Nunca Pare de Sonhar
(Gonzaguinha)
Ontem um menino que
brincava me falou
Hoje é semente do amanhã
Para não ter medo que este tempo vai passar
Não se desespere, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs
Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar
Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será
A vida se manifesta
através de vários sentimentos, nas várias etapas de
existência do ser humano.
Para a realização
plena é necessário que todo ser humano viva com
muita intensidade todas as etapas de sua existência,
desenvolvendo, acumulando e, muitas vezes, superando
seus próprios sentimentos em cada uma destas etapas.
A realização pessoal
na vida de qualquer ser humano está diretamente
ligada ao modo como encara seus medos, que podem se
tornar um grande mal na vida, capaz de inibir e
abalar os mais belos momentos da existência humana.
Medo é um sentimento
de profunda inquietação ante a ameaça de um perigo
real ou imaginário, podendo se manifestar através de
susto, pavor, temor, pânico, espanto ou terror.
Como todo sentimento,
nem sempre conseguimos controlá-lo, às vezes, ele
toma conta dos nossos sentidos e até mesmo de nosso
corpo, causando muitos males e sensações estranhas
caracterizando verdadeiras "fobias" provenientes de
traumas, abalos e sofrimentos ocorridos em alguma
"passagem" de nossas vidas.
Controlar, vencer e
até mesmo não sentir medo faz parte da busca
incessante de felicidade e, é nesse sentido que Tom
Maior apresenta de maneira descontraída, neste
carnaval, os medos mais freqüentes que ocorrem em
cada etapa da existência do ser humano, contribuindo
para desmistificá-los, mostrando que podemos e
devemos vencê-los, para vivermos em paz, sem medo de
ser feliz, cultivando a própria vida, porque a vida
continua...
O enredo que a Tom
Maior vem mostrar neste Carnaval se baseia numa
interpretação positiva dos aspectos envolvidos no
tema escolhido, iniciando seu desfile convidando a
todos para pensar a alegria de viver, expressando o
espírito maior deste nosso Carnaval, que é um elogio
à vida, lembrando que esta é o bem maior de todo ser
humano que, portanto, devemos "caminhar" sem medo da
vida, respeitando-a desde seu surgimento.
As alas e alegorias da
Tom Maior estão organizadas para lembrar que devemos
viver sem medo em todas as fases de desenvolvimento
de nossas vidas, isto é, na infância, na
adolescência, na maturidade e na velhice.
Consideramos que até
de nascer o ser humano tem medo... talvez, devido ao
fato de perder o conforto e a comodidade de estar
seguro no ventre materno, o ser humano tem, ao
nascer, de encarar a vida que o espera, trazido pela
cegonha para o mundo. A partir daí, todas as
crianças acaba, alimentando e reproduzindo, desde
muito pequenos, medos muito comuns como medo do
escuro, da assombração, do bicho papão, do homem do
saco e até medo de aprender, quando tem de ir para a
Escola e, muitas vezes, sentem-se inseguros ao ter
de enfrentar esta primeira grande experiência em
sociedade, longe dos traços familiares...
Na infância, também,
ocorre o medo fascinante em se poder "viajar" no
trem fantasma de algum parque de diversões... que em
geral seguindo tradições orais populares, alimenta
um imaginário repleto de emoções só em se pensar que
podemos nos deparar com o Drácula, o Lobisomem,
abóboras iluminadas que vêem e sorriem, caveiras, a
mula sem cabeça, o boi da cara preta, personagens
que habitam as histórias que ouvimos ao pé da
cadeira da vovó.
Passada a infância, o
ser humano começa a tomar consciência da vida que o
espera e aí na adolescência surgem, então, "os
grilos" próprios desta etapa de grandes
transformações para todos, quando a realidade do
mundo tem de ser enfrentada porque a sociedade passa
a fazer "cobranças" e muitas imposições... Ocorrem
atritos com os amigos, com o primeiro namoro aparece
a força de Cupido, o medo do 1º amor, com o primeiro
beijo o medo do sexo... as incertezas sobre como
agir na cama, no Motel, na habilidade com
camisinhas... e ainda tem de pensar, muitas vezes,
no primeiro emprego também.
O adolescente receia a
falta de compreensão para seus anseios e dúvidas, e
a incompreensão de seus sentimentos e necessidades
perante a vida fazer surgir o medo do tempo que
começa a voar mais rápido do que um avião... A
juventude acaba se rebelando para chamar a atenção
dos mais velhos para suas necessidades pois, imagina
que perdeu as atenções por ter deixado de ser
criança, e passa a demonstrar que não tem medo dos
esportes radicais que envolvem velocidade e perigos,
abusando, muitas vezes, das autoridades familiares e
sociais, tendo de se comportar como um verdadeiro
super-herói, procurando superar seus verdadeiros
pânicos em relação à realidade de viver em sociedade
que exige disciplina, rotina, serviço militar,
vestibular, com o relógio sempre apontando a hora
que deve ser cumprida...
Quando adulto, o ser
humano precisa adaptar-se às responsabilidades de
criar e sustentar uma família e orientar seus
filhos... e até mesmo conseguir realizar um bom
casamento. O dia-a-dia traz consigo o medo da
violência e a necessidade de viver num mundo de
paz... O medo aumenta com a possibilidade do
desemprego e dificuldades para dar conforto e
segurança para os entes queridos. E o medo de não
conseguir construir bens patrimoniais de forma a
garantir moradia, saúde, alimentação, diversão?
Tantos medos... mas sempre existe a esperança porque
a vida continua...
Com o passar do tempo,
o ser humano vai em busca da fonte da juventude, e
quando atinge a 3ª Idade começa a ter medo do fim,
mas compreende a grandeza da vida e passa a não ter
medo de ser feliz, alcançando com a experiência da
vida o caminho do bem ,povoado de anjos que o
afastam dos demônios do caminhos do mal, evitando a
solidão e o abandono. Na velhice, o ser humano pode
atingir sua realização plena pois percebe que a vida
continua, assim como os girassóis semeiam os campos,
os homens podem semear solidariedade, amizade,
carinho, substituindo todas as fobias pela euforia
de se realizar plenamente, sem medo de nascer,
crescer, viver e morrer...