Manoel I (Santa Cruz) madeira esta avermelhada que servia para
fabricar móveis e navios, como também fabricar tinta para tecidos.
Os índios derrubam, serram, racham e
carregam o pau-brasil, destruindo assim o que Deus plantou, em troca de
facas, machados, espelhos e quinquilharias, em regime de escambo.
Apontamos assim o sentido das relações que
Portugal estabeleceu com esta terra e que revelam desde o início, a
importância internacional que o Brasil passa a ter: a extração de
"pau-brasil" da Mata Atlântica, através de inúmeras expedições
exploradoras e de reconhecimento nas duas primeiras décadas,
representando uma importante fonte de matéria prima para a fabricação de
tinta para a nascente indústria têxtil européia.
A exploração aumenta porque o Brasil tem
muitas fontes de matéria-prima, sendo ele a principal deste carnaval...
Mas isto é uma outra história...
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