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::.. SINOPSE DO ENREDO ..::
G.R.C.E.S. NENÊ DE VILA MATILDE - CARNAVAL 2000
Enredo: Porque me Orgulho de ser Brasileiro - A Era Vargas

O Grêmio Recreativo
Autor:

 

A Era Vargas é um período da história do Brasil que se inicia em 1930, como uma revolução que coloca no poder um homem gaúcho, Getúlio Vargas figura humana incomum, cujo trabalho mudou a cara deste país. Entre erros e acertos criou um clima e expectativa positiva entre os humildes, uma decepção para os antigos donos do poder, para as mentes mais pensantes, um caminho privilegiado para o nascente povo empresariado, um controle intenso sobre trabalhadores e sindicatos, um fechamento de nossa economia ao capital internacional, enfim enviou os mecanismos de transformação em todos os aspectos da vida desta nação.

Para atender melhor este período é necessário compreender como era o Brasil, nos anos 30. A Era Vargas.

Após a proclamação da república e com o "fim" da escravidão negra. A sociedade brasileira ainda conservava aparência rural. Mais de 80% da população trabalhava nas lavouras e a economia brasileira baseava-se na exportação de produtos agrícolas. Principalmente das lavouras cafeeiras (café, o ouro negro). Uma pequena elite, branca dominava a política, a economia enfim, a vida social. Mas, com a presença dos imigrantes e suas pequenas indústrias de fundo de quintal, o perfil da cidade começou a mudar. A urbanização e o surgimento dos profissionais liberais, médicos, professores e comerciantes provocam mudanças significativas no cotidiano das cidade e uma nova ordem começa ser cobrada pelas pessoas mais conscientes e/ou descontentes.

Além disso em 1929, houve a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que provocou uma recessão mundial. O preço do café começava a despencar, no mercado mundial. E juntamente, despencava-se também, em parte o poder das elites agrárias, riscando a arrogância dos poderosos coronéis, donos das grandes fazendas, latifundiários.

As elites agrário - exportadoras se mantinham no poder através de um rígido controle sobre os votos e as eleições. O voto era aberto não era secreto, e os coronéis controlavam todo eleitorado e se mesmo assim correrem o risco de serem derrotados recorriam a fraude para reverter as derrotas, tudo descaradamente.

Esse período é concluído com "coronelismo", ou do "voto cabresto".

Nesta época São Paulo e Minas Gerais revezavam-se no poder presidencial, isto é, pois um presidente da república paulista sucedia um mineiro e assim por diante. Esse período chamou-se "Política Café com Leite". Em todo o país houve um clima de revolta combinando ao descontentamento da nova classe social então nascentes, provocou a aceleração no golpe que colocou Getúlio no poder. Iniciava-se a Era Vargas.

Através de um golpe militar, em outubro de 1930 Getúlio Vargas tomava o poder político na condição de reorganizar a nação e devolver-lhe a honestidade e a dignidade, tão ignorada pelos coronéis. Talvez nem pretendesse ficar muito tempo no poder.

Nem todos concordavam. Estudante protestavam, antigas elites preparavam uma contra-revolução em nome da legalidade. Houve perseguição, prisões e até mesmo batalhas. Em 1932 São Paulo lidera a Revolução Constitucionalista, mas, é derrotado, Getúlio Vargas permanece no poder.

Getúlio continua com a queima de grandes estoques de café para diminuir a oferta, e, desta forma garantiu os preços do produto no mercado internacional. Pública o Código Eleitoral, estabelecendo o voto secreto e o voto feminino. Diminui a jornada de trabalho para oito horas, antes era de 12, 14 e até 16 horas diárias. O povo humilde gosta e não é sem razão. Muita coisa passa a mudar a partir de 32.

Fascistas, comunistas, integralistas, anarco-sindicalistas, oportunistas, estudantes, oligúrias, imigrantes, palhaços e balconistas degladiam-se por espaços políticos. Ora com mão de ferro, ora soprando as feridas, ora seduzindo, Getúlio move sua engenharia política de vai e vem. Em 1937, Vargas dá um golpe dentro do golpe e implanta o Estado Novo, período ditatorial que vai até 1945, que também termina com um outro golpe, mas isso é uma outra história.

Líderes de direita e de esquerda são presos, além de escritores, jornalistas e outros formadores de opinião. Mas inúmeras manifestações encobrem os desmandos do ditador. Em 1938, criou-se a UNE (União Nacional dos Estudantes). Em 1939, foi criado o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), cuja função era criar na população uma imagem simpática para o momento que se vivia e também para valorizar a figura do presidente como "pai dos pobres". Em 1940, é decretada a "Lei do Salário Mínimo", um avanço significativo nas conquistas dos trabalhadores. Os desfiles militares, estudantis e as paradas cívicas se multiplicam, criando um clima de satisfação e otimismo, fortalecendo a auto-estima do brasileiro. A imagem de Getúlio Vargas passa a figurar ao lado de Nossa Senhora Aparecida, ou da imagem de Padre Cícero ou ao lado de crucifixos. O retrato de Vargas está definitivamente pregados nas paredes. O clima é de euforia e alegria. Os descontentes se emudeceram.

O Festival de bandeiras verdes e amarelas colorem os sonhos de juventudes, a musicalidade ganha novo alento com o rádio, com o surgimento de seus ídolos, os shows dos cassinos, o teatro de rebolado, os estádios cheios de futebol, a industrialização, o progresso, o futuro parecia presente. Do DIP e das verdades o Brasil tinha um novo rosto. Urbanizava-se em tudo. O cinema, os concertos nas praças, o realejo, o lambe-lambe. A modernidade chegou.

Em 1941 fundava-se a Companhia Siderúrgica Nacional e então iniciava-se as bases para a industrialização. Um cheirinho de riqueza voava pelos ares. A presença Norte Americana já notada. Zé Carioca, Carmem Miranda e o Bando da Lua. Nada é independente, o aço produzido e as guerras parecem se completar. O Brasil em 1942, entra na Segunda Guerra Mundial, após ter alguns de seus navios afundados por submarinos alemães e, também, por pressão "ianque". Forró ripa na xulipa e baitolas são algumas das expressões que se incorporam ao vocabulário tupiniquim.

Mas, as mudanças internas continuam.

Em 1943 é promulgada a C.L.T. (Consolidação das Leis Trabalhistas) e os desfiles e exemplos da pujança brasileira ainda ocupam os notários.

Em 1944, soldados brasileiros embarcam para a Itália, Monte Castelo, FEB, Monte Cassino, Sent a Pua, e a "Cobra Vai Fumar", caracterizam a voz do mundo dos aliados. O Brasil, ainda que modestamente, interfere no cenário mundial, lutando contra as ditaduras de fora. Lá fora Getúlio e o Brasil são vencedores.

Aqui, os ecos abalam o poder. Em 1945 os presos políticos são anistiados, o exercito se veste de potência e Getúlio é devolvido ao "Rio Grande do Sul". Deposto, volta ao chifrarão, as bombachas, os cavalos. É o outono caudilho.

No período pós guerra, de 1945 à 1950 seu sucessor General Eurico Gaspar Dutra, pouco alterna na política sócio econômica continua a cometer erros, devido a sua pouca experiência democrática, mas, a nação continua em seu clima de euforia.

Maracanã, futebol, clima de copa, regados a cerveja e um bom samba. Os mesmos militares que derrubam Getúlio começam a apoiar a volta do gaúcho de São Borja, só que agora em novas regras "voltando nos braços do povo", Getúlio ganha as eleições com alguma folga. "Bota o retrato do velhinho outra vez, bota no mesmo lugar o sorriso do velhinho faz a gente trabalhar", essa era uma das marchinhas do Carnaval de 1951. Era a primeira vez, na história do mundo, que um ex-ditador era eleito pelo voto direto.

Getúlio vinha para resgatar a auto-estima de um povo que há pouco tinha sido ferido em pleno Maracanã.

 


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